28.8.13

Porto: Notas da segunda vitória no campeonato

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- Começo com uma nota sobre o Marítimo, e aquilo que tentou fazer para evitar o desfecho mais do que provável. Pedro Martins apresentou um 4-1-4-1 muito baixo, e com os elementos da linha média a sair muito pouco da sua posição para condicionar a construção contrária. Com um posicionamento tão baixo, a equipa poderia controlar melhor os espaços essenciais, e certamente que foi essa a ideia por detrás da opção. Mas, porque uma equipa não pode pensar em sobreviver 90 minutos só a defender, é preciso o outro lado da estratégia, que é saber como é que vai conseguir evitar que o Porto passe a totalidade do tempo instalado no seu meio terreno. Defendendo tão baixo, a hipótese da transição fica altamente comprometida, restando a solução da construção. O Marítimo optou, sem surpresa, por tentar reposições longas, na expectativa de ficar com a segunda bola, o que na verdade raramente aconteceu. O meu ponto aqui, é que me parece fundamental que as equipas tenham um forte enfoque também neste segundo lado da estratégia: o vão fazer com bola. Se vão defender baixo, provavelmente terão de conseguir ser muito fortes na construção longa (se for esta a opção), caso contrário provavelmente valerá a pena arriscar um bloco mais alto que favoreça mais a exploração do momento de transição. Não quero com isto fazer uma critica ao caso concreto do Marítimo, até pela dificuldade que representa um embate destes para os treinadores das equipas mais fracas, é apenas uma nota que deixo sobre a importância que me parecem ter os dois lados da estratégia num desafio deste tipo.

- Perante a postura do seu adversário, o Porto afirmou facilmente o seu domínio no jogo, mas só quando conseguiu fazer um bom uso do espaço entrelinhas é que conseguiu ser verdadeiramente consequente no último terço. Aqui, o destaque vai para o papel de Lucho, cujo timing de movimentação neste espaço o distingue de qualquer outra solução no plantel e, diria mesmo, em Portugal. A espaços, também, Josué apareceu bem neste espaço, sempre a a partir da ala. Paradoxalmente, porém, foi numa acção menos trabalhada colectivamente que o Porto chegou ao primeiro golo, mas para isso também terá contribuido o demérito de Briguel na abordagem ao lance.

- Paulo Fonseca passou grande parte da pré época a utilizar extremos abertos, e com pouca tendência para procurar espaços interiores. Esse propensão parece ter mudado, e o Porto apresentou muitos movimentos interiores, obviamente diferentes em função dos protagonistas, mas todos convergindo para o corredor central. Licá procurando mais os movimentos de rotura, Josué e Quintero intervindo mais próximo da zona de construção. Mesmo os laterais têm alguma propensão para movimentos interiores, sobretudo Danilo cuja dinâmica é extremamente atípica neste particular. Parece-me que este tipo de movimentos fazem todo o sentido, e já tinha estranhado a sua raridade durante a pré época. No entanto, também aparenta haver alguma perda de largura em algumas situações, com a ausência pontual de alternativas de passe nos corredores, o que é algo que não me parece ideal. Por exemplo, poderia fazer sentido que Jackson complementasse os movimentos interiores de Licá, abrindo ele próprio na ala, o que não acontece.

- Na segunda parte, houve uma alteração da estratégia do Marítimo, com um posicionamento mais alto e com maior presença numérica na primeira linha de pressão. O jogo tornou-se mais repartido, mas também com muito mais espaço entre os sectores do Marítimo, o que poderia ter conduzido a um desnível maior no marcador, já que embora mais ameaçado o Porto conseguiu manter sempre o controlo da sua zona defensiva. E esta é outra nota positiva na exibição portista, já que se não forem consentidas oportunidades aos adversários, dificilmente os três pontos acabarão por fugir.

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