9.4.08

Champions: Liverpool - Chelsea... outra vez!

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Liverpool 4-2 Arsenal
O resultado positivo que o Liverpool trouxe para Anfield terá feito Benitez apostar numa estratégia que fazia de Crouch e de uma abordagem mais directa ao jogo um recurso essencial. Gerrard foi colocado como médio esquerdo, mas a sua missão não era dar largura ao flanco, antes sim juntar-se a Torres para fazer das segundas bolas o ponto de partida as suas jogadas perigosas. Benitez pretenderia “saltar” o meio campo, criando dificuldades a um Arsenal que iria assumir o jogo com “esticões” que não permitissem a recuperação do seu meio campo. Quem viu o inicio do jogo, percebeu facilmente como esta estratégia falhou. O Liverpool não só pareceu refém da solução Crouch como cometeu erros em posse de bola quando não tentava recorrer à estatura do seu avançado. Tudo isto foi aproveitado pelos “Gunners” para entrar bem no jogo, chegando a uma vantagem que justificou.
Tal como em Londres, no entanto, o Liverpool foi feliz, conseguindo o empate praticamente à primeira tentativa, em mais um exemplo do notável jogo aéreo de Hyppia. O efeito do empate foi notório no jogo. Afinal, a eliminatória estava completamente empatada e, agora, ninguém tinha vantagem. O Liverpool foi quem mais ganhou com esta alteração e os últimos 15 minutos da primeira parte foram apenas uma antevisão do que se assistiria no inicio da segunda. O Liverpool pareceu finalmente perceber que o jogo teria de passar pelo confronto do meio campo e encarou essa discussão com grande determinação, ganhando um ascendente que durou até aos 60 minutos. Aqui, há que contextualizar uma alteração importante no jogo, a lesão e Flamini. Gilberto é um médio mais posicional e não consegue fazer de “sombra” de Fabregas como faz Flamini. O Arsenal demorou tempo a adaptar-se, mas quando Hleb passou a jogar mais próximo do talento espanhol voltou a ter novo ascendente no jogo. Curiosamente, quando os “Gunners” estavam melhor, surtiu efeito o “recurso Crouch”. Bola para o “gigante”, a sobrar para Torres que, com uma definição fantástica, deu uma vantagem ingrata ao Liverpool.
Restavam 20 minutos, Wenger mexeu e introduziu mais capacidade de desequilíbrio às alas. O Arsenal chegou a ser perigoso, mas depressa o Liverpool passou a controlar o jogo, parecendo até ser mais capaz de dilatar a vantagem. Os minutos finais foram loucos. Primeiro um lance genial de Walcott criou o lance que deu nova vantagem na eliminatória ao Arsenal, curiosamente da maneira mais imprevisível, em transição. O entusiasmo foi tanto que 1 minuto depois Touré não conseguiu ser menos impulsivo no despique com Babel, dando a Gerrard a oportunidade de repor a vantagem. O jogo terminaria com o desespero – já pouco lúcido do Arsenal – punido por Babel, sentenciando a eliminatória.
O Liverpool passou de novo às meias finais e, de novo defrontará o Chelsea. Antevejo eu que poderá repetir nova final. Tal como em edições anteriores esta é a principal competição em que o Liverpool está envolvido e prevejo um maior enfoque na preparação da eliminatória do que no caso do Chelsea, ainda envolvido na luta pelo título.
Quanto ao Arsenal, cai uma equipa jovem e brilhante, que faz pensar como parece fácil criar uma equipa de topo, que pratica um futebol tão positivo e é capaz de ombrear com qualquer um sem recorrer a contratações milionárias. O Arsenal cai de pé e ficará com a sensação que o seu futebol precisa de ser um pouco mais maduro, o que se compreende, para tirar melhor partido dos largos períodos de superioridade que consegue nas suas partidas. A boa notícia para os seus adeptos é que as derrotas de hoje não apagarão a qualidade do trabalho que está a ser desenvolvido, arriscando-se esta equipa a grandes feitos no futebol europeu, caso saiba crescer a partir do que já existe.

Chelsea 2-0 Fenerbahce
Estava curioso em ver este jogo, mais pelo Fenerbahce que não tinha ainda oportunidade de ver jogar (considere-se isto na análise que faço à equipa).
O jogo desiludiu-me bastante, pelas duas equipas. Começou bem o Chelsea, num confronto de 4-3-3 distintos até na disposição dos jogadores. Muito pressionantes os “Blues” foram avassaladores no inicio, vulgarizando o Fenerbahce que não teve qualidade nem capacidade para anular essa intenção inicial do Chelsea. Ainda assim, e apesar do mérito, o Chelsea teve a felicidade de marcar cedo, podendo repetir o feito durante o primeiro quarto de hora. O jogo evoluiu depois para uma fase francamente negativa. De um lado o Chelsea apostado em pressionar apenas nos momentos em que o seu bloco não estava organizado, impedindo a saída em transição dos turcos. Neste aspecto, o Fenerbahce revelou-se altamente insuficiente, a demorar uma eternidade para tirar a bola da zona de pressão, inviabilizando qualquer hipótese dar seguimento a esse momento. Quando os turcos podiam organizar, o Chelsea posicionava-se no seu meio terreno, cortando linhas de passe que, também num registo negativo dos turcos, nunca conseguiram ser feitos para dentro do bloco inglês. Juntando a isto uma transição pouco frequente do Chelsea (o Fenerbahce arriscou muito pouco em posse), temos o 1-0 a subsistir até meio do segundo tempo.
Pode dizer-se que o Chelsea se pôs a jeito de ver fugir a eliminatória perante um adversário manifestamente inferior (pelo menos pelo que revelou neste jogo). Zico arriscou na etapa final do jogo, quando a equipa a crescer também em termos anímicos, colocando mais gente na frente e dando a Alex um papel mais central na construção e a verdade é que os turcos tiveram as suas oportunidades. Obviamente, este adiantamento tinha o seu risco, e é por aí que se explica o segundo golo de Lampard que acabou por terminar animicamente com a esperança turca – apesar de se manterem a 1 golo do prolongamento...
Uma nota sobre o Fenerbahce. Por aquilo que vi neste jogo, creio que qualquer um dos grandes portugueses poderia fazer melhor figura em Stamford Bridge – e não estou a falar do resultado. Com um trio de meio campo pouco dinâmico e uma posse de bola excessivamente especulativa, não sendo capaz de contornar os momentos de pressão do adversário, o Fenerbahce raramente esticou o jogo até à área do Chelsea, com excepção, como disse, dos últimos 20 minutos...

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