Começo pelo ponto objectivamente mais importante, o resultado. O 1-0 não é garantia de passagem na eliminatória mas é um resultado que permite uma vantagem importante para a segunda mão. O Nuremberga vai fazer do seu jogo em casa uma partida bem diferente da disputada na Luz, com o apoio permanente dos adeptos e o sentimento de quem não tem nada a perder. Acontece no entanto que os Alemães são pouco fiáveis defensivamente e, em casa devem proporcionar um jogo aberto, oferecendo ao Benfica condições para marcar pelo menos uma vez.
No que respeita ao jogo, o que fica é não tão positivo. Bem pelo contrário. Camacho trouxe para o jogo a quase incompreensível novidade de colocar Cardozo e Makukula juntos na frente de ataque. Não são dois jogadores iguais mas as suas características são tudo menos complementares sendo necessários outros princípios de jogo, completamente diferentes, para que a opção fizesse algum sentido. Juntando esta improvisação à já recorrente ausência de soluções colectivas para contornar blocos defensivos densos, tivemos uma primeira parte quase nula em termos ofensivos. O quase, claro está,explica-se pelo o golo. Uma jogada de inspiração de Rui Costa pelo corredor central que finalizou com a contribuição do guardião adversário para dar ao Benfica um golo naquela que foi a sua única ocasião nos 90’. No segundo tempo o Benfica usufruiu de mais espaço, Rui Costa apareceu mais e a bola chegou mais vezes à área contrária (sobretudo após a entrada de Di Maria), mas nunca em condições que permitissem finalizações perigosas. Nos últimos 15 minutos o meio campo passou a dar mais espaços proporcionando que o Nuremberga dominasse o jogo. Camacho rectificou, introduzindo David Luiz e o Benfica conseguiu controlar a maioria das ofensivas contrárias até ao apito final.
No final fica uma vitória sem que se consiga dizer que o Benfica tivesse sido superior ao adversário – esteve no máximo ao mesmo nível. Fica também mais uma imagem de um problema ofensivo que o treinador parece não ser capaz de resolver, a não ser, é claro, esperar que dos pés de Rui Costa saiam os desequilíbrios que a equipa não consegue produzir. As dificuldades do futebol encarnado levam já algum tempo e merecem reflexão. Algo a que voltarei nos próximos dias...