Um golo, como se sabe, não precisa de apresentações, mas se há nulos que se anunciam, este terá sido um deles. Isto, pela escassa proximidade que ambas as equipas mantiveram com o golo ao longo de toda a partida. O Benfica pode e deve lamentar-se de si próprio, claro, porque não fez o suficiente para se aproximar do seu objectivo. Pode, também, relativizar a frustração pelo contexto (ainda que isso lhe sirva de pouco). Pelo campo, aparentemente com poucas condições para promover uma boa circulação. Pelo adversário, que aparenta ter como nenhuma outra equipa, um culto do empate. Pelo desgaste da sequência de jogos que, apesar de tudo, ainda está no inicio. E abordo estes últimos dois pontos, o culto do empate do Olhanense, e o desgaste do Benfica...
Sobre a tendência para o empate do Olhanense, não terá a ver com os treinadores, já que esta é a equipa que nas últimas 3 épocas, e com diferentes lideranças, sempre averbou mais empates nos seus jogos. São 38 em 84 jogos desde que regressou ao primeiro escalão... Impressionante! Não tenho resposta para o porquê da tendência, mas há de facto equipas que tendem mais para o empate do que as outras, parecendo estimular-se sobretudo pela aversão à perda. Dois exemplos onde este fenómeno aparece exacerbado são a segunda liga portuguesa e o recente 4-4 entre Olhanense e Nacional, com o marcador a surgir sempre de forma alternada. Enfim, como sempre digo: o futebol constata-se, muito mais do que se explica.
Sobre a sobrecarga competitiva, não faltam exemplos de equipas que sentem dificuldades em manter níveis exibicionais quando jogam poucos dias após um grande desgaste emocional e físico. O próprio Jesus por várias vezes se referiu ao problema do "terceiro jogo", focando-se bastante na questão física. A minha dúvida, porém, tem mais a ver com a possibilidade de haver uma dificuldade de manutenção dos índices de concentração em ciclos competitivos apertados.
Para além de todas estas dúvidas, claro, está a questão do futuro imediato do Benfica, que não se afigura fácil. Este empate, surgindo antes de um ciclo absolutamente decisivo, vem acrescentar ainda mais pressão sobre a equipa. Não tarda muito para termos as respostas, mas todos percebem que um final feliz começa a afigurar-se como um cenário de cada vez menos probabilidade...