2.8.10

Porto: O balanço de Paris

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Confesso que tinha alguma expectativa para ver estas partidas – lamentavelmente as únicas que tive a oportunidade de ver do Porto de Villas Boas na pré época. O resultado, porém, não satisfaz os melhores prognósticos. Os resultados, todos o sabem, não foram os melhores, mas o Porto de Villas Boas, na sua estreia, falhou em mostrar um “upgrade” em relação ao passado. Já se sabia, e ao contrário do que muitas vezes injustamente foi repetido, que a herança de Jesualdo era pesada e que melhorar não seria fácil. E não será. Para já, o Porto tem algumas diferenças e também algumas atenuantes para alguns aspectos, mas melhorar... ainda não melhorou.

Notas colectivas: dificuldades e diferenças
A “olho nú” não se vislumbram diferenças entre o passado e o presente. Isto é, o sistema é o mesmo e o posicionamento relativo dos jogadores também, sendo que mesmo as opções aparecem nos mesmo locais. Mas há diferenças. Os dois pontos, esperava-se, em que Villas Boas podia trazer novidades eram (1) no pressing e (2) na posse de bola. Na verdade, muito destas expectativas partiam de uma ideia errada e algo preconcebida de que o Porto de Jesualdo (1) não pressionava alto e (2) não trabalhava bem o seu momento de posse. Estas ideias não são justas e é por isso que a missão de melhorar o passado será mais difícil do que por vezes se fez crer.

Mas esperavam-se diferenças, de facto. Acima de tudo, diferenças no posicionamento da linha mais recuada e, depois, na vontade de manter mais vezes a bola no último terço. O que se viu, porém, foi um pressing menos capaz do que no passado, com o papel do 9 a ser mais orientador e menos agressivo, como que a preparar a recuperação em zona intermédia em vez de dar o mote para o fazer, já ali, junto dos centrais. Isso não aconteceu, e o Porto não foi autoritário em 3/4 dos 2 jogos que realizou, salvando-se o seu melhor período, após a entrada de Ruben Micael no primeiro jogo.

Ao problema do pressing, juntou-se outro. A qualidade em posse. Mais uma vez com a excepção do mencionado período frente ao PSG, a qualidade da posse foi sempre uma decepção, com muitos passes perdidos e muitas dificuldades para envolver as defensivas contrárias em organização.

A estes 2 problemas – pressing e posse – junta-se as bolas paradas. É que não foi só nos golos que se sentiram dificuldades.

Tudo somado, importa terminar com 2 notas. A primeira para falar da atenuante da qualidade dos adversários. O futebol francês – e eu conheço bem a liga – tem uma qualidade muito elevada, quer em termos individuais (técnica e fisicamente o nível é fantástico), quer em termos tácticos (não é uma regra geral, porém). A segunda nota, para dizer que o que se viu não é mau. Apenas falhou, para já, em mostrar uma evolução em relação ao passado. Melhorar o passado será a primeira barreira de Villas Boas. A outra, é melhorar ao ponto de ser mais forte do que o Benfica.

Notas individuais: Bons e maus
Houve algumas notas bem distintas entre todas as exibições, mas importa também lembrar que os dados apresentados não têm a solidez mais vasta. Observações de 1 ou 2 jogos não têm grande solidez e aquelas com menos de 90’ podem ser mesmo enganosas. Ainda assim, várias notas importantes.

Nas laterais, Alvaro Pereira deixou a sua marca. Muito interventivo, mas nem sempre certo. Foi assim e será sempre assim, porque é o seu estilo. Na direita menos consistência dos 3, embora Fucile e Miguel Lopes consigam dar boas garantias.
Na zona central, um problema. Maicon foi o melhor e isso diz bem do que Villas Boas poderá ter pela frente. Perder Bruno Alves poderá ser uma dor de cabeça e ter trocado Nuno André Coelho provar-se um erro. Nenhum dos 3 é excepcional, mas é Maicon que me parece o mais consistente.

No “pivot”, Fernando mostrou-se um varredor, participando enormemente no jogo, embora peque por alguma inconsistência e qualidade quando o comparamos com outros exemplos de outros clubes. A alternativa, porém, é tudo menos uma segurança. Não pelo erro de Souza, mas porque o jogador que actua ali tem de ter um peso muito maior no jogo do que aquele que Souza demonstrou.

No meio campo, e esquecendo Meireles, a melhor versão foi com Micael mais solto no espaço entre linhas e Moutinho como médio de transição, capaz de se juntar rapidamente a Fernando ou aparecer no apoio aos da frente. O ex-capitão do Sporting, aliás, tem uma fiabilidade que justifica a utilização de um jogador mais solto em termos tácticos como complemento a ele e a Fernando. Esse jogador poderá ser Micael ou Belluschi, que teve o “azar” de ser utilizado com a pior das companhias.

Nas alas, Hulk é o mesmo de há 1 ano. Resta saber se fará melhor quando for a sério, porque a sua pré época volta a ser fantástica. De resto, para além do brasileiro, o melhor pareceu ser Varela – nada de novo, portanto. As alternativas são boas, porque se Cristian Rodriguez tem tudo para discutir a titularidade, James mostrou que com uma boa evolução (e mais tempo) também poderá lá chegar.

Na frente, marcou Walter, mas para o nível de Falcao falta-lhe muito. É impressionante a consistência do colombiano. O número de bolas que ganha e a fiabilidade que oferece ao jogo. Se não o conhecêssemos poderíamos duvidar da sua capacidade de desequilíbrio, mas, como se sabe, situações de golo sabe ele arranjar. Como ele, não há muitos por aí.



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