19.2.12

Fragilidade...

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- A situação do Chelsea de Villas Boas pode ser um bom exemplo da não linearidade das consequências no futebol. Ok, vamos assumir que as circunstâncias não foram favoráveis e que algo (para o efeito, não interessa precisar) correu mal. Que consequências teríamos? Numa hipótese de linearidade, não creio que qualquer circunstância fosse suficiente para vermos um Chelsea tão vulnerável como aquele que temos visto. Não faltam exemplos, semelhantes, ocorrendo-me de forma clara o caso do Feyenoord no ano anterior. Para quem está familiarizado com as reflexões de Nassim Taleb (a figura tem essa proveniência), diria que o futebol é seguramente Frágil.

- Ainda no Chelsea, é curioso como Villas Boas e Domingos, partilharam o climax das suas ainda curtas carreiras na final de Dublin, se encontraram também na queda que inesperadamente se deu a seguir. Vários pontos em comum (e outros, necessariamente, diferentes). O treinador, é factual, não foi solução suficiente, mas daí até ser ele próprio parte dos problemas (ou, de forma mais drástica "o" problema), vai uma grande distância. Será que é? Não interessa muito a opinião de cada um, o futuro falará por si (ainda que possa não dar forçosamente respostas lineares sobre a questão), mas interessa que conclusões serão retiradas por quem tem responsabilidades de as tirar. E este é o ponto central, porque se se confundir problemas com soluções, o que se fará é perpetuar os problemas. Não é uma questão simples, e não tem apenas a ver com a competência (que não está em causa) dos treinadores. No caso do Chelsea, claro, tudo se pode limitar ao número de cheques que Abramovic terá de passar, e se for assim o problema será resumido a uma questão de tempo.

- Quem não usa muito a técnica dos cheques, é o Arsenal. Uma semana negra, concluída com a eliminação da Taça. Pode ser a pior época em muitos anos, o que vendo bem, não constitui grande surpresa. O Arsenal é um caso provavelmente sem par na Premier League, no que respeita à potenciação dos recursos existentes. Isto, no entanto, não faz tanto do Arsenal um caso de sucesso, mas mais um exemplo claro de como no futebol, e para os adeptos, não há prémios de performance relativa. O que interessa é ganhar e de forma absoluta, porque no fim do dia, poucos dão alguma importância ao preço da vitória.

- O Braga. Para quem quer exemplo (mais um) de uma equipa potenciada de forma crescente, tem no Minho, outra vez, uma boa resposta. A equipa não era assim tão forte no inicio, mas foi crescendo de forma progressiva e segura. Não é uma coisa evidente, claro, mas como quase sempre não se trata tanto de fazer coisas deslumbrantes, mas muito mais de ir melhorando progressivamente a qualidade das coisas que se podem fazer. Confiança e especificidade. Confiança, vem com as vitórias. Especificidade, vem com a estabilidade das peças fundamentais. Como o futebol é jogado por homens e não por máquinas, é quase (quase...) sempre assim que acontece, pela confiança e especificidade, e nenhuma fotografia será mais paradigmática do que a do primeiro golo. Jogo longo de Viana, recepção e cruzamento no tempo certo de Alan, e movimento de Lima, em diagonal nas costas do primeiro central. Três acções marcadamente características dos protagonistas (especificidade), executadas com qualidade perfeita (confiança). É claro que os contratempos do Gil também ajudaram, mas não há que retirar mérito, e o segundo lugar está longe de ser impossível.

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