20.9.13
5 jogadas (Benfica, Sporting, Porto e Chelsea)
Jogada 1 - O tema não é novo, e recupero-o, quer do rescaldo do mais recente derbi, quer do comentário que fiz ao jogo com o Anderlecht: o critério posicional dos médios do Benfica. Na realidade, não é uma situação simples visto que o Benfica tem um grande intencionalidade pressionante, adiantando para tal as suas linhas de forma assinalável, e correndo consequentemente o risco de exposição dos espaços que ficam nas costas da primeira zona de pressão. Assim, várias vezes os dois médios são colocados perante o dilema de pressionar ou equilibrar posicionalmente, e a constatação é que quase sempre optam pela primeira solução. Particularmente, Matic. Ora, esta opção parece-me questionável em vários contextos, já que a exposição do espaço entrelinhas, como acontece nesta jogada, ou mesmo da última linha, como sucedeu no lance do golo sofrido no derbi, podem ter um custo muito elevado para a equipa. Relativamente ao espaço entrelinhas, e no caso específico do Benfica, nota para a tendência deste espaço ser exposto em simultâneo com o adiantamento da linha defensiva (já que essa é uma característica forte da forma como o Benfica defende), o que cria uma situação muito difícil para a linha defensiva, confrontada com a necessidade de baixar e, simultaneamente, fazer contenção sobre o portador da bola. Neste jogo e para além deste lance, também o golo sofrido o Benfica tem origem no mesmo tipo de exposição, igualmente com Sérgio Oliveira no papel de "invasor".
Jogada 2 - Já não é a primeira vez que destaco a variação de flanco do Sporting 13/14, embora nos casos anteriores o sublinhado tenha recaído sobre o movimento no sentido oposto, da direita para a esquerda, e para o timing de Jefferson. Desta vez, para além da inversão do sentido da circulação, há também o destaque para o médio (André Martins), que é quem aproveita o espaço criado. A título de curiosidade, este tipo de posicionamento, com o médio oposto ao lado da bola a permanecer aberto, é muito típico nas equipas de Guardiola, precisamente para tentar aproveitar o espaço criado pela abertura do extremo, quando a bola circula à largura. No caso específico do Sporting e de André Martins, parece-me poder ser um movimento a desenvolver, não só pelo bom propósito que tem, mas também porque a meu ver é quando aparece neste espaço que o médio do Sporting mais consegue criar impacto no jogo, não revelando a mesma eficácia quando permanece em zonas mais interiores.
Jogada 3 - O lance que quase dava ao jogo um final de maior emoção. A jogada tem origem num lance de bola parada, o que explica a elevada densidade numérica dentro da área. Aqui, o destaque vai para o aparente défice de preocupação da linha média, relativamente à compensação em zonas mais baixas. Particularmente, Adrien. Com Jefferson adiantado, Adrien permanece (correctamente) mais próximo dos centrais para o primeiro cruzamento, mas quando este sai a sua preocupação com esta compensação dilui-se por completo, afastando-se de forma precipitada e não conseguindo, por isso, reagir a tempo num segundo momento. Em boa verdade, a apatia é generalizada, o que se pode compreender até certo ponto pela forma atípica como o lance foi construído, mas ainda assim penso que se exigiria maior concentração no lance específico. Curioso notar ainda que depois de, no derbi, Jardim ter reagido a um cabeceamento de Cardozo com a entrada de Dier, desta vez pareceu haver uma relação directa entre este lance e a entrada de Rinaudo, logo a seguir.
Jogada 4 - Um pormenor para o lance do golo portista em Viena, e para a movimentação de Lucho. Mesmo perante um forte condicionamento dos médios do Áustria, o capitão portista foi conseguindo ser a grande referência para a primeira fase de construção da equipa. Neste caso, percebe-se como Lucho sai fora do campo de visão do pivot e percebe que o seu adversário não está momentaneamente atento à sua acção, encontrando assim o timing ideal para baixar e oferecer uma linha de passe que surpreende a oposição. Recuperando o tema abordado no inicio da semana, é por este tipo de percepção que será sempre muito complicado substituir Lucho nesta posição especifica.
Jogada 5 - O caso do Chelsea de Mourinho. As derrotas numa equipa como o Chelsea, nunca são algo inevitável e têm de contar sempre com algum tipo de alinhamento astrológico. Não desfazendo, este inicio do Chelsea não pode ser muito surpreendente para quem viu os primeiros jogos. De facto, há muito trabalho pela frente para Mourinho (e, confesso, esse é um dos meus principais pontos de interesse neste momento), com dificuldades em praticamente todas as fases do seu jogo ofensivo. Tanto no duplo pivot, onde não encontrou ainda uma dupla que produza o rendimento ideal, como mais à frente onde a liberdade do tridente criativo se continua a confundir com alguma anarquia, nomeadamente pela forma como a equipa perde largura em repetidos momentos do seu jogo, acabando por ficar confinada ao corredor central (são raros os cruzamentos, o que no futebol inglês é algo raro). Já o havia referido, no rescaldo da supertaça europeia, que este Chelsea parece sobretudo mais forte nos jogos em que não tenha de assumir o domínio territorial.
No caso que recupero é visível a dificuldade de construção da equipa, sobretudo a sua aparente obsessão pelo corredor central, acabando por redundar numa perda de bola de grande potencial para a transição. Outra nota, mais positiva, para a capacidade recuperação de Ivanovic, que no inicio do lance está aberto e na linha da bola, mas que ainda assim consegue chegar a tempo de condicionar a finalização de Jelavic.