25.7.11

Reforços 2011/12: Iturbe (Porto)

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Iturbe acusa o habitual conflito da euforia anónima, e prudência assumida. Ou seja, um dia alguém, não se sabe nunca exactamente "quem", lhe colocou o pesado fardo de "novo Messi". Todos o comparam com Messi, mas sempre que alguém com mais responsabilidade é confrontado publicamente com a comparação, rejeita-a imediatamente. Um contra senso ou, simplesmente, o receio público de alguém se "atravessar" com certo tipo de considerações.

Não há que ter medo de o dizer: o rótulo "novo Messi" cabe-lhe, e cabe-lhe muito bem. Não quer isto dizer que Iturbe vá contar com duas bolas de ouro aos 23 anos, mas quer dizer que tem, realmente, um perfil semelhante ao astro do Barcelona. Repare-se: é baixo, mesmo pequeno, e tem na condução em velocidade a sua principal arma, progredindo com rápidos e sucessivos toques curtos, quase sempre com o seu pé esquerdo, que tornam a sua direcção continuamente imprevisível para quem defende. A esta capacidade de drible, junta uma boa definição, sempre com o pé esquerdo, seja para finalizar ou cruzar.

Ora digam, se este não pode ser apelidado de "novo Messi", quem poderá?


Se, em termos morfológicos, Iturbe "é" Messi, arriscaria que, em termos de desenvolvimento, Iturbe seria mais fielmente catalogado de "Neymar argentino". Porque partilha com o prodígio brasileiro o estatuto de maior promessa do seu país e porque, tal como Neymar, tem ainda um percurso a percorrer. Neymar talvez tenha algumas vantagens sobre Iturbe, mas o paraguaio-argentino tem, pelo menos, duas mais valias para quem o acabou de contratar: não lhe puseram o "rei na barriga", fazendo-o crer que é, já, um dos melhores do mundo, e não custou a exorbitância que custará Neymar a quem o conseguir levar.

Realmente, Iturbe tem mais valias raras que poderão ser transformadas em vantagens enormes para a equipa que o incluir. Para já, e assim que chegar ao Porto, é fundamental que percorra um caminho de adaptação futebolística que tem sobretudo a ver com a forma deve encarar o jogo e o seu papel no mesmo. Fundamentalmente, um novo paradigma. Até aqui, a poesia do futebol sul americano tinha como única expectativa os seus desequilíbrios, exigindo-os a cada posse de bola. Agora, na Europa, os desequilíbrios serão apenas uma parte do todo, um truque que todos sabem que tem na manga, mas que lhe passam a exigir que o saiba utilizar apenas nos momentos certos e não a toda a hora.

Iturbe, tudo indica, passará por um processo de integração semelhante ao de James na última época. Porém, e mesmo se a velocidade de afirmação de James será difícil de repetir, o potencial de Iturbe é, se considerarmos os cenários mais optimistas, substancialmente superior. A concorrência dificilmente poderia ser mais apertada e há alguns riscos neste processo, mas não é de todo improvável que Iturbe possa começar a deixar a sua marca já este ano. É essa a minha aposta...

(Destoando das análises que anteriormente elaborei, não posso sustentar a minha opinião sobre Iturbe numa base que considere minimamente sólida para avançar com projecções muito exactas. Seja como for, foi-me possível observar Iturbe em mais de uma centena de minutos, que serviram de base para estas projecções e considerações pessoais...)
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