29.2.08

Sporting - Benfica: Derby condicionado

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A palavra “decisivo” é quase sempre afastada pelos responsáveis das equipas na hora de fazer projecções em torno da importância dos seus jogos. De facto, “decisivo”, no sentido mais estrito do termo, é complicado de aplicar em provas de regularidade mas no contexto do campeonato e da luta pelo segundo lugar o Derby de Domingo terá, certamente, um enquadramento hipoteticamente decisivo, sobretudo, como é evidente, para o Sporting. O mais curioso, no entanto, é que quer num caso quer no outro, o timing do jogo complica a tarefa de preparar a partida com o enfoque que a sua importância mereceria.

O aperto do calendário condicionará, aliás, as hipóteses de assistirmos a grandes arranjos tácticos no encontro. As alterações tácticas para a especificidade de um jogo requerem mais do que criatividade no papel. É preciso tempo de treino e sistematização. Ora, com os jogos a meio da semana a forçar sessões de recuperação e vários condicionalismos físicos por via de lesões, não me parece possível nem aconselhável apresentar outra coisa que não seja o habitual figurino em cada uma das equipas. Mais, arrisco mesmo dizer que o treinador que desafiar esta lógica correrá sérios riscos de ver a sua equipa ter um rendimento abaixo do esperado no jogo.
Sporting
À previsibilidade táctica que espero, junta-se, em contraste, a incerteza do onze em cada uma das equipas e da recuperação de algumas pedras chave estará dependente em grande medida as hipóteses de cada uma das equipas. Aqui, destaco o Sporting. Jogar com ou sem Liedson, Romagnoli e Vukcevic não é minimamente indiferente na interpretação qualitativa do modelo de Paulo Bento. Ainda assim, prevejo que seja o Sporting a mandar naturalmente no jogo. Porque joga em casa e porque a sua ideia de jogo dá maior importância ao domínio, já que não é uma equipa forte a actuar em transição. Ao Sporting coloca-se no entanto a questão de como é que esse domínio será exercido: estendendo-se a desequilíbrios no último terço do terreno ou permitindo que o Benfica controle o jogo, ficando o Sporting permanentemente sujeito às transições encarnadas. Neste aspecto, as recuperações de Romagnoli e Liedson parecem-me fundamentais. No que respeita ao onze, acredito que, caso tenha boas notícias no que respeita aos jogadores em dúvida, Paulo Bento actue com
Patrício; Abel, Tonel, Polga e Grimi; Veloso, Izmailov, Moutinho e Romagnoli; Liedson e Vukcevic.
A dúvida pode estar na presença de Pereirinha que tem subido de rendimento e poderá ser mantido no onze por Paulo Bento até... como lateral.
Benfica
Do lado encarnado também não teremos uma equipa na máxima força. Nuno Gomes, Petit e David Luiz estão fora das contas de Camacho, mas também Luisão e Rodriguez não parecem estar nas melhores condições para o embate. A estratégia de Camacho deverá passar por jogar com a variante do sistema que utiliza um só ponta de lança, permitindo o reforço da zona intermédia. De resto, não prevejo que o Benfica tenha problemas em dar a iniciativa de jogo ao Sporting, tentando depois actuar em transição. Apesar das limitações ofensivas da equipa, Camacho conseguiu introduzir mais estabilidade à equipa quando esta não tem bola e esse deverá ser um dos pilares essenciais da estratégia encarnada. De resto, a eficácia das bolas paradas e as transições serão as armas ofensivas para levar de vencido o encontro. No capítulo das transições há um aspecto que poderá ser essencial: o espaço e preponderância que a equipa conseguir oferecer a Rui Costa. Se o “maestro” tiver bola em condições para tirar aproveitamento dos espaços o Benfica estará mais próximo da vitória, mas isso é uma questão que também dependerá da capacidade de neutralização do Sporting. No que respeita ao onze prevejo que Camacho possa eleger:
Quim; Nélson, Katsouranis, Luisão e Léo; Binya e Maxi Pereira; Di Maria, Rui Costa e Nuno Assis; Cardozo.
Aqui alguma curiosidade para saber se Cardozo terá prioridade sobre Makukula, mas creio que essa seria a decisão mais acertada. Outro aspecto prende-se com Rodriguez e Di Maria. Rodriguez é o titular em condições normais, mas a sua disponibilidade física tem sido muitas vezes motivo para sair fora das opções do treinador. Frente ao Sporting, a velocidade de Di Maria pode encontrar o enquadramento ideal para ser utilizada como alternativa aos condicionalismos do Uruguaio.

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