18.2.08

Jornada 19: Quando se ganha...

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Marítimo – Porto
Na véspera da partida para a Alemanha, e apesar da vantagem pontual no campeonato, Jesualdo não entrou em rotatividades ou em descanso de titulares. Para além da ausência de Bosingwa, o destaque foi para a manutenção de Farias no ensaio geral antes do embate da Champions e para um pormenor na posição dos médios Lucho e Raul Meireles. É que, ao contrário do que é normal, Lucho actuou maioritariamente descaído para a meia esquerda, ao inverso de Meireles. A exibição portista não foi brilhante no primeiro tempo. Alguma desconcentração no momento do passe provocou perdas de bola em número atípico na equipa portista e o Marítimo aproveitou para protagonizar algumas transições bem interpretadas, fazendo a bola percorrer lateralmente o campo e causando algumas dificuldades ao posicionamento portista. Com o decorrer do tempo, no entanto, o Porto foi dando maior consistência ao seu jogo e no momento em que chegou à vantagem – imediatamente antes do intervalo – já tinha o adversário sob a sua teia posicional, dominando a partida. Com o golo de Lisandro – muito consentido pela oposição directo, diga-se – o Porto ganhou o conforto definitivo na partida e na segunda parte limitou-se a passear a sua superioridade perante a crescente impotência de um Marítimo a quem falta dimensão e intensidade competitiva para dar outra expressão à qualidade técnica dos seus jogadores.

Naval – Benfica
Foi um jogo de “ganas”, não só do Benfica mas de ambas as equipas. Futebol combativo e muito disputado a meio campo, a fazer lembrar jogos de outros escalões onde a técnica não é um recurso muito valorizado. Camacho repetiu a opção pela dupla Makukula-Cardozo, juntou Binya a Maxi no “miolo” e depositou todas e quaisquer esperanças de criatividade em 2 homens, Nuno Assis e Rodriguez, que apareceram sobre as alas, normalmente Assis sobre a esquerda e Rodriguez sobre a direita, talvez para privilegiar a meia distância em detrimento da chegada à linha de fundo. A primeira parte do Benfica foi, em boa verdade, muito fraca. Não pelo facto de ter assistido à reacção da Naval ao seu golo, mas pela incapacidade quase gritante para sair em transição, passando a maioria do tempo encurralado na sua área. O segundo tempo iniciou com um maior equilíbrio das operações e o tempo encarregou-se de retirar à Naval clarividência, concedendo progressivamente mais espaços que o Benfica passou a saber aproveitar melhor após a entrada de Rui Costa. Individualmente, o destaque vai para a exibição de Nuno Assis. Actuando sobre a ala, mas com inteligência para auxiliar sobre o “miolo”, foi depois o garante para alguma qualidade técnica no jogo encarnado durante grande parte do jogo.
Camacho lamenta-se frequentemente da falta de acerto na finalização mas a verdade é que a eficácia parece ser a salvação deste Benfica. Mais uma vez, sem fazer muito por isso o Benfica chegou à vantagem, demorando depois bastante até justificar um golo, o que aconteceu apenas no final da partida. Porque o futebol não é só um jogo de “azar”, há méritos a apontar ao Benfica de Camacho. Primeiro as bolas paradas, onde o Benfica é altamente eficiente e tendo já tirado muito partido disso, e depois a capacidade defensiva, onde Camacho introduziu maior equilíbrio posicional dando mais consistência à fase defensiva.

Sporting – Estrela Amadora
Apesar do Estrela não ser o mais complicado dos adversários, a verdade é que o jogo tinha algum risco, tendo em conta as alterações introduzidas por Paulo Bento. Ronny regressou à esquerda e no meio campo a principal novidade foi a a presença de Celsinho na posição 10. Esta terá, de resto, sido a mais negativa das experiências da partida. Jogar na posição 10 do modelo de Paulo Bento não é fácil e dentro do plantel leonino não há nenhum jogador que a saiba interpretar tão bem em termos ofensivos como Romagnoli. Foi algo referido pelo próprio treinador do Basileia e mesmo por Jorge Jesus. Os seus movimentos laterais são difíceis de controlar e causam superioridade sobre os flancos. Essa é uma das dinâmicas mais importantes do modelo de jogo do Sporting e, nesse aspecto, a presença de Romagnoli é muito importante.
Se, pelo que referi, a partida poderia ser problemática, a verdade é que não se poderia ter tornado mais simples. Primeiro pela inspiração de Moutinho e depois pela desvantagem numérica do Estrela. No segundo tempo e sem nunca acelerar muito o Sporting soube tirar partido da vantagem de um homem, ligando os corredores e fazendo o “campo grande”. Foi assim que chegou com naturalidade à jogada do penalti que, embora não tivesse sido concretizado, acabou definitivamente com a partida. Os restantes 30 minutos foram uma contagem decrescente em que o Sporting nunca colocou intensidade no jogo mas onde também nunca perdeu, nem o controlo, nem o domínio total da partida. Na verdade, não era preciso mais. Individualmente creio que é justo destacar João Moutinho, não por este jogo (apesar do grande golo), mas pela incrível regularidade com que se exibe com grande qualidade. Parece-me um desperdício se não entrar nas contas de Scolari...

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