4.8.09

Porto 09/10: Para a excelência faltam os acabamentos tácticos

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A pré época está concluida para o Porto. A pré época, sim, mas não a formação da equipa. Numa obra em construção pode perceber-se a sua qualidade bem antes desta estar terminada. Mas não a excelência. Essa vem nos pormenores, nos acabamentos. É esse o caso do Porto 09/10. Percebe-se que é bem organizado e percebe-se que será sempre uma equipa competente. Mas percebe-se, também, que lhe falta o acabamento. Para o Porto de Jesualdo este é um pormenor especialmente importante, porque tem sido na forma como define os acabamentos do modelo que o “Professor” tem levado a melhor nos últimos anos. 09/10 não será excepção e para o Porto o que falta é mesmo decisivo.


Partindo das palavras de Jesualdo numa entrevista recente:
“o FC Porto tem um modelo estabelecido que passa por um conjunto de princípios que regem a organização táctica da equipa (...)E, independentemente do sistema, o importante é que os jogadores actuem de acordo com aqueles que são os nossos princípios, quer a defender, quer a atacar.” “é preciso encontrar alinhamentos tácticos que aproveitem as qualidades dos jogadores que estão cá.(...) E agora, tal como aconteceu há um ano, teremos de encontrar as melhores soluções tácticas para podermos ser ainda mais fortes.”

Para a maioria dos treinadores (não necessariamente incompetentes, sublinhe-se!) o acabamento é dado pela qualidade individual. Ou seja, existe um modelo, uma ideia de jogo. Depois dá-se-lhe vida com os jogadores. A ideia pode ser boa, mesmo excelente, mas é fechada. Os jogadores encaixam nela, melhor ou pior. Jesualdo tem tido uma abordagem diferente. Não fecha em absoluto o modelo. Tem princípios fundamentais e mesmo um sistema base (ou seja a base do modelo não depende dos jogadores. Não se confunda), mas não se limita a encaixar os jogadores. Ele chama-lhe “alinhamentos tácticos” e foi isso que fez explodir Quaresma, Lucho, Lisandro, Hulk e Rodriguez. Mais importante, é claro, foi o que fez com que o potencial individual servisse da melhor maneira o colectivo. E isso catapultou qualitativamente as suas equipas. É claro que nem todos têm o privilégio de poder interferir nos “alinhamentos tácticos”. Só os melhores, os que podem, de facto, marcar a diferença.

E de novo, Jesualdo:
“o Rodríguez está lesionado, o Hulk não tem jogado exactamente na posição onde penso que poderá jogar no futuro e o terceiro jogador desse trio ainda não entende completamente o jogo da equipa, mas vai entender” “não vamos esperar que o Belluschi faça de Lucho, que faça as mesmas coisas que ele fazia; com a certeza de que fará outras que Lucho não fazia”

Jesualdo acaba por confirmar a ideia que fui deixando desde os primeiros jogos. O primeiro Porto que vimos é ainda muito provisório. O treinador confia em Hulk, mas não como elemento central do triângulo ofensivo. Mariano e Varela têm feito parte da equipa principal, mas a ideia é que seja Falcao a integrá-la, assim que “entenda completamente” o jogo da equipa. E ainda falta o principal: os “alinhamentos tácticos”.

No meio campo, a mesma ideia. Belluschi, para já, “encaixou” na função de Lucho. Mas, como diz o próprio Jesualdo, “não vamos esperar que faça de Lucho”. Ou seja, os “alinhamentos tácticos” incluem também o meio campo e muito provavelmente Belluschi. Mas meio campo e ataque estão ligados, aliás, nem podem ser separados. Tudo deve, portanto, ser feito de forma integrada.

Fica, por tudo isto, muito claro que muito caminho há ainda para percorrer até ao verdadeiro Porto 09/10 e que o próprio Jesualdo faz depender da resposta dos jogadores essa definição. É importante, no entanto, sublinhar os riscos da forma como este processo vai ser concluído. É que só a excelência pode dar um Porto à altura das expectativas actuais...


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