4.4.07

Clubes, adeptos e bilhetes

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É a polémica dos últimos dias. Os estilhaços do clássico trouxeram-nos as reacções – todas elas partidárias, diga-se – aos mais do que lamentáveis incidentes no antes/durante/depois do jogo. Falando do futuro, fica a questão em torno de eventuais punições aos clubes e a ameaça de não haver bilhetes para o Sporting no “derby” que marca o final deste mês. Sobre este último ponto tenho uma opinião que sei não ser popular, mas como acredito nela, aqui fica...

Entendendo o futebol como um fenómeno clubístico julgo ser da responsabilidade (e interesse, claro está!) dos clubes trazer os seus adeptos ao estádio. Neste sentido os adeptos são cada vez mais vistos como “clientes” – há que conquistá-los e fidelizá-los. Esta é, na minha perspectiva, uma abordagem positiva sobretudo para os próprios adeptos porque obriga os clubes a estimá-los, valorizando os seus interesses (quem não conhece a máxima “o cliente tem sempre razão”). Ora, nesta óptica, que sentido fará um clube vender bilhetes a “clientes” que nunca poderão ser seus, em detrimento de sócios (ou simples adeptos) potenciais compradores de mais acessos para outros jogos? Para quem quer trazer gente aos estádios durante uma época e não em apenas num jogo, nenhum!
No caso do futebol português há ainda uma agravante: reservar milhares de cadeiras para adeptos de outros clubes quando estes apenas são significativos em 3 jogos por ano é uma ideia que só pode deixar indiferente quem não tem qualquer intenção de encher regularmente o seu estádio (esta é uma situação que não acontece – por exemplo – em Inglaterra, onde praticamente todos os clubes se fazem representar consideravelmente pelos seus adeptos).

Acrescento ainda duas notas para que não existam confusões:
- Acredito que as claques são parte do fenómeno futebolístico. Negá-lo é um erro de princípio que não ajuda em nada a erradicar os efeitos preversos de movimentos que parasitam quem apenas tem vontade de expressar a paixão por um clube. Um jogo sem claques é hoje um espectáculo mais pobre e isto não invalida em nada o que referi anteriormente.
- Independentemente daquelas que penso ser medidas indicadas para a questão dos bilhetes, existindo uma lei, ela deve ser cumprida.

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Entre os inúmeros vídeos amadores que encontrei sobre o “jogo nas bancadas”, escolhi este que junta a beleza da coreografia da Luz (faz lembrar Camp Nou) ao humor fantástico de 2 adeptos portistas...

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