3.4.07

Benfica-Porto: como previsto... ou quase!

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Face ao que aqui havia escrito no lançamento, a partida arrancou em termos de estrutura das equipas exactamente de acordo com as expectativas – arrisquei um Benfica sem alterações e um Porto em 4-4-2 com Jorginho no meio-campo e assim foi. Já no que respeita ao jogo propriamente dito, devo confessar alguma surpresa: não esperava um Benfica tão “baixo” no primeiro tempo, nem um Porto tão “encostado” no segundo. De facto, parece-me que o Porto se apresentou mais bem preparado para a partida, anulando as armas ofensivas do Benfica (particularmente a influência de Simão) e gerindo a posse de bola sempre com mais unidades no meio-campo. Se entendo que a maior disponibilidade de jogadores portistas nas semanas que antecederam o jogo pode ter sido determinante para o sucedido nos primeiros 45 minutos, também creio que houve da parte do Benfica uma atitude atípica que prejudicou as aspirações encarnadas. O Benfica (e as equipas de Santos) é uma formação ofensiva que se sente bem com bola e sofre sem ela. Por isso as suas linhas são normalmente altas e o seu “pressing” agressivo sobre a primeira fase de construção adversária. No Domingo e no primeiro tempo não foi assim. O Porto instalou-se no meio-campo encarnado e o Benfica fechou-se num bloco anormalmente baixo e passivo. Porquê? Não sei. 0-1, justíssimo ao intervalo.

Para a segunda parte o Benfica trouxe “sangue na guelra”, Rui Costa, Simão a extremo e... o “12º jogador” – o público! Subiu as suas linhas, pressionou e conseguiu “encostar” o Porto às cordas durante muito – demasiado – tempo. Se ao Benfica competia tornar o jogo emotivo, ao Porto pedia-se mais capacidade para proporcionar “momentos frios” ao calor da partida. Quer usando a posse de bola para obrigar as linhas encarnadas a recuar, quer através das suas transições que, explorando o espaço, pudessem provocar calafrios junto de Quim. Aconteceu pouco, o que eu estranho. 1-1, justíssimo no final.

Notas individuais, do lado azul, para o enorme Pepe (que grande jogador!) e para a primeira parte de Lucho. Do lado encarnado, Rui Costa não foi “Maestro”, mas o líder da guerrilha e Karagounis a personificação da vontade e garra encarnadas.

Quanto aos golos, escrevo sobre eles em ‘OJogo’ e podem ser vistos por dois prismas: o do erro (de Anderson e Pepe/Bosingwa) ou o do mérito (de Pepe e David Luiz). Seja como for ambos mostram como os desequilíbrios podem acontecer perante duas formas distintas de defender bolas paradas (o Porto à zona e o Benfica homem-a-homem).



No lançamento do jogo falei da falta que faz Luisão. Parece-me um facto que é confirmado a cada jogo. Sem ele o Benfica perde, essencialmente, sentido posicional (lembram-se do exemplo do golo de Pauleta na Luz?). Há dois momentos que ficaram na retina de quem assistiu ao jogo e que coincidem igualmente com as melhores ocasiões portistas na partida. A segunda resultou no desperdício de Renteria e a primeira trago-a abaixo...

Com Lucho sobre a direita (onde jogou descaído), Leo sai ao seu encontro. Anderson acompanha Quaresma e Petit Jorginho. É, no entanto, sobre o lado oposto que acontece o mais estranho... Perante a presença de apenas 1 homem, Nelson e David Luiz não são capazes de definir um posicionamento que permita o preenchimento da zona mais importante da sua defesa: o centro.
À medida que a jogada decorre e com Lucho a invadir um espaço livre no centro do terreno, tornando mais evidente a linha de passe, o triângulo sobre o lado direito encarnado mantém-se com o espaço central permanentemente desguarnecido.
Com o exterior do pé, Lucho usa a sua mestria para fazer aquilo que parecia evidente mas que, aparentemente, apenas Adriano percebeu. Perante a incompreensível indefinição do posicionamento da dupla Nélson-David Luiz, o avançado isola-se na cara Quim – o salvador do lance.

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