7.1.11

Vale a pena o "chicote"?

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Há algum tempo que tinha sugerido este exercício, e ele aqui fica concretizado. Como sempre tento fazer, não se trata de uma simples opinião pessoal, mas, antes sim, da procura de elementos que nos possam dar uma base de sustentação bem mais válida às percepções que todos temos. O objectivo, tanto para as análises dentro do campo, como fora, é dar outra fundamentação à opinião para, assim, chegar também um pouco mais perto da verdade. Opiniões, há muitas, opiniões realmente fundamentadas, muito poucas. São estas últimas que me interessam.

Vale a pena o “chicote”?
Começando por ser muito claro, não há resposta absoluta. Obviamente. A conclusão mais interessante deste exercício talvez seja mesmo que é tão errada a doutrina do abuso deste recurso – durante tanto tempo praticada em Portugal – como o dogma que se lhe seguiu, e que hoje, ainda, faz escola: a ideia de que a mudança de treinador a meio da época é um erro por sistema e que não pode ter consequências positivas.

Ou seja, 75% das mudanças de treinador a meio da época, durante 10 épocas na liga portuguesa, produziram uma melhoria de resultados em relação ao passado. Naturalmente que nem sempre melhorar chega, e por isso não menos importante é olhar para os 40% de casos que conseguiram resultados acima das expectativas, depois da troca de treinadores. Esses sim, foram realmente bem sucedidos.
Nota que esta avaliação relativa tem, como é hábito, as expectativas centradas na avaliação das casas de apostas para cada jogo.

O melhor é... avaliar bem!
Cada caso é um caso. Ou seja, a mudança de treinador pode trazer um impacto positivo às equipas. não por uma melhoria metodológica – essa raramente acontece – mas, antes sim, pelo impacto motivacional que pode ter a alteração de liderança. Para uma equipa que lida com a frustração num dado momento, a mudança de liderança e a introdução de uma nova ideia para o sucesso pode também ser uma renovação de energias e esperanças. Uma segunda oportunidade.

Para que tal recurso seja realmente aconselhável é preciso, primeiro, que exista mesmo um problema. Ou seja, que os resultados sejam continuadamente abaixo do esperado, que essa avaliação seja feita de forma realista e não partindo de bases exageradas. É preciso também que se faça uma avaliação dos prós e contras entre o perfil do antecessor e sucessor. Ou seja, se o que se vai ganhar do lado psicológico não vai ser perdido no plano de preparação tecnico-táctica com a alteração em perspectiva.

Outro dado a ter em conta é que o efeito psicológico deste tipo de alterações só tem abrangência para a época em curso e, mesmo que seja bem sucedida nesse espaço de tempo, pouco ou nada está assegurado para as épocas seguintes. Em Agosto começa tudo de zero e o primeiro erro é pensar o contrário.



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