Notas colectivas
Realmente, acabou por ser um jogo desinteressante do ponto de vista da análise. O Porto não teve uma grande entrada, não conseguiu desmontar facilmente a estratégia aveirense, mas teve a eficácia para chegar à vantagem nas raras oportunidades que teve. Depois, o próprio Beira Mar arriscou sempre pouco, permitiu uma circulação baixa e paciente antes de, nos últimos 15 minutos, perder níveis de organização e concentração que culminaram, aí sim, num grande número de desequilíbrios no seu último terço. Ou seja, não deu para ver um grande Porto em termos ofensivos, mas também não deu para testar a sua capacidade de o ter de ser sobre pressão.O que dá para ver – e isto marca um pouco a diferença para os outros 2 grandes nesta altura – é que o Porto é uma equipa sóbria, que sabe bem o que não deve fazer e os riscos que não deve correr. Ora isto pode não garantir grande coisa em termos de arrojo ofensivo, mas garante, pelo menos, que a equipa sabe bem o que quer de cada jogo: ganhar, isto é.
A organização continua a centrar-se num 4-3-3 que é bem mais um 4-1-4-1 quando a equipa não tem a bola. Falcao é o leme do pressing que espera densamente na linha média por uma oportunidade para atacar. Não se viram muitas transições resultantes de recuperações altas, é certo, mas o Beira Mar também nunca facilitou. Depois, com bola, paciência, certeza e busca pelas combinações nos flancos.
Na verdade, é neste momento – de organização ofensiva – onde a equipa está mais fraca em relação ao passado. As combinações não são tão fluídas, o que pode ser normal em Agosto, e continuo a achar que há um défice de aproveitamento de Falcao e do apoio frontal. Voltou a ser pouco participativo na criação e penso que tem potencial para uma utilidade bem maior.
Enfim, enquanto se esperam mais entusiasmos dá pelo menos para dizer que todos gostariam de trocar de papel com os adeptos portistas neste momento. E esse é sempre o melhor indicador.
Notas individuais
Em termos de destaques, as conclusões são bastante triviais. Falcao não esteve muito participativo, mas esteve em 5 dos 7 desequilíbrios da equipa, marcando 2 golos. Álvaro Pereira teve uma participação enorme (que contraste com o lateral direito!) e acrescentou a isso uma influência positiva em termos ofensivos. Depois, Belluschi que foi decisivo, voltou a mostrar a sua apetência para recuperar e ser participativo mas voltou também a ser displicente em muitas ocasiões. Um aspecto que já abordei no passado e que tem a ver com a forma como foi “educado” a decidir.Mas a nota que talvez mais interesse, é Souza. Entrou cedo e entrou muito bem. Um jogador discreto mas bastante participativo e útil. Não me parece que garanta ainda o mesmo nível de rendimento de Fernando na posição 6, especialmente na recuperação, mas talvez o possa vir a conseguir com o tempo. Vi-o jogar poucas vezes no Brasil, mas nunca nessa posição, por isso talvez seja preciso dar-lhe tempo de adaptação. Para já, porém, revela uma performance muito superior a muitos casos falhados no passado recente e no mesmo sector.
Outro apontamento para Ruben Micael. Obviamente que a altura em que entrou o beneficiou, mas voltou a mostrar como pode ser um jogador fantástico em determinados aspectos. Sempre com uma visão muito objectiva e abrangente do jogo, reflectida nos seus movimentos sem bola e na facilidade com que encontra a melhor opção. Esperemos que possa evoluir também fisicamente ao longo da época.