18.8.08

Benfica - Inter: Bom para tirar conclusões

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Ao contrário do jogo com o Feyenoord, creio que este embate com o Inter terá servido bem mais os interesses do Benfica. A razão é simples. Numa fase preparatória, mais importante do que vencer é perceber onde se deve melhorar. Nesse aspecto, a qualidade quer individual, quer colectiva do Inter expôs alguns pontos que importa rever no jogo encarnado e que, contra o Feyenoord não tinham ficado claros pela exibição menos positiva dos holandeses.

Em relação aos últimos jogos, Quique Flores não apresentou grandes novidades quer ao nível colectivo, quer individual, mantendo mesmo Reyes de fora do último onze antes da estreia no campeonato. O Benfica demorou apenas escassos segundos a fazer o primeiro remate mas esse inicio não teria muita relação com o que se assistiu no resto da partida. Embora a um ritmo ainda longe do ideal a qualidade organizacional e individual do Inter acabou por determinar o ascendente italiano, tirando partido de algumas debilidades que já havia identificado no jogo encarnado em jogos passados:

-O pressing do Benfica é feito com as linhas subidas, independentemente da forma mais ou menos tranquila com que o adversário saia a jogar. Esta opção faz com que a equipa se alongue no terreno abrindo alguns espaços entre os jogadores. Devido à sua estrutura, o espaço em frente da defesa fica particularmente livre podendo ser explorado caso, naturalmente, haja qualidade suficiente na construção adversária. Este é, claro está, o caso do Inter que conseguiu diversas vezes chegar com a bola controlada perante apenas os 4 defesas encarnados. Foi curioso ver que as dificuldades do Benfica nesta aspecto acabaram por limitar progressivamente esta tentativa de pressionar tão alto, beneficiando claramente o Benfica com essa maior contenção. Esta é uma estratégia que parece fazer parte dos grandes princípios de jogo que Quique quer impor mas a sua aplicabilidade está, claramente, dependente da qualidade do adversário.

- A primeira fase de construção do Benfica apresenta ainda muitos problemas. A equipa tem dificuldade em criar linhas de passe na saída de bola e este problema aumenta sempre que os médios ficam tapados para serem eles a organizar. Este aspecto acabou por determinar vários desequilíbrios conseguidos pelo Inter que partiu em transição a partir de posições muito favoráveis. Outro aspecto que importa destacar neste capítulo é a pouca certeza de passe por parte dos médios, com Yebda a destacar-se no número de passes falhados. Num sistema com 2 médios centrais é fundamental que haja muita certeza no passe e isso não acontece ainda com Yebda e Carlos Martins. Mais do que o primeiro aspecto destacado (a pressão), creio que este pode ser o problema que mais se pode manifestar no campeonato caso não seja resolvido.

De todo o modo nem tudo são más notícias para o Benfica. Pode dizer-se que, dada a sua qualidade, o Inter terá exacerbado os defeitos do jogo benquista, não sendo previsível, obviamente, que este grau de dificuldade se venha a repetir na abertura do campeonato. Nos aspectos positivos destacaria a forma determinada e agressiva com que os jogadores se entregam ao jogo, prevendo-se uma boa intensidade do jogo encarnado desde o inicio da campeonato. Outro aspecto que se torna evidente é o bom momento de Cardozo. Com Aimar ainda sem um enquadramento que se perceba poder fazer dele um jogador verdadeiramente determinante, é o paraguaio o jogador quem mais pode desequilibrar, sobretudo quando lhe é permitido aplicar o seu pé esquerdo. Não posso deixar de comentar o facto de o Benfica estar, aparentemente, a preparar-se para gastar uns milhões em mais um avançado. Creio que Cardozo merece uma aposta séria naquele que é apenas o seu segundo ano em Portugal e na Europa. Resta saber se a intenção é reposicionar Aimar ou... relegar Cardozo para o banco.

Sobre o Inter, apresentou-se já com um nível organizacional muito bom, ainda que a intensidade que impôs ao jogo seja seguramente diferente da que apresentará em competição – note-se que há alguma atraso do Inter em relação ao tempo de preparação. De resto, Mourinho parece ter feito passar a mensagem aos jogadores sobre quais os seus propósitos de jogo. O Inter controlou e dominou o jogo sem grandes dificuldades e, diria, apenas lhe terá faltado alguma maior clarividência de Ibrahimovic na hora de decidir. Aliás, foi de uma má opção do sueco – que poderia ter isolado facilmente dois companheiros - que resultou a jogada que terminou com a “bomba” de Cardozo. Certamente que, em competição, Ibra terá um critério bem diferente para as suas opções.

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