2.11.10

Leiria - Sporting: Análise e números

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Havia algumas dúvidas sobre a capacidade de resposta das equipas. O Sporting porque, de novo, iria mexer muito. O Leiria porque, depois do deslize no Dragão, enfrentava novo teste, desta feita numa abordagem diferente. Claramente foi o Sporting quem se deu melhor. Teve a inspiração para ganhar vantagem na primeira parte e, depois, a qualidade para justificar o dilatar da mesma, na segunda. Neste campo muito debatido – o da eficácia – convém, de novo, colocar alguns “pontos nos is”. Ou seja, se é verdade que o primeiro quarto de hora do segundo tempo teve ocasiões mais do que suficientes para conseguir mais golos, também é um facto que o Sporting criou um número modesto de ocasiões para os 2 golos que marcou. Mas aí, como disse, valeu a inspiração.

Notas Colectivas
Começo por alguns dados estatísticos que ajudam a explicar o jogo. Os centrais fizeram 43 passes, quando, em média fazem 80 por jogo. O jogador mais accionado, entre todos, foi Hélder Postiga, ou seja o ponta de lança, o que é completamente incomum. Com tudo isto, o Sporting fez o jogo com menor número de passes completados na Liga, mas sem que isso resultasse de uma perda de qualidade ou eficácia ao nível do passe. O que se passou? O Leiria apostou numa postura mais alta, mas não se soube proteger devidamente no espaço entre linhas, permitindo que as jogadas do Sporting fossem mais verticais do que normalmente são e, por isso, tivessem necessidade de menor circulação.

Ora, perante este cenário, claramente o Sporting deu-se melhor. Porque tem uma óptima qualidade de passe na sua fase de organização e facilmente “saltou” o pressing. Depois, o Leiria abria demasiado espaço no seu bloco para impedir chegadas em boas condições à sua área. Da parte dos leões, a única critica a fazer em relação ao jogo é algum controlo que não conseguiu no espaço entre linhas. A postura do Leiria potenciava um jogo esticado e com grande presença ofensiva em ambos os extremos do campo. Cabia ao Sporting evitar que o jogo caísse no descontrolo da loucura da parada e respost. Por vezes fê-lo bem, noutras, nem tanto.

No fim de tudo isto, há que falar da dinâmica, numa estrutura que não é nova. Tudo resulta sobretudo das características individuais e não de novas ideias ou rotinas colectivas. Claramente o resultado neste primeiro jogo foi bastante bom, mas é preciso ter prudência antes de retirar grandes conclusões na base de um só jogo – sobretudo este.

Nota final para o Leiria. Assumiu um jogo em que ofereceu óptimas condições ao Sporting para atacar, mas o seu erro não é apenas estratégico. Há diversos erros organizacionais, quer na compacidade do bloco (daí o espaço entre linhas), quer na reacção da sua última linha a um posicionamento mais alto e agressivo (no Dragão isto foi catastrófico). Tem alguns bons jogadores, mas parece-me que Caixinha tem um futuro de grandes dificuldades.

Notas individuais
Abel e João Pereira – Juntos, formam uma ala direita com mais capacidade de recuperação e equilíbrio defensivo. Abel é um bom lateral e fez, na minha opinião, um bom jogo, sobretudo defensivamente. João Pereira, como diz Paulo Sérgio, joga bem em todo o lado, porque tem qualidade, agressividade e atitude. Ainda assim, acredito que João Pereira é uma mais valia como lateral e não como extremo e, por isso, continuo a ser da opinião que esta não é a melhor dupla para o flanco.

Centrais – Torsiglieri deveria ter resolvido o lance do golo, mesmo se não teve a sorte do seu lado. Ainda assim, no restante do jogo, esteve bastante bem. Carriço, por exemplo, teve muito mais dificuldades, quer no espaço aéreo, quer em alguns duelos individuais onde foi batido de uma forma demasiado fácil. Referi-o no último jogo e voltei a ficar com a ideia de que o capitão do Sporting não está num momento muito bom. As soluções são todas de qualidade (repito-o!), mas eu apostaria nesta altura numa dupla N.A.Coelho-Torsiglieri.

Valdes – Como ala, e entre os 3 grandes, era aquele que tinha, em simultâneo, mais % de posse e menos desequilíbrios. Ou seja, joga bem e é tecnicamente dos mais fortes do campeonato, mas sempre foi muito pouco consequente. O seu melhor jogo, na minha opinião, tinha sido na Figueira da Foz, onde jogou também numa posição mais interior. Agora apareceu como 10 e “explodiu” ao primeiro jogo. O exemplo, embora bom, não é suficiente para ser conclusivo. Não só por ser apenas 1 jogo, mas porque este jogo especifico deu mais espaço do que é hábito naquela zona. A questão, pois, é saber se perante um espaço mais apertado, Valdes vai ter uma decisão e movimentação adequada às exigências da posição...

Postiga – Voltou a estar bem, muito determinado e participativo em várias situações de golo. Hoje, tem menos receio em procurar a baliza e creio que isso lhe faz bem. Apesar da sua boa fase, tenho uma critica a fazer-lhe. É certo que muitas vezes não são situações fáceis, dado o isolamento e aperto com que tem de executar, mas ontem, e perante tantas solicitações, nem sempre deu a melhor sequência às bolas que por si passaram. Creio que pode fazer melhor.

Carlão – Uma nota para este jogador. Se me perguntassem qual é, em Portugal, o jogador mais difícil de parar, jogando de costas para a baliza, responderia com o seu nome. É fortíssimo fisicamente, o que torna muito difícil a tarefa dos centrais no habitual “encosto”, e, depois, é também tecnicamente muito forte dando quase sempre boa sequência às jogadas que por si passam. Tem ainda velocidade e profundidade. Tudo combinado, e mesmo considerando os pontos fracos, parece-me claro ter qualidade a mais para o clube onde joga.



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