Problemas e soluções repetidas, no Estoril - O empate na Amoreira (deixo os dados estatísticos abaixo) não deve ser encarado com muita preocupação. Estamos a falar de uma dos 2 jogos teoricamente mais difíceis do calendário, excluindo o confronto com os "grandes". Ainda assim, o Sporting deixou alguns sinais de dificuldade, que se repetem de outras ocasiões e que voltaram a não ter a melhor resposta.
Em particular, sempre que a dinâmica pelos corredores laterais não sai, seja por mérito do adversário ou desinspiração própria, a equipa reage da mesma maneira, mecânica, introduzindo o seu "plano B" na meia-hora final. Já aqui escrevi sobre isto, inclusivamente nas ocasiões em que fazer entrar Slimani parecia produzir resultados milagrosos. Não faz grande sentido aplicar um "plano B" por defeito, quando se entende que o "plano A" é aquele que mais hipóteses de sucesso oferece à equipa. Muito menos, fazê-lo é uma fonte de imprevisibilidade para os adversários, pois toda a gente sabe o que vai acontecer entre o minuto 60 e 70, caso o Sporting não esteja em vantagem. Sem contexto especifico que o justifique, uma mudança deste género a 30 minutos do final do jogo é, sobretudo, um acto de fé.
A resposta que, a meu ver, o Sporting deveria procurar tem a ver com a procura de dinâmicas alternativas, nomeadamente acrescentando alguns movimentos de exploração do espaço no corredor central, de onde o Sporting continua com muitas dificuldades em extrair grande produtividade. Não é algo fácil de conseguir, nem tão pouco esta minha critica sugere que o problema é evidente para quem o tem de resolver - muito pelo contrário! - mas não vejo saídas fáceis.
Mané e outro contexto, frente ao Marítimo - Se o Sporting praticamente não teve ocasiões claras de golo no Estoril, entretanto já conseguiu uma série delas na recepção ao Marítimo. Ou seja, o problema da falta de golos tem sobretudo a ver com o contexto, e com a qualidade da oposição, porque a equipa continua a mostrar-se lúcida e eficaz na implementação da sua ideia de jogo.
Sobre este jogo, a principal nota vem da exibição de Carlos Mané. Pessoalmente, não conheço bem o jogador, e apenas o tinha podido ver em aparições fugazes no final dos jogos. Desta vez, num contexto de maior estabilidade e com mais tempo, a ideia foi deixada foi muito melhor. Surpreendentemente, melhor. Se este é a capacidade que se reconhece ao Mané do presente, e tendo ele apenas 19 anos, parece-me evidente que o jogador deve entrar nas contas da titularidade, no mínimo alternando com as outras soluções. É duvidoso que o Sporting perca alguma coisa no imediato - a julgar por este jogo, não perderá - e poderá paralelamente fazer desenvolver um jogador numa posição chave e onde é mais difícil encontrar grande qualidade a baixo preço no mercado.
Uma nota final sobre o Marítimo, que apesar da derrota pesada voltou a recolher elogios pelo seu "futebol positivo". Constato frequentemente a confusão que é feita entre uma equipa que "defende mal" e uma equipa que pratica "futebol positivo". Porque não há nada de positivo em defender mal. O que se passa com o Marítimo é que apesar de ter uma das melhores linhas avançadas da Liga, está sempre habilitada a perder qualquer jogo. A equipa perdeu muitas unidades da sua zona defensiva (Roberge, João Guilherme, Rafael Miranda) e não conseguiu ainda recuperar dessas perdas, perdendo muita eficácia em organização defensiva. É, aliás, minha convicção de que esse é o problema que tira o sono ao próprio Pedro Martins, e que este não o vê, de forma alguma, como algo "positivo".
Tinha anunciado e era minha intenção trazer hoje aqui algumas jogadas do Benfica - Porto, mas por motivos técnicos não me é possível fazer vídeos. Se, como espero, o problema for resolvido a tempo, ainda recuperarei essa análise até ao final da semana...