- O resultado, como sempre e especialmente perante estes números, vai precipitar as mais gratuitas análises. A verdade, porém, é que me parece muito claro que este, mais do que qualquer outro jogo, escapa ao prisma técnico-táctico, quando se quer explicar o resultado. Porquê? Porque o Benfica teve um domínio simplesmente avassalador sobre o adversário. Desde o primeiro minuto, e nunca por ter sido concedido ou planeado pelos israelitas. A qualidade - ou falta dela - da oposição, aliás, é parte da explicação para tão grande superioridade. Agora, se o Benfica foi absolutamente superior no planto técnico-táctico, se não teve a sorte do seu lado na forma como sofreu antes de marcar, por outro lado - e este é o ponto que deve ser relevado - só perdeu por culpa própria e porque é uma equipa emocionalmente vulnerável. É-o desde o inicio de época, como sempre o afirmei, mas é-o cada vez mais com o passar do tempo.
- Que o centro dos problemas encarnados está no campo emocional, já eu escrevi desde os primeiros sinais de crise, e também fui antecipando que os sintomas não estavam a ser bem identificados e resolvidos. Desta vez, destacaria 3 pontos. O primeiro tem a ver com a estratégia. Saber como ganhar é tão fundamental como fazer os jogadores sentir que essa proposta os vai conduzir ao sucesso. Quem o consegue raramente perde, e se o Benfica perdeu é porque não o tem conseguido. O "ouro" dos israelitas estava no pressing e na forma inocente como estes saíam a jogar. O Benfica conseguiu várias recuperações, mas nunca identificou essa como a via mais fácil para o sucesso, e devia-o ter feito desde o inicio. A orientação foi sempre utilizar extremos (Gaitan e Salvio) para potenciar os "pinheiros" (Kardec e Cardozo). Como já disse, facilmente teria tido outro resultado, mas esta não era, nem a estratégia mais correcta, nem aquela que poderia trazer mais confiança aos jogadores. O segundo ponto tem a ver com Martins. Não por uma critica da opção técnica ou táctica, mas porque abdicar de um jogador super-motivado por razões de ordem física é também um sinal de como os aspectos emocionais são desvalorizados na gestão da equipa. Finalmente, fala-se muito da perda de confiança da equipa, mas eu pergunto: e a confiança de Jesus? O que sentirá o outrora super-confiante líder do processo perante uma realidade tão adversa e surpreendente? E, já agora, que motivação ou confiança poderá ele transmitir para o grupo nesta altura?