16.9.13

Notas do Olhanense - Sporting

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Será assim tão impossível lutar pelo título? - À quarta jornada, o Sporting é o contra exemplo da sua própria teoria. Ou melhor, da teoria construída em seu redor, de que não poderia ser candidato ao título. Para ser objectivo, candidatos ao título, por definição, todos são, assim participem na prova, a questão tem a ver com a probabilidade de efectivamente a vencer. No caso do Sporting, é evidente que as suas aspirações não podem ser as mesmas dos rivais, mas isso não quer dizer que seja irrazoável a hipótese de que se venha a incluir na corrida. Afinal, será assim tão improvável que a equipa continue a levar a melhor em duelos directos frente adversários notoriamente menos capazes, como foram Arouca, Académica e Olhanense? É que se o fizer, o Sporting acabará inevitavelmente por prolongar a esperança de atingir o que lhe foi projectado como impossível.

Novo jogo, mesmos sinais - Nenhum jogo é absolutamente igual aos anteriores, já se sabe, mas no Algarve o Sporting voltou a revelar as mesmas características de outras partidas. A saber, uma construção orientada para os corredores laterais do campo e com pouca incidência na progressão através dos médios, a afirmação do domínio territorial mas com algumas dificuldades em transformar directamente a posse em proximidade com o golo, extraindo ao invés as suas principais ocasiões dos pormenores do jogo, como bolas paradas ou a saída rápida a partir de jogadas divididas que tiram partido da menor organização pontual do adversário, e tendo nos cruzamentos e nas dinâmicas dos corredores laterais a sua principal arma ofensiva (com Jefferson, de novo em evidência, ainda que desta vez sem ter causado danos práticos no opositor).
Foi novamente dentro desta linha exibicional que o Sporting alicerçou o seu terceiro triunfo na Liga, tendo sido inegavelmente mais forte do que a oposição, mas - é importante notar - contando também com a indispensável contribuição da eficácia, porque o Olhanense criou ocasiões suficientes para ter feito um golo, o que num contexto de menor felicidade para o Sporting, poderia até ter complicado a obtenção dos três pontos.

As novas dúvidas de Jardim - A quarta jornada trouxe ao Sporting um novo onze, e terá trazido também novas dúvidas para as escolhas de Jardim. Os centrais, os extremos e, já agora, o médio ofensivo, poderão estar em causa.
No caso dos centrais, a lesão de Rojo forçou uma alteração, com a entrada de Dier. Para ser sincero, parece-me já existir uma ansiedade (sobretudo vinda do exterior) para lançar Dier na equipa. Algo que para mim é de certa forma estranho, porque só o vi como central na pré época e as indicações com que fiquei não foram especialmente entusiasmantes. Mas, o que fará Jardim quando Rojo regressar? Esta é uma questão que me suscita interesse especial porque tenho a sensação de que ela se envolve por uma série de predisposições que condicionam a avaliação mais objectiva dos jogadores em causa. Relativamente a Dier, porque no Sporting, mais do que em qualquer outro lado, há algum maniqueísmo a envolver os jogadores da formação, ora transformando-os naquilo em que ainda não são, ora desvalorizando completamente o que ainda poderiam vir a ser. Relativamente a Rojo, porque é presença habitual na selecção argentina, logo fica um pouco difícil defender que não tem qualidade ou que não merece um lugar na equipa. E, finalmente, relativamente a Maurício que é quem sai a perder neste balanço já que não só não é um produto da formação nem uma presença habitual na selecção argentina, como ainda por cima vem da segunda divisão do Brasil, o que lhe valeu logo uma colecção de narizes torcidos à sua contratação, ainda antes de ter começado sequer a jogar. Perante isto, não tenho a menor dúvida de que Maurício (que, a propósito, teve um erro quase comprometedor neste jogo) será entre os três aquele que menor margem de erro terá. Se não for assim para Jardim, sê-lo-á seguramente para a opinião generalizada.
À quarta jornada, houve também mexidas nos extremos, com a viagem de Carrillo a ser a oportunidade de Capel. O extremo espanhol respondeu bem, dentro do seu estilo, sendo dos jogadores mais activos no ataque da equipa enquanto esteve em campo. A questão coloca-se agora sobre o que fazer no final de uma semana em que todos estarão em pé de igualdade? A meu ver e por razões diversas, justificar-se-ia recuperar a aposta em Carrillo e Wilson, e penso que poderá ser também essa a ideia de Jardim.
Finalmente, o caso de Vitor e André Martins. Convém, em primeiro lugar, voltar a sublinhar que na equipa que vem jogando o papel confinado a Adrien não é o mesmo que aquele que está a ser desempenhado por André Martins, e mesmo na pré época os dois nunca ocuparam o lugar um do outro, ainda que seja da opinião de que o puderiam ter feito. Ou seja, esta não deve ser uma luta a 3. Frente ao Olhanense, André Martins justificará o destaque principal do jogo, sobretudo pela sua envolvência decisiva, mas mesmo assim deu o lugar a Vitor a 20 minutos do fim, o que pode indicar que Leonardo Jardim não fecha a porta à possibilidade de incluir o novo reforço nas contas da titularidade. Para já, porém, Martins deverá estar a salvo dessa ameaça, pela envolvência decisiva que conseguiu nos últimos dois jogos e por surgir mais enquadrado nos movimentos em que me parece ser mais forte, surgindo sobre o corredor direito a partir da zona central. A questão da capacidade de desequilíbrio tem de ser central na questão em torno desta posição, já que a sua envolvência no jogo está reservada para as zonas mais próximas da baliza e não tanto para a fase de construção. Afinal, de que serve aparecer entrelinhas e em zonas terminais do terreno se depois isso não tem consequência prática? E é esse o desafio de André Martins para que se possa afirmar neste papel especifico, tornar mais consistente a sua influência decisiva. Quanto a Vitor, foram a meu ver 20 minutos positivos, não tendo dado para muito em termos ofensivos, mas revelando uma assinalável percepção dos espaços a ocupar, algo que se traduziu por exemplo na efectividade da sua presença pressionante, que é outro aspecto algo menosprezado mas que tem a meu ver grande relevância nesta posição.

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