25.9.13

Sporting: 3 pontos a rever, após o Rio Ave

ver comentários...
Apatia perante condicionamento do jogo ofensivo - O Rio Ave pode só ter conseguido aproximar-se do golo na segunda parte, mas já na primeira havia conseguido neutralizar por completo o jogo ofensivo do Sporting, sendo interessante perceber o que conseguiu causar tantas dificuldades, comparativamente com jogos anteriores. Neste ponto, sublinharia o encaixe que o Rio Ave promoveu nas principais unidades ofensivas do Sporting, com uma relevância importante dada às referências individuais. Esta estratégia dos vilacondenses condicionou as principais formas como o Sporting vinha criando espaço no último terço, tirando partido de mudanças rápidas de centro de jogo, nomeadamente através da ligação de corredores. Aqui, a critica e o ponto a rever vai para incapacidade da equipa em reagir ao problema que lhe foi colocado. Perante este tipo de estratégia, aconselhar-se-ia provavelmente maior mobilidade das principais unidades ofensivas do Sporting, de forma a atrair os seus marcadores para zonas menos desejadas, e potenciando assim espaço para outras unidades. Isso, porém, não aconteceu, nem no comportamento dos extremos nem dos médios, e o Sporting permaneceu "encaixado" durante 90 minutos.

Circulação baixa, qualidade e critério - A grande diferença da primeira para a segunda parte explica-se, a meu ver, pelo comportamento pressionante do Rio Ave. Enquanto que na primeira parte Diego Lopes estava mais preocupado com William Carvalho, isolando Hassan no pressing sobre os centrais, na segunda o 10 do Rio Ave juntou-se ao avançado, criando uma presença mais agressiva na primeira linha de pressão. Assim, na primeira parte, e mesmo sem retirar grande partido ofensivo, o Sporting conseguiu ter mais bola porque os seus centrais usufruíam de tempo e espaço para decidir. Na segunda, por outro lado, o condicionamento do Rio Ave teve como reacção uma verticalização mais constante do jogo, com o Sporting a ficar pouco tempo com a bola e a não ter depois eficácia na ligação directa com os elementos mais adiantados. Aqui, a nota vai para dois aspectos que, obviamente, se cruzam entre si: qualidade e critério. O Sporting pareceu eleger Dier como principal referência para o primeiro passe vertical. O jovem central respondeu com carácter, é certo, mas sem a qualidade correspondente, sendo sistematicamente impreciso nas suas solicitações verticais. Ora, não havendo qualidade nesta solução, exigir-se-ia pelo menos outro critério na circulação baixa, de forma a que a equipa não esbanjasse sucessivamente a sua presença em posse. Recuperando a ideia do ponto anterior, a dinâmica dos médios não foi a melhor, embora se possa também antecipar a relutância do Sporting em construir por esta via, tendo em conta o que se conhece da equipa. Outra solução seria o recurso a Rui Patrício, bastante solicitado e com algum sucesso noutras ocasiões, mas não tendo havido, desta vez, paciência suficiente para envolver o guarda redes na fuga ao pressing mais agressivo do Rio Ave. E assim, o Sporting ficou sem qualidade, sem critério e, consequentemente, sem bola.

Alternativa na estrutura defensiva - Não é a primeira vez que o Sporting sente dificuldades de controlo na zona dos seus médios. Em parte, e como desta vez também destacou Jardim, há algum défice de capacidade agressiva da dupla William-Adrien, um problema que pode ser facilmente atenuado com a presença de Rinaudo, tal como foi fez o treinador (nota, já agora, para o facto de pelo terceiro jogo consecutivo Jardim ter feito uma substituição como reacção imediata a uma ocasião do adversário). O problema, porém, pode não se esgotar na capacidade defensiva dos médios. Defensivamente, o Sporting organiza sempre o seu meio campo com 2 unidades mais recuadas e 1 mais adiantada. Ora, isto nem sempre garante um bom equilíbrio posicional na zona à frente da defesa, nomeadamente quando o adversário aproxima um dos extremos do corredor central, como foi o caso do Rio Ave ou como já o havia sido frente ao Benfica. Aqui, para além da introdução de um elemento mais agressivo, talvez fosse aconselhável oferecer maior apoio aos médios mais defensivos, ou pela alteração da estrutura defensiva da equipa (baixando o terceiro médio para uma linha mais próxima dos outros dois), ou simplesmente pelo posicionamento mais interior dos extremos, encurtando a distância para o médio mais próximo, e não permanecendo aberto e apenas em função do lateral adversário. O certo é que até agora o Sporting não contemplou nunca essa alteração estrutural, e tanto frente ao Benfica como frente ao Rio Ave acabou por pagar caro as dificuldades de controlo sobre o seu corredor central.

AddThis