24.2.12

Controlo

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- "Prefiro jogar para ganhar 5-4, do que para ganhar 1-0!". A frase é comum e certamente sedutora numa primeira análise, mas como tantas coisas na opinião que se generaliza, não se vislumbra qualquer enquadramento prático no que à realidade do jogo diz respeito. Não há equipas que ganhem 5-4, 4-3 ou 3-2 por sistema. Mas há equipas - várias - que sustentam séries longas vitoriosas em resultados como 1-0 ou 2-1. Tudo isto para falar do controlo, a grande novidade no jogo do Sporting, frente ao Legia. Dificilmente alguém pode ter achado que a equipa alguma vez esteve próximo do golo, o que não constitui novidade face à trajectória recente, mas também não creio que alguma vez se tenha justificado o sentimento de ameaça perante a derrota. E, isto sim, é uma novidade nas exibições do Sporting. Tenho sublinhado (o próprio Sá Pinto o tem feito) a opinião de que é importante crescer nos planos emocionais, nomeadamente no que respeita à confiança. Ora, há uma discussão interessante sobre isto: quanto à necessidade de ganhar, estamos conversados, parece-me inequívoca. Agora, numa hipótese em que (ainda) não seja possível juntar as duas, o que pode beneficiar mais uma equipa? Sentir que não sofre, ou sentir que pode marcar? (repito, na hipótese de não se poder juntar as duas...). Recordo-me de Mourinho dizer a Maradona num documentário recente: "Uma coisa é teres uma equipa que sabes que se marcas ganhas. Outra coisa, é marcares um golo e mesmo assim não saberes o que te pode acontecer". Poderá ser discutível, mas tendo a concordar com esta última ideia, ou seja, de que o controlo é um alicerce fundamental para conseguir um crescimento colectivo sustentado.

- Nos outros jogos, não houve grandes surpresas. Aliás, para mim o que é surpresa, é precisamente não ter havido surpresas, mas a consequência é que teremos uns oitavos de final extremamente interessantes. Uma nota para um dos jogos com mais golos da noite: já se esperava que PSV e Trabzonspor pudessem oferecer um jogo farto em remates certeiros, porque é hábito em ambos os casos. O PSV fez uma série de boas aquisições no Verão, mas quem justifica esta minha referência é um jogador do Trabzonspor, Burak Yilmaz. É impressionante a época que está a realizar na Liga turca, não tanto pelos números absolutos, mas pelo enquadramento relativo dos mesmos. Ou seja, o Trabzonspor tem o melhor ataque da prova, mas só Yilmaz é responsável por mais de 55% dos golos da equipa (contabilidade sem penaltis). Sem entrar em paralelismos, mas tentando fazer perceber a dimensão relativa do feito, seria o equivalente, por exemplo, a Benfica ou Porto terem nesta altura um jogador com 23-24 golos, ou, noutro caso, Real Madrid ou Barcelona terem um jogador com 37-38 golos já concretizados, ambos sem penaltis.

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