6.11.10

Porto - Benfica: Antevisão táctica (Breves)

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- Ainda que sem exageros, creio que se justifica o favoritismo portista. O factor casa é relevante, mas o que mais contribui para esta opinião é a sagacidade estratégica que ambos os treinadores revelam em jogos deste calibre. Ou seja, enquanto que Jesus se concentra por completo nos detalhes de posicionamento base, Villas Boas atribui maior relevância aos comportamentos e prioridades que a equipa deve assumir em cada um dos momentos de jogo. Apesar desta constatação não ir de encontro ao discurso do próprio – tantas vezes auto elogioso quando as coisas correm bem – o facto é que as equipas de Jesus têm pago sucessivamente o preço desta lacuna. Se corrigir alguns riscos que a equipa corre com bola, este raciocínio perderá toda validade, mas os indícios não apontam nesse sentido...

- No Porto, e salvo contrariedades de ordem física, não espero nenhuma surpresa. Porque não há razão para tal e porque não houve, também, tempo de treino para preparar algo que altere muito aquilo a que normalmente assistimos. Apesar de jogar em casa, não creio que Villas Boas tenha algum problema em adoptar uma estratégia semelhante àquela que apresentou na Supertaça. O Benfica tem repetido sucessivos erros na sua primeira fase de construção e poderá, de novo, assumir o mesmo tipo de riscos, mesmo jogando no Dragão. Se tal acontecer, será o Porto quem terá mais probabilidades de tirar partido.

- Jesus gosta de mexer estruturalmente nestes jogos. Ultimamente, e para a Liga dos Campeões, tivemos uma versão mais clássica do 4-4-2, com Martins a jogar perto de Javi Garcia. É provável que tal se repita no Dragão, até porque a equipa vem de um resultado positivo nessa estrutura. Mas há mais a equacionar, nomeadamente na protecção das laterais. O dilema de Jesus prender-se-á com a utilização, ou não, de Coentrão como lateral. É certo que Coentrão tem uma agressividade potencialmente útil para o confronto com Hulk, mas também é um facto que o ex-Rio Ave tem por estes dias uma capacidade de desequilíbrio demasiado valiosa para ser reprimida. Se Coentrão jogar com a liberdade habitual, Villas Boas poderá manter Hulk solto para a transição, dispensando-o de tarefas de acompanhamento ao longo do corredor, e colocando, por exemplo, Moutinho a fechar sobre a direita. E, se há coisa que Jesus quererá evitar, é ver Hulk em transição. Honestamente, não tenho nenhuma convicção sobre aquilo que Jesus poderá fazer...

- Termino, referindo-me ao Benfica e recuperando a ideia do primeiro ponto. Se Jesus colocar como foco primordial a segurança na zona de construção – mesmo que isso implique alguma perda de fluidez no ataque posicional – então estará mais próximo de colocar dificuldades ao Porto, não lhe permitindo jogar em transição. A zona de recuperação portista será, ao que tudo indica, um dado fundamental, na definição do jogo.

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