17.8.10

Paços - Sporting: Análise, números e vídeo (I)

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Começo com um número: zero. Zero foi o número de foras de jogo que o Sporting conseguiu arrancar ao ataque do Paços, em 90 minutos. Zero – este Zero – é o número que ilustra, a meu ver, o grande mal deste Sporting. Não que o fora de jogo seja em si mesmo um fim, mas porque é um indicador que tem de assumir outros valores em equipas que, como o Sporting, tentam jogar e permanecer simultaneamente altas e largas no campo. A linha defensiva e o pressing, muito mais do que o sistema, já havia dito. A linha defensiva, ainda mais do que o pressing, digo agora. Enquanto isto não for percebido, primeiro, e corrigido, depois, enquanto se discutirem apenas sistemas e opções individuais, o Sporting pode estar tudo menos seguro sobre o destino dos seus jogos. E o tempo corre cada vez mais contra Paulo Sérgio.

Notas colectivas
Não é fácil jogar na Mata Real. As dimensões do relvado tornam difícil a posse e a atitude que o adversário invariavelmente assume, difícil o pressing sobre a construção. Ou seja, tem de se lidar com um jogo directo, disputado à frente da sua área e só depois de ganhar esse duelo é que se pode pensar no passo seguinte. Intensidade precisa-se, portanto.

O jogo mostrou bem que o Sporting era capaz de ultrapassar o obstáculo defensivo que tinha pela frente. Teve qualidade e talento para encontrar soluções. Qualidade na forma rápida como se desdobrou em algumas situações, e talento na resolução individual de algumas unidades. O problema foi dividido entre a eficácia e a segurança lá atrás.

Sobre a eficácia, convém não dramatizar porque se o Sporting teve oportunidades, o Paços não as teve menos. Mas é verdade que, com ela, tudo podia ter sido diferente. Resta-nos a segurança, e é aqui que chegamos à linha defensiva.

Não foi mal único, houve abordagens individuais erradas também, mas foi, como é, o mais crónico dos erros da interpretação do modelo. A equipa não consegue subir e manter-se alta no campo e sempre que tem de lidar com uma situação de transição aumenta vertiginosamente o seu espaço entre linhas, dando campo de ataque ao adversário e retirando tempo à sua própria recuperação colectiva. Um problema, está mais do que visto, e um problema que tem raízes no passado, e nas rotinas completamente diferentes da equipa com Paulo Bento.

Fora estes pontos, e ainda no Sporting, podemos depois discutir opções como a mudança de sistema ao intervalo, que claramente não produziu resultados. Podemos alongar-nos até a um campo mais filosófico sobre se é bom variar tanto de figurino, ou se o melhor é manter o sistema e optimizar as suas dinâmicas. Já sabem que sou adepto da segunda vertente, mas o que realmente me parece é que o sistema é uma discussão inútil no meio de outros pontos mais relevantes para a optimização do modelo. Se o Sporting e Paulo Sérgio não o perceberem e se insistirem nas oscilações entre 4-4-2 e 4-3-3, pouco ou nada irá mudar.

Sobre o Paços, o maior elogio que faço vai para a consciência do que se pode e do que se deve fazer. Não é a fórmula que mais admiro, mas prefiro largamente a humildade à presunção.

(estatística individual e vídeo na II Parte da análise)



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