24.4.07

Pinto da Costa: 25 anos incontornáveis

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Se me perguntassem qual seria o plano de formação ideal para os “caloiros” do dirigismo, então aconselharia que fossem a Manchester, perceber como o United se antecipou a todo o mundo e delineou uma estratégia de sucesso com alcance de dimensão planetária que lhe permitiu ser durante vários anos o maior clube do mundo. Que fossem a Guimarães, perceber o que se passou naquela cidade que, ao contrário de todas as outras, nutre por um clube secundário uma paixão principal e única. Finalmente, que acompanhassem o dia-a-dia de Pinto da Costa, que anotassem a forma como se relaciona com todos os que considera serem “os seus” e que percebessem como aquele homem conseguiu permanecer tanto tempo na liderança de um grande clube, sem oposição, sem conflitos internos relevantes e com um controlo total sobre a envolvente do clube.

Naturalmente que este é um cenário meramente hipotético, até porque nenhum dirigente (“caloiro” ou não) teve a humildade para reconhecer a necessidade de formação, mas serve o raciocínio para deixar o meu reconhecimento pela figura mais polémica dos últimos 25 anos do futebol português. Pinto da Costa é – só pode ser – um líder nato. Um dirigente que compreende as emoções dos que o rodeiam e que, por isso, sempre soube tirar, para si e para “os seus”, o melhor partido delas. 25 anos depois, o Porto tem um museu mais recheado, mas não é esse o principal legado que o Presidente inevitavelmente deixará ao clube. A sua principal obra está na dimensão. A dimensão dos clubes não se mede na sala de taças mas sim nos estádios e nas ruas. Nesse contexto, o Porto será um clube mais apoiado, mais relevante e, por isso, maior quando Pinto da Costa terminar o seu trajecto.

Esta é uma análise que deve ultrapassar clubismos ou sentimentalismos. Não põe ou dispõe nada em torno dos casos de corrupção em julgamento, nem sequer da minha convicção de que, apesar da sua capacidade de adaptação à mudança (uma característica que distingue os inteligentes), Pinto da Costa é um dirigente de um futebol diferente e cada vez mais longínquo, mais próximo da realidade dos anos 80.

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