A época pode ainda estar em aquecimento, mas o calor (que tem faltado nas praias) parece já ser bem intenso em Guimarães. Ainda bem. É um clube que se exige sempre muito e, por isso, estar ou não na Liga Europa, não é um pormenor. Se é assim, se há mais pressão, é porque o Vitória é, realmente um clube maior. Machado sabe-o, e, por isso, só mesmo a temperatura anormalmente alta em Guimarães, pode justificar a sua reactividade.
Alguns pontos interessantes sobre esta eliminatória. Primeiro, o "bom resultado" que é o 0-0, na primeira mão. Aparentemente, era bom para todos. O treinador do Midtjylland até citou Mourinho para o justificar. Não creio que 0-0 seja sempre um bom resultado em casa, mas, neste caso, talvez tenha sido mesmo, se considerarmos o óbvio não favoritismo dos dinamarqueses. Afinal, se a probabilidade inicial é perder, quanto mais próximo estiver de uma decisão pelo pormenor, melhor (o limite são, obviamente, os penaltis). Já para o Vitória, como favorito, o nulo trazia a responsabilidade acrescida de ter menor margem de erro, ainda que para o seu próprio estádio. E viu-se como um detalhe podia ter deitado tudo a perder.
O segundo ponto de interesse vai para a indignação de Machado, sobre a desvalorização que foi feita ao adversário. É verdade que é um erro desvalorizar o valor de uma equipa que não se conhece. Não só porque é o primeiro passo para perder, mas também porque cada vez os níveis competitivos se equiparam, neste patamar. Mas também se percebe que, realmente, o valor do Vitória era consideravelmente superior. Percebe-se, porque, se não se não fosse assim, a instabilidade que se apoderou do Vitória após o 0-1 nunca lhe permitiria "encostar" um adversário na base do coração, sem que isso lhe tivesse custado mais dissabores. E, se há coisa que os adeptos do Vitória conhecem, são os efeitos dos desequilíbrios emocionais da sua equipa no Afonso Henriques.
O terceiro ponto, é Soudani. Nunca o vi jogar, mas é um caso que quero seguir. Tem números de concretização impressionantes nos últimos anos e será interessante ver como encaixará o conflito de realidades. Estava esperançado que viesse para Portugal...
Quarto, e último ponto, para uma questão o futuro imediato deste Vitória: tendo em conta o futebol praticado e a temperatura envolvente, que hipóteses tem Machado de sobreviver, com 2 jogos com o Porto pela frente? À partida, poucas, parecendo tudo até bastante óbvio. Mas, recorrendo à memória, talvez seja melhor não o subestimar...