3.3.12

Montanha russa

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- O jogo foi assim como o próprio momento do campeonato, uma montanha russa. Não posso dizer que não estivesse avisado - afinal, já escrevi sobre isso há muito - mas ainda assim, fui apanhado de surpresa por esta descida a pique do Benfica de Jesus. No jogo, como no campeonato. Está tudo em aberto? Pois está, mas para uns está menos do que para outros, e é bom não dar os primeiros 2 lugares como entregues. Enfim, o jogo ainda está demasiado fresco para se avançar a esse ponto, mas para o Benfica este pode ser um momento de viragem importante, mesmo para além desta época. Aguardemos os próximos capítulos. Agora, já se sabe, no futebol a emoção é dominante sobre a razão...

Precisamente, é o predomínio da emoção que faz deste um fenómeno em que o vencedor fica com tudo ("the winner takes it all", é a expressão que estou a adaptar). Neste momento, é o Porto que voltou a ter tudo na mão. O título, os sorrisos e a cabeça levantada. Sim, porque se durante meses Vitor Pereira foi quase que forçado a baixar os olhos perante o peso mediático de tantas criticas (é curioso, mas agora que penso nisso, acho que nunca ouvi ninguém dizer que gostava dele desde que se tornou treinador do Porto), hoje e enquanto estiver na frente, serão os outros que baixarão os olhos perante o treinador. Não há qualquer racionalidade nestes volte faces, mas esse é precisamente o ponto do fenómeno futebolístico, a emoção sobre a razão.

Não prometo voltar com mais pormenores sobre o jogo (não digo que não o farei, mas já uma vez prometi e não pude cumprir em tempo útil...), mas ficam algumas perguntas: O primeiro golo resultou de um remate sensacional, mas pode entrar por ali, naquele ângulo e àquela distância? E o último (independentemente da legalidade do lance), devia Artur ter chegado primeiro a uma bola que é disputada ainda na pequena área? Depois, a importância das bolas paradas, não apenas pelos golos directamente resultantes, mas por outros 2, que têm génese na transição após a cobrança de cantos. Não será o instante após os lances de bola parada o momento de maior desorganização e instabilidade táctica nos jogos? Face ao equilíbrio e dificuldade em desequilibrar nos outros 4 momentos, serão as bolas paradas o momento que actualmente mais define diferenças entre as equipas?

Finalmente, duas notas sobre o comportamento do Benfica. O primeiro para o risco em posse, que Jesus tanto pareceu querer controlar mas que o voltou a trair na hora da verdade. O Benfica sofre 2 golos após perdas (mérito de Fernando) em que a conservação da posse é fundamental para a manutenção do controlo. Principalmente o 2-2, pela situação de vantagem, que aconselhava risco mínimo, e pela própria ausência de necessidade da equipa se expor na situação concreta, já que acabara de concluir uma transição que terminou na área adversária, não exigindo perda de equilíbrio colectivo. É o outro lado da entusiasmante vertigem do futebol de Jesus, por vezes há um preço a pagar e não parece haver mesmo nada a fazer. A outra nota é sobre Cardozo. Com a derrota ninguém vai reparar muito, claro, mas marcou mais 2 em jogos "grandes". Ao fim de tantos anos, mantém melhor aproveitamento em jogos difíceis do que em jogos fáceis, o que não é apenas interessante, mas um perfeito contra senso. Lá está, o futebol não se explica, constata-se.

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