Mais um empate para o Sporting. Não deixa de ser curioso que, depois de uma pré época em que tanto se falou dos aspectos defensivos, seja pelo lado ofensivo que a equipa fica a dever a si própria melhores resultados, no arranque oficial. Curioso, mas não surpreendente. Algumas notas de opinião sobre o jogo:
- "ganhar" e "jogar bem". A dicotomia de que havia escrito, na última análise. Não é possível "ganhar" com frequência, sem "jogar bem". Mas, de igual modo, não me parece provável que se "jogue bem" muitas vezes, sem "ganhar". O Sporting não fez um grande jogo, mas teve ocasiões mais do que suficientes para se exigir um golo. Um golo que daria outra confiança, outro conforto, e, com alguma probabilidade, outra exibição. Sem o golo, sem a eficácia, não se fomenta a própria confiança, e alimenta-se, ao invés, a esperança de quem acredita num feito. Não surpreende a quebra na recta final do jogo, assim como não me parece preocupante a exibição. Não, porque não se pode esperar que uma equipa possa manter sempre o mesmo o ritmo, a mesma intensidade mental e física, durante 180 minutos, numa mesma semana, e sempre lidando contra a frustração de ter o resultado a seu desfavor. Mas, parece-me preocupante, isso sim, que vá acumulando essa mesma frustração.
- Domingos apostou, creio que deliberadamente, nos mesmos. Discordo que este seja o melhor onze, e entendo que há mesmo erros potencialmente crónicos (finalização, já se sabe), mas estou de acordo que, havendo uma aposta, esta seja continuada. Aliás, é assim que deve ser, se realmente houver confiança nas avaliações previamente feitas. Mas, regressando à questão do onze, a vantagem de o repetir passa por, não só cimentar rotinas, como poder evoluir em especificidade e, mais importante que tudo, alavancar a confiança dos protagonistas, quer no plano inter-relacional, quer na relação de confiança com a própria proposta de jogo que está a ser implementada. Dois problemas aqui: 1) é claro que o melhor onze acabará por não ser este (pelo que a especificidade não se aplica como devia). 2) Sem vitórias o efeito confiança fica, no mínimo, limitado. Este foi, de resto, um aspecto que abordei muito no ano passado, com o Porto, e que considero poder ter sido muito importante para o crescimento da equipa.
- Finalmente, falar de outro problema já antecipado: as lesões. Já se sabia de Rodriguez (ainda não aconteceu), Izmailov, Bojinov e Matias. Agora, o jogador que mais resposta tem dado em termos de capacidade de desequilíbrio, Jeffren, também ameaça ser inconsistente na sua disponibilidade. Não ajuda...
Em relação aos outros resultados de equipas portuguesas, pouco optimismo. Os nulos, não sendo maus, também não abrem espaço para grande confiança. O resultado em Madrid é normal. Pelo menos o Braga, seria bom que passasse...
Nota também para os treinadores portugueses. Jesualdo, num Panathinaikos em franco desinvestimento, foi copiosamente batido em Israel. Não menos "copioso", foi o desaire de Paulo Sérgio frente ao Tottenham. É certo o desnível, mas 0-5, é sempre muito. Finalmente, o excelente arranque de Carvalhal, no Besiktas. É um caso que acompanharei com curiosidade, porque os turcos têm uma excelente equipa, que, acredito, pode ser muito melhor aproveitada com o treinador português. É uma grande oportunidade para Carvalhal, num grande clube, de um país com enorme potencial para crescer nos próximos anos. Entre os jogadores, tenho particular esperança na evolução de Manuel Fernandes. Se evoluir no critério, poderá, ainda, tornar-se num grande jogador.
Outro caso a não perdeer, é o da Roma. O primeiro "case study" de importação do "modelo barça", e um enorme teste à viabilidade da ideia. Maior do que qualquer das teorias entretanto defendidas, seja num sentido, ou noutro. Os resultados não são ainda definitivos, mas são, para já, desastrosos (só vi 1 jogo, e percebe-se porquê...). Enquanto Luis Enrique continuar, e mantiver o modelo, o balanço vai a tempo de ser invertido...