21.1.14

Rodrigo já é o mais decisivo do Benfica

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É um jogador de quem já venho falando há algum tempo, muito pelo contributo positivo que me parece ter dado quase sempre que foi utilizado. Se alguns dos meus pontos de opinião sobre Rodrigo são motivos de discórdia, há um que não levanta grandes dúvidas e que tem a ver com a crescente influência decisiva do jogador. Com os dois golos marcados ao Marítimo, Rodrigo passou mesmo a ser o jogador mais influente em termos de contribuição directa nos golos da equipa (se excluirmos, como sempre faço, as grande-penalidades). De sublinhar ainda o facto o número de minutos que Rodrigo precisou para atingir este estatuto, sendo que é inferior a qualquer dos jogadores que o seguem nesta lista específica.

A importância da mobilidade
Olhando com um pouco mais de detalhe para este percurso de sucesso do avançado espanhol, não há dúvidas de que o seu impacto positivo foi conseguido dentro de uma função com maior apelo à mobilidade. Pessoalmente, e não é a primeira vez que o refiro, tenho a opinião de que esta é a melhor forma de potenciar as características do jogador. Rodrigo não me parece ser um jogador com características especialmente fortes para se impor como presença muito fixa, oferecendo-se como referência permanente junto dos centrais adversários. Não é um jogador especialmente forte no jogo de contacto, nem tão pouco tem características que lhe possam oferecer grande vantagem num duelo directo e constante com os centrais (como acontece com Cardozo, por exemplo). Por outro lado, é um jogador que gosta de sair da sua zona, o que lhe permite retirar referência de marcação e aparecer em zonas de finalização num contexto mais favorável. Não quer isto dizer que tenha de jogar sempre com um avançado à sua frente mas, antes sim, que o seu futebol precisa de liberdade de movimentos para ser devidamente potenciado. Para já, e numa altura em que se fala da sua eventual saída, é importante sublinhar o papel que tem tido no recente sucesso da equipa, sendo que nenhuma outra solução conseguiu oferecer produtividade minimamente equiparável ao papel que vem desempenhando. Ou seja, e caso realmente saia, existe um risco desportivo que é evidente e não pode ser desprezado para o futuro imediato.

Frequência vs Eficiência: um caso interessante
Quem lê com alguma atenção as análises que venho deixando estará já familiarizado com esta questão. Não se trata de uma certeza, mas antes de uma hipótese que venho testando e partilhando. Mais concretamente, creio que a eficiência dos avançados (isto é, o aproveitamento golo/ocasião) é sobrevalorizado no curto-prazo e que, em sentido inverso, pouca atenção se dá à frequência com que os mesmos avançados criam ou chamam a si ocasiões de golo. O caso de Rodrigo nesta temporada é interessante, porque desde as primeiras utilizações que foi sempre tendo um número muito elevado de ocasiões de golo, mantendo-se este registo pouco alterado (como documenta o gráfico abaixo). O problema é que a eficiência não foi imediatamente a melhor e a apreciação do jogador acabou por ser afectada por isso, o que lhe terá retirado espaço e tempo de utilização. Com o golo frente ao Anderlecht, porém, tudo mudou e com mais tempo de utilização, conseguiu estabilizar os níveis de eficiência, sendo que actualmente até têm sido mais elevados do que aquilo que é normal. Aliás, da mesma forma que era errado sobrevalorizar o mau aproveitamento do inicio de temporada, é também agora irrealista pensar que Rodrigo possa manter a eficiência que vem mantido nos últimos jogos.
O ponto aqui é que o caso de Rodrigo sugere que a frequência (capacidade de chamar a si ocasiões de golo) é mais estável no curto-prazo do que a eficiência, sendo por isso um indicador que deveria justificar mais importância para as decisões imediatas. Uma ideia que, porém, vai em sentido contrário daquela que é a percepção generalizada e, mesmo, da orientação decisional da generalidade dos treinadores.




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