5.2.08

Jornada 18 - Será só um problema de atitude?

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Porto - Leiria
Se havia dúvidas sobre a reacção portista ao resultado negativo trazido de Alvalade, rapidamente o FC Porto fez questão de as dissipar. É verdade que o Leiria é uma equipa num momento muito débil e que cometeu vários erros colectivos, mas as facilidades encontradas pelo Porto apenas tiveram a expressão verificada pela qualidade elevada do seu futebol. O Porto de hoje é uma equipa com uma verdadeira identidade colectiva, onde os movimentos individuais são feitos de forma coordenada e onde os jogadores têm total consciência de como a sua acção encaixa nos interesses colectivos, a cada momento do jogo. Esta qualidade sempre existiu no Porto de Jesualdo Ferreira e só factores como o momento individual dos jogadores e a sua confiança fazem a equipa oscilar. Em termos nacionais a superioridade é inquestionável, no que respeita aos desafios europeus as exigências serão outras. Mas sobre elas falarei mais tarde... Para já, do aparecimento de Farias – atenção que ainda é cedo para que se tirem grandes conclusões sobre a real mais valia do jogador para a equipa – fica a dúvida: recuperará, Jesualdo, Tarik para a equipa que vai enfrentar os maiores desafios da temporada, ou passará a aperfeiçoar os princípios para tirar o melhor partido da presença do ataque com Farias? O meu prognóstico recai sobre a opção pelo marroquino. Veremos...
Benfica - Nacional
Na Luz um nulo mais do que certo. Dizer isto é a melhor critica que se pode fazer à forma de atacar do Benfica. De facto, não se identificam rotinas e movimentos colectivos que dotem a equipa de uma capacidade ofensiva minimamente ao nível do que é exigido. Com a chegada de Camacho a alteração dos princípios de jogo resumiu-se à atitude defensiva, com a equipa a jogar num bloco mais baixo e com maior enfoque zonal. Ofensivamente, apenas as transições impulsivas (que quase não existem quando não joga Rodriguez) e pouco mais. A equipa procura agora resolver os problemas para o seu primeiro passe com bolas longas que tirem partido de Cardozo. A verdade é que o Paraguaio até ganha a maioria dos lances mas raramente estes têm seguimento, por falta de apoio para receber a segunda bola. Nota ainda para as alterações tácticas protagonizadas durante a partida. Ao intervalo Maxi passou a formar o “duplo pivot” ao lado de Petit, Rodriguez (que, com Léo não se percebe porque não joga de inicio) ficou sobre a esquerda, Di Maria sobre a direita e foi Katsouranis (diga-se, num mau momento de forma) a colocar-se no apoio a Cardozo. Uma improvisação em pleno jogo que diz bem da forma como a equipa joga: em improviso permanente. Por isso, frente a uma equipa bem organizasa, o Benfica apenas podia conseguir ocasiões por obra de alguma felicidade que caísse sobre as suas jogadas. Isso mesmo fica bastante explicitio na jogada que resultou no mais perigoso dos seus remates. Camacho fala muitas vezes na atitude dos jogadores. É algo importante, fundamental sem dúvida, mas a equipa tem de apresentar mais futebol, mais rotinas e mais qualidade colectiva, e isso ainda não mostrou.
Belenenses - Sporting
Primeiro referir a curiosidade do duelo. Dois modelos semelhantes em vários aspectos estavam de novo em confronto. Jesus trouxe uma pequena nuance para a partida, introduzindo mais um defesa central que na realidade foi mais um defesa direito fixo, bloqueando a zona de Vukcevic e libertando Mano e Rodrigo Alvim para que estes dessem sempre linhas de passe junto às linhas, obrigando o losango do Sporting a vários movimentos de basculação lateral. Não se pode dizer que o Belenenses tenha tido uma superioridade clara na partida. O jogo foi na primeira parte equilibrado e com as poucas ocasiões a serem repartidas. Mesmo não deixando de ser verdade que o Belenenses estava num período de ligeiro ascendente na altura do golo, o Sporting só foi para o intervalo a perder porque falhou nos pormenores, particularmente na jogada do golo. No segundo tempo, as alterações fizeram com que o Belenenses ficasse mais preso atrás e, se é verdade que não desfrutou de qualquer ocasião nesse período, também há que dizer que o Sporting, exceptuando 2 ou 3 lances, não conseguiu colocar em causa o seu controlo do jogo. No final Paulo Bento repetiu um diagnóstico muito correcto dos problemas da equipa, muito errática na posse de bola – tantos passes falhados no primeiro tempo – e entrando mais uma vez mal na partida, perdendo ainda pela falta de concentração e agressividade em alguns momentos do jogo. A verdade é que os diagnósticos correctos do treinador tardam em traduzir-se numa melhoria sustentada do “jogar” da sua equipa. O Sporting tem tido problemas em demasia para a qualidade do seu plantel, mas as coisas têm tendencia a compor-se neste aspecto durante as próximas semanas. Sobra agora para o treinador a responsabilidade de fazer a equipa voltar a interpretar os seus princípios de forma harmoniosa. É o maior desafio, em “contra-relógio”, da curta carreira de Paulo Bento e dele dependerá o seu futuro próximo. Para finalizar, não posso deixar de fazer uma referência a Jorge Jesus. Já aqui também elogiei o trabalho de Carvalhal, mas entre os “não grandes” é o “Cruijff da Reboleira” que me parece mais preparado para dar o grande salto na carreira.

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