26.7.11

Reforços 2011/12: Alex Sandro (Porto) (Parte I)

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Perfil evolutivo - Apesar de jovem, Alex Sandro não é originário do clube de onde chega para o Porto. A sua aparição no plano principal aconteceu no Brasileirão de 2009, incluído numa série de jovens que emergiram na equipa principal do Atlético Paranaense, seu clube de formação e uma das mais reputadas escolas do futebol brasileiro (o seu centro de treino foi considerado o melhor do país num estudo recente). A sua transferência para o Santos deu-se em 2010, passando a ser figura presente mas sem conseguir nunca o estatuto de "titular", numa corrida que foi travando com o ex-benfiquista (e muito mais experiente) Léo. Neste sentido, e mesmo reconhecendo-se o potencial do jogador, uma transferência deste nível (e por estes valores) não pode deixar de constituir alguma surpresa. Seja como for, Alex Sandro tem ainda um último palco para se valorizar, antes de encarar o desafio do Dragão: o mundial sub 20.

Perfil táctico/técnico - Começando pelo motivo que justifica tanto interesse pelo jogador: Alex Sandro tem uma notável capacidade para se impor ao longo do seu corredor. Agressividade, potência, velocidade e antecipação. Tudo características que estão pouco na moda na generalidade das prosas sobre o jogo mas que, goste-se ou não, constituem o grande dominador comum dos principais laterais, tanto no futebol português, como no futebol mundial na actualidade. E quem quiser realmente olhar para o que fazem os laterais de hoje perceberá facilmente porquê. Não só estas características ajudam a garantir explosão e profundidade no corredor, como, mais importante ainda, auxiliam num papel decisivo dos laterais modernos: a transição ataque-defesa. Mais do que travar duelos de 1x1 perante os extremos contrários, os laterais de hoje têm, defensivamente, o papel de matar ou congelar a transição adversária, sempre que esta ameaça libertar-se no seu corredor. Coentrão, Fucile, Alvaro Pereira, Maxi e João Pereira foram, no passado recente, os laterais mais fortes do futebol português (alguns deles do mundo), e todos eles partilham de uma grande capacidade interventiva, sobretudo em transição, sobretudo em antecipação. Alex Sandro tem esta facilidade, e é bom que a tenha, porque dificilmente alguma vez poderia sonhar em justificar o dinheiro que nele foi investido, se não a tivesse.

A má notícia sobre Alex Sandro, é que não há muitos mais elogios a fazer-lhe para além da dinâmica e capacidade interventiva que consegue manter no seu corredor. Em posse residirá o seu principal problema, errando demasiado e, sobretudo, denotando pouco rigor no critério que escolhe em muitas intervenções. É um "isco" facilmente identificável para atrair um erro na saída de bola, e isso facilmente se verá se não houver uma evolução clara do jogador neste plano. Depois, em termos posicionais, Alex Sandro tem natural apetência para defender alto e de forma pouco criteriosa ao longo do corredor, procurando sempre a oportunidade de antecipar, e privilegiando em demasia a referência "homem" e muito pouco a manutenção do espaço e equilíbrio posicional com o central mais próximo. Finalmente, dentro da área também não parece ser muito confortável na resposta a cruzamentos, quando se junta aos centrais (este é um dado que, no entanto, não tenho completamente confirmado).

Futuro no Porto - A minha avaliação vai, claramente, para uma necessidade de evolução e maturação do jogador em diversos aspectos. Mas, como expliquei, Alex Sandro tem as características necessárias para poder partir para uma evolução positiva. Por outro lado, no Porto terá tudo para poder fazer este trajecto, pelo que muito dependerá da capacidade de aprendizagem do próprio jogador. A questão do critério em posse será o aspecto mais difícil de trabalhar e fazer evoluir, já que o posicionamento táctico é menos intrínseco e mais facilmente corrigido através do treino. Uma vantagem que Alex Sandro poderá contar tem a ver com o perfil, já que, mantendo-se Álvaro Pereira, é previsível que o modelo da equipa se prepare para um lateral mais interventivo e dinâmico ao longo do corredor, ajustando-se precisamente ás suas características. Este problema, da discrepância entre os perfis de Alvaro Pereira e as restantes alternativas para o lugar (Rafa e, sobretudo, Sereno) foi notório no ano anterior, aquando da indisponibilidade do uruguaio. Se, pelo contrário, Alvaro sair, então poderá estar colocada maior pressão sobre os ombros do jovem brasileiro, ficando a sua afirmação muito mais dependente de uma adaptação rápida às novas exigências. O ideal seria uma integração progressiva, sem o fardo de ter assumir a titularidade no imediato.

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