1.11.10

Benfica - Paços: Análise e números

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Jesus salientou-o, e os factos confirmam. Num jogo que tinha a relevância de anteceder um ciclo importante e, até, potencialmente decisivo, tudo correu bem. Correu, mas podia não ter corrido. O Benfica justificou o triunfo pelas ocasiões que conseguiu na primeira meia hora de jogo, mas também é um facto que se viu perante dificuldades que a maioria dos encontros não lhe trazem. Mérito para o Paços que, pela qualidade organizacional e estratégica, mereceria a diferença mínima.

Notas colectivas
Posso começar por aquilo que pretendeu – e em muitos períodos conseguiu – fazer o Paços. Porquê? Porque certamente será com este tipo de dificuldades que o Benfica contará nos próximos jogos. Falo do objectivo de não deixar os encarnados sair em construção. Ao contrário do que, por exemplo, aconteceu com o Portimonense, o Paços subiu linhas e dificultou muito a saída em posse pelos centrais. Várias vezes as jogadas tiveram de ser iniciadas com pontapés longos, forçando um jogo de primeiras e segundas bolas onde, obviamente, os pacences tinham muito mais possibilidades de discutir o jogo. Ora, é precisamente por isso que o Benfica teve tantas dificuldades em garantir um maior, e mais expectável, domínio territorial no jogo, acabando por ver o Paços jogar muitas vezes no seu próprio meio campo. E é, já agora, com este tipo de adversidade que o Benfica terá, de novo, de contar nos desafios mais importantes que tem pela frente. Uma dificuldade a que sempre respondeu de forma pouco avisada, pagando fortemente por isso.

Se o jogo correu bem ao Benfica, a muito se deverá o período que conseguiu na primeira parte, mais particularmente entre os 10 e os 30 minutos. Foi essa a única altura – à excepção do que aconteceu depois da expulsão – que o Paços esteve verdadeiramente por baixo no jogo. A qualidade individual, que não esteve globalmente inspirada ao longo dos 90 minutos, emergiu nessa altura, encontrando soluções que durante muito tempo faltaram. Não me refiro apenas ao lance de Aimar, mas a outras iniciativas que ultrapassaram a pressão pacense e puderam, finalmente, explorar os espaços inerentes ao comprimento do bloco defensivo.

Como nota final, e também muito evidente nesse período de maior domínio, alerto de novo para a especificidade das bolas paradas. Há vários lances trabalhados e todos eles com grande qualidade. Quer para em lançamentos, quer em livres ou cantos. Para ultrapassar, quer métodos zonais, quer individuais. É mais um aspecto do modelo de Jesus onde a qualidade apresentada encontra muito poucos casos paralelos no futebol mundial.

Notas individuais
Aimar – Foi uma das principais figuras, muito pela excelência do golo que marcou. Aimar tem estado a léguas do rendimento que exibiu no ano anterior, sendo por vezes mesmo difícil pensar que estamos a falar do mesmo jogador. Desta vez esteve mais próximo, não apenas pelo golo, mas pela influência que teve no jogo. Mais próximo, mas ainda não ao nível do que melhor se lhe viu e dele se deve esperar.

Coentrão – Mais uma exibição monumental. Quer como extremo, quer como lateral, foi o melhor em campo. Com uma atitude, influência e qualidade sem paralelo. Não é nenhum desdenho dizer-se que Coentrão é o melhor jogador do Benfica porque, como ele, não há muitos. Fala-se muito de Di Maria e Ramires, mas pouca gente se lembra que nesta altura, há um ano, Coentrão ainda não jogava no Benfica. Ou seja, se o Benfica perdeu 2 unidades importantes, ganhou também aquele que é hoje o seu melhor jogador. O problema é que a questão da diferença de rendimento colectivo não tem o seu epicentro em unidades individuais.

Gaitan e Salvio – São ambos talentos com tudo para jogar com grande sucesso num clube com a dimensão do Benfica. Gaitan vai num processo mais adiantado de adaptação do que Salvio, mas neste jogo a atitude de ambos teve contraste precisamente oposto. Gaitan teve uma atitude muito pouco intensa no jogo, quase displicente e nada consentânea com a evolução que ainda precisa de fazer. Salvio jogou muito menos minutos e nem sempre decidiu bem – aliás, não tem características muito formatáveis a este modelo – mas teve uma atitude muito boa perante a oportunidade.

Saviola – A sua movimentação continua a fazer dele o elemento mais desequilibrador do jogo encarnado e é, para mim, até difícil de prever os efeitos que poderia ter uma ausência sua nesta fase. Mas também é um facto que vive um período mau em termos de confiança. Os golos que falha não são normais, mas acabarão por reaparecer, tal a frequência com que “atrai” situações para concretizar. O problema é que o momento negativo parece estar a afectar Saviola também noutros capítulos, e a sua qualidade no desempenho técnico desceu a pique nos últimos 2 jogos, onde deu sequência a menos de 50% das posses de bola que passaram por ele...



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