Vale a pena o “chicote”?
Começando por ser muito claro, não há resposta absoluta. Obviamente. A conclusão mais interessante deste exercício talvez seja mesmo que é tão errada a doutrina do abuso deste recurso – durante tanto tempo praticada em Portugal – como o dogma que se lhe seguiu, e que hoje, ainda, faz escola: a ideia de que a mudança de treinador a meio da época é um erro por sistema e que não pode ter consequências positivas.Ou seja, 75% das mudanças de treinador a meio da época, durante 10 épocas na liga portuguesa, produziram uma melhoria de resultados em relação ao passado. Naturalmente que nem sempre melhorar chega, e por isso não menos importante é olhar para os 40% de casos que conseguiram resultados acima das expectativas, depois da troca de treinadores. Esses sim, foram realmente bem sucedidos.
Nota que esta avaliação relativa tem, como é hábito, as expectativas centradas na avaliação das casas de apostas para cada jogo.
O melhor é... avaliar bem!
Cada caso é um caso. Ou seja, a mudança de treinador pode trazer um impacto positivo às equipas. não por uma melhoria metodológica – essa raramente acontece – mas, antes sim, pelo impacto motivacional que pode ter a alteração de liderança. Para uma equipa que lida com a frustração num dado momento, a mudança de liderança e a introdução de uma nova ideia para o sucesso pode também ser uma renovação de energias e esperanças. Uma segunda oportunidade.Para que tal recurso seja realmente aconselhável é preciso, primeiro, que exista mesmo um problema. Ou seja, que os resultados sejam continuadamente abaixo do esperado, que essa avaliação seja feita de forma realista e não partindo de bases exageradas. É preciso também que se faça uma avaliação dos prós e contras entre o perfil do antecessor e sucessor. Ou seja, se o que se vai ganhar do lado psicológico não vai ser perdido no plano de preparação tecnico-táctica com a alteração em perspectiva.
Outro dado a ter em conta é que o efeito psicológico deste tipo de alterações só tem abrangência para a época em curso e, mesmo que seja bem sucedida nesse espaço de tempo, pouco ou nada está assegurado para as épocas seguintes. Em Agosto começa tudo de zero e o primeiro erro é pensar o contrário.