17.9.13

Quintero "e" Lucho? Porque não?

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Ao quinto jogo oficial, eis que chegou finalmente a vez de Quintero! As sucessivas aparições, sempre a impressionar a partir do banco, como que encurralaram o treinador, praticamente forçado a entregar uma oportunidade no onze ao talento colombiano. E assim aconteceu, frente ao Gil Vicente, tivemos Quintero e... não tivemos Lucho.
Mas, ao virar desta página, da ascensão de Quintero até à titularidade, eis que surge novo problema. Paradoxalmente, foi quando teve mais tempo para o fazer que o colombiano menos impressionou. Sem os rasgos que o haviam catapultado para o topo das preferências entre os adeptos, e mesmo com alguns reparos - ainda que subtis - do treinador, relativamente à sua capacidade de pressão. Por outro lado, relembro... não tivemos Lucho.

Quintero "ou" Lucho? A "posição 10"
Afinal, qual a diferença entre Quintero e Lucho, no desempenho da denominada "posição 10"? 
Pois bem, primeiro há que enquadrar a própria função da posição no modelo colectivo. Quem joga nesta posição tem, sucintamente, duas missões: com bola, procurar movimentar-se sobretudo dentro do bloco (e sublinho "dentro do bloco"!) defensivo adversário de forma a encontrar soluções de passe para a construção, especialmente no já famoso espaço entrelinhas, nas costas da linha média e na frente da linha defensiva. Sem bola, cabe-lhe juntar-se ao avançado de forma a condicionar a primeira fase de construção contrária em praticamente todo o campo, mas tendo também de baixar para auxiliar a linha média, sempre que o adversário progride para uma fase mais adiantada do seu jogo.
Resumindo, e para ser claro, para este jogador estão destinados, quer a atacar, quer a defender, provavelmente as missões mais difíceis de desempenhar. Ou, pelo menos é essa a minha opinião. A atacar, porque tem de jogar quase sempre de costas para a baliza e dentro do bloco adversário, o que oferece toda a vantagem a quem defende. E a defender, porque há uma imensidão de espaço a controlar, e quase sempre em inferioridade numérica. Em ambos os casos, ofensivo e defensivo, o atributo fundamental é a capacidade de leitura do jogo e, especialmente, dos espaços. Não é fácil!

Ora, é neste contexto, e sobretudo perante adversários mais fechados, que Lucho ganha vantagem em praticamente todos os parâmetros, relativamente a Quintero. Movimenta-se como ninguém entrelinhas, sabendo esperar e procurar o timing certo para aparecer nas costas da linha média. Defensivamente, e já o destaquei também várias vezes neste particular, tem um tempo de pressão notável, sendo extremamente útil para o desempenho defensivo de toda a equipa.
Já Quintero é diferente. Tem o perfil daquilo que apelidaria de "10 clássico", procurando sempre ser o farol da equipa através de um envolvimento constante no jogo, nem que para isso seja obrigado a baixar para uma fase mais precoce da construção. Defensivamente, por outro lado, não tem nem intensidade nem vocação para ser muito útil à pressão colectiva.

Quintero "e" Lucho? Porque não?
É evidente Quintero pode evoluir dentro da tal função que descrevi, ou mesmo a equipa poder-se-á adaptar ela própria às características do talento colombiano. Mas porquê ter de optar entre Lucho e Quintero? Porquê ter de escolher entre a leitura de jogo de um, e a capacidade de desequilíbrio do outro? Porque não manter Lucho num papel que tão bem tem desempenhado? Porque não enquadrar antes Quintero à direita, onde poderá encontrar melhor enquadramento para o transporte a bola, da ala para dentro, e aí criar os seus desequilíbrios, sem ter de correr quilómetros para defender ou oferecer uma linha de passe à primeira fase de construção?
É uma convicção que já vem de trás, mas continua a parecer-me a melhor opção...

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