7.3.12

Enfim, um suspiro...

ver comentários...
O valor das equipas não faz desta uma vitória obrigatória ou banal, mas também nada mais do que normal. Por mérito do Benfica, para que não me interpretem mal. No entanto, o contexto torna-a especialmente relevante. Por interromper um terrível momento negativo e pela relevância da competição. Pode ser importante para uma equipa que, mais do que a maioria, tem na confiança um combustível essencial, dado o arrojo da sua proposta de jogo. Pode ser também um factor de distracção para o que resta do campeonato. Será que vai ser? A história do Benfica de Jesus sugere-nos que sim, mas logo se verá.

Não o referi na altura, mas a opção de Jesus que mais me surpreendeu no clássico de Sexta Feira foi a ausência de Bruno César. O Benfica é uma equipa que tem algumas características raras (o que a torna, em termos tácticos, muito interessante), e uma delas é a disposição que assume em construção, utilizando muitas vezes apenas 1 médio no corredor central. Ora, isto é naturalmente um condicionalismo para que o centro seja uma alternativa de progressão, e por isso vemos tantas vezes os corredores laterais a serem explorados no inicio das jogadas encarnadas. Outra implicação é a exigência de mobilidade de outros jogadores, nomeadamente pelo menos um dos avançados e os extremos. Ora, é aqui que entra Bruno César, já que (e já escrevi sobre isto há algum tempo..) o brasileiro é, com alguma distância, o extremo que mais fiabilidade oferece à posse, sendo essa uma característica que ganha relevo à medida que a zona de intervenção se torna mais central. A minha surpresa em relação à opção não se dá apenas por esta minha constatação, que no limite poderia ser apenas minha, mas pelo facto do próprio Jesus ter feito algumas referências no mesmo sentido, nomeadamente após o jogo da primeira volta, no Dragão. Ora, hoje Bruno César esteve inspirado e foi decisivo, mas mesmo que não o tivesse sido, na minha opinião, a sua utilização fazia sentido, como teria feito frente ao Porto, e fará quase sempre que o adversário seja de um nível qualitativo mais elevado. E essa capacidade viu-se também na fase de maior necessidade de gestão da posse por parte da equipa.

Outro jogador que faz sempre sentido neste Benfica, e um pouco pelos mesmos motivos, é Witsel. Impossível não ser seduzido pela sua forma de tratar a bola, de tal forma até que isso pode até levar a algumas conclusões menos rigorosas sobre a sua influência em termos de presença em posse (o que a meu ver acontece com compreensível frequência). Seja como for, Witsel tem a virtude de ser um jogador de pausa e valorização da posse, numa equipa viciada em aceleração e velocidade. Witsel, diria, acrescenta bom senso ao futebol do Benfica.

Voltando ao inicio, fica a dúvida e um mergulho na irracionalidade que envolve o jogo: até onde é que é preciso ir na Champions, para que se "salve" uma época em que se perde o campeonato?

- No outro jogo da noite, o Arsenal conseguiu o surpreendente feito de encostar a eliminatória em apenas 45 minutos. Por um lado, a ameaça de reviravolta sugere que o 4-0 da primeira mão não fora assim tão decisivo. Por outro, no entanto, essa é precisamente a vantagem decisiva de um 4-0, até dá para perder por 3!

AddThis