Mais pistas faltassem, a conferência de imprensa de Mota oferecê-las-ia. Recordando o jogo em que o agora treinador do Setúbal defrontou o Sporting, não seria difícil antever que estratégia teríamos para este jogo. E assim foi. Tivesse o Sporting segurança na sua construção e a estratégia faria o Setúbal aspirar, no máximo, ao zero zero. Sem segurança, tornou-se numa estratégia com outras potencialidades.
A expectativa que tinha de um bom inicio de Sá Pinto já se havia esfumado, como escrevi após o jogo com o Paços de Ferreira. O calendário sugeria-o, de facto, mas o meu optimismo ignorou o obstáculo que representaria mudar alguns comportamentos em pleno climax competitivo. Comportamentos que exigem outro contexto para poder evoluir. Poderia lá chegar por outra via, ganhando tempo através de vitórias alicerçadas no controlo e estabilidade defensivas, como sugeriram os 2 jogos anteriores, mas bastou o primeiro sobressalto para se perceber que a confiança neste momento tem a consistência de um castelo de cartas. Polga será o maior exemplo desta relação entre a falta de confiança e o descontrolo. Fez um inicio de época relativamente estável, com as suas virtudes e defeitos, mas desde que a equipa perdeu contacto com o seu principal objectivo, que acumula erros individuais, jogo após jogo. Mas não é apenas Polga, como bem se vê...
A meu ver, o Sporting teve fases bem diferentes, como de resto parece corroborar o gráfico que acompanha o texto. Um inicio de boa produção mas com grande ineficácia, que custou pontos relevantes, um segundo período de maior eficácia, onde manteve um rendimento bastante elevado, e uma queda abrupta após o jogo com a Académica, quando perdeu contacto com o objectivo de liderança. Actualmente, temos a fase mais preocupante, porque a produção de jogo da equipa está nos níveis mais baixos da época e sem um contexto de dificuldade que o justifique.
Tenho abordado aqui o tema da fragilidade do futebol, e essa ideia aplicada ao caso do Sporting atribui uma enorme incerteza sobre os limites negativos a que a equipa poderá chegar. Um cenário negro, mas que poderá não ser irreal se não for rapidamente invertido.