15.4.08

A "Taça da Segunda Circular"

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O “Campeonato da Segunda Circular”. É um termo normalmente utilizado de forma pejorativa e muitas vezes significado de mais um “passeio” portista no campeonato. A verdade é que a rivalidade entre Benfica e Sporting, por ter como epicentro a mesma e maior cidade do país, é a mais natural das rivalidades, que subsistirá sempre, independentemente dos momentos dos respectivos clubes. O motivo é simples, diariamente milhares de adeptos apaixonados pelos seus clubes cruzam-se e discutem entre si o protagonismo dos respectivos emblemas, em conversas aparentemente sem importância mas que são uma parte relevante do dia a dia de muitos e onde a ideia do ganhar e perder está sempre subjacente. Uma vitória festeja-se com o apito final do árbitro mas, mais do que contra qualquer outro clube, nos dérbis desfruta-se também na conversa do dia seguinte. Em Portugal, a realidade tripartida do panorama futebolístico faz com que as expectativas dos respectivos adeptos não cheguem a esse ponto, mas em casos idênticos de outros países, o sucesso de época mede-se, em grande medida, por uma análise comparativa com o que fez o clube rival.


É precisamente por esta rivalidade que tem, na minha perspectiva, havido um certo exagero em relação à próxima meia final da Taça de Portugal. Em diversos locais se tem ouvido e lido que a época se poderá salvar ou perder definitivamente no resultado do embate de Quarta Feira. O que se estranha é que, quando se faz uma análise racional ao momento das duas equipas se percebe que do jogo, nem resultará a certeza da conquista de uma competição (sobretudo se no Jamor estiver também o FC Porto), nem mesmo qualquer aspecto que possa influenciar a próxima época desportiva (nesse particular tem incomparavelmente mais importância a luta pelo segundo lugar). Aliás, esta meia final perder-se-á, como tantas outras, na memória do tempo e só nos mais detalhados arquivos se poderá encontrar traço da sua história.

Mas percebe-se o porquê da importância dada a este momento. É, no fundo, um pequeno egoísmo dos adeptos de ambas as partes, uma derradeira exigência que fazem aos seus emblemas numa época de mais frustrações do que alegrias. Querem, pelo menos,que estes lhes possam proporcionar o doce sabor de “vencer” a discussão do dia seguinte.

Temos de convir que, na próxima Quarta Feira se jogará mais do que a meia final da Taça de Portugal, joga-se, também, a Final da “Taça da Segunda Circular”.

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