Belenenses – Porto
Infelizmente só consegui ver os últimos 45 minutos daquele que era o jogo que mais valia a pena na jornada. São raros os confrontos em Portugal em que há qualidade de ambos os lados e, este ano, mais raros ainda aqueles em que alguma equipa consegue em condições normais discutir o jogo com o, quase, tricampeão.
Infelizmente só consegui ver os últimos 45 minutos daquele que era o jogo que mais valia a pena na jornada. São raros os confrontos em Portugal em que há qualidade de ambos os lados e, este ano, mais raros ainda aqueles em que alguma equipa consegue em condições normais discutir o jogo com o, quase, tricampeão.
A perder, o Porto entrou fortíssimo no segundo tempo, conseguindo remeter o Belenenses sistematicamente para a sua área durante cerca de 25 minutos – aqui há que ter em conta o estímulo anímico adquirido com o golo de Lisandro. Impressionante a transição defensiva do Porto nessa fase, com uma reacção muito forte no momento da perda de bola que impediu que o Belenenses fizesse aquilo que normalmente faz bem, sair em transição. No mesmo período, há ainda que salientar a eficácia do Belém, que quando chegou à área portista conseguiu criar reais embaraços ao adversário, fruto da boa execução das bolas paradas. O jogo passou depois para um fase de maior equilíbrio, com o Belenenses a conseguir ter mais tempo a bola e a partida parecia estar destinada ao empate até que, à terceira tentativa individual para furar a defesa contrária, Quaresma conseguiu o penalti decisivo...
Algumas notas para 1) elogiar, mais uma vez, a organização e qualidade introduzida por Jesus – está a pedir novos desafios, apesar da sua postura exageradamente emotiva; 2) Salientar a influência que têm Lisandro e Lucho na qualidade do jogo portista. São os 2 jogadores com mais responsabilidade na subida de produção do Porto em relação a 06/07; 3) Por outro lado, referir a pouca evolução revelada por Quaresma nos últimos tempos. Considero-o como a principal figura do tricampeonato portista, mas permanece sem integrar o seu futebol numa perspectiva colectiva (o que no caso do Porto não é tão problemático, pela forma como Jesualdo compôs o seu modelo) e ele é o principal prejudicado.
Naval – Sporting
Pela primeira vez em muito tempo o Sporting conseguiu exercer uma superioridade clara num jogo fora de portas. Apesar desta ter sido uma evidência desde o apito inicial da partida, a história podia ter-se complicado seriamente com mais um golo muito consentido. A verdade, porém, é que a Naval foi sempre uma equipa incapaz de ter uma ocupação de espaços que criasse problemas à primeira fase de construção do Sporting, revelando-se depois igualmente ineficiente na sua zona mais recuada, sobretudo na interpretação da estratégia da defesa em linha. Com mérito (e empurrado pela importância do “timing” com que chegou ao empate), o Sporting limitou-se a transformar a sua superioridade numa vitória praticamente certa ao fim de 45 minutos.
Se ofensivamente, o Sporting sobrou para as exigências do jogo, defensivamente não foi bem assim. Curiosamente, as dificuldades não apareceram no controlo das transições adversárias mas em pequenos momentos de desorganização e permissividade que proporcionaram à equipa da Figueira da Foz mais oportunidades do que Paulo Bento certamente desejaria. Apesar de existirem melhorias notórias no futebol do Sporting, permanece uma distância considerável em relação à qualidade exibida em 06/07.
Nota imprescindível para Miguel Veloso. Já aqui apontei aspectos em que pode e deve melhorar (sobretudo sem bola), mas isso não coloca em causa o potencial excepcional do seu futebol. Quando a equipa melhora colectivamente isso torna-se ainda mais evidente.
Benfica – Paços Ferreira
Era um jogo que tinha um interesse especial por ser o primeiro em que Chalana havia tido algum tempo para desenvolver através do treino aspectos que pretendesse alterar. Ao seu terceiro jogo, o treinador interino voltou ao losango apresentado na estreia frente ao Getafe, repetindo a aposta em Rodriguez para o vértice superior do meio campo. O Benfica revelou uma maior preocupação em dar mobilidade à sua posse de bola, tentando ser mais imaginativo e móvel na primeira fase de construção. Ainda assim, nota-se que os movimentos não estão ainda totalmente trabalhados havendo uma dificuldade crescente à medida que a equipa se aproxima da área contrária. A contribuir para um jogo ofensivo mais previsível esteve a falta de ligação entre os médios e avançados, pouco móveis e participativos na criação.
Era um jogo que tinha um interesse especial por ser o primeiro em que Chalana havia tido algum tempo para desenvolver através do treino aspectos que pretendesse alterar. Ao seu terceiro jogo, o treinador interino voltou ao losango apresentado na estreia frente ao Getafe, repetindo a aposta em Rodriguez para o vértice superior do meio campo. O Benfica revelou uma maior preocupação em dar mobilidade à sua posse de bola, tentando ser mais imaginativo e móvel na primeira fase de construção. Ainda assim, nota-se que os movimentos não estão ainda totalmente trabalhados havendo uma dificuldade crescente à medida que a equipa se aproxima da área contrária. A contribuir para um jogo ofensivo mais previsível esteve a falta de ligação entre os médios e avançados, pouco móveis e participativos na criação.
Nesta tentativa de ser mais forte ofensivamente, o Benfica parece descurar um aspecto em relação ao que acontecia com Camacho: a transição defensiva. É um aspecto a confirmar no futuro, mas a equipa aparenta uma menor preocupação com o seu equilíbrio no momento da perda de bola, sendo frequente alguma falta de auxilio do meio campo às recuperações defensivas.
Parto deste último ponto para fazer uma referência ao Paços. Ouvi alguns elogios à exibição da equipa de José Mota, mas custa-me percebê-los. É verdade que o Paços se apresentou com uma estrutura pouco “pesada” em termos defensivos, com 2 linhas defensivas (a segunda de apenas 3 homens) compreensivelmente baixas, dado o favoritismo do Benfica. O que se passou, porém, foi que as transições foram notoriamente fracas, quer em termos de organização colectiva, quer em termos de interpretação individual dos jogadores. Percebe-se assim facilmente o porquê do mau registo forasteiro dos Pacenses. É que dando mais vezes a iniciativa de jogo nas deslocações, torna-se depois difícil retirar alguma coisa do jogo se não se é capaz de explorar as transições.