14.7.08

Contratações: Lá diz o ditado, "Olha para o que eu digo..."

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Se perguntarmos a qualquer responsável de um clube de futebol profissional, minimamente competente, como se devem definir as aquisições para uma dada temporada ele responderia, seguramente, referindo a importância de ser feita uma definição antecipada do perfil e dos alvos a contratar. Não surpreende a resposta. O que devia surpreender, caso não se repetisse todos os anos, é o facto de, na hora de contratar, raros serem os exemplos em que esta teoria é realmente aplicada na prática. No que respeita a esta temporada vejamos a postura dos 3 grandes:

Porto
O Porto tem-se revelado um exemplo de grandes contrastes no que respeita à política de aquisições. No que respeita ao mercado estrangeiro há uma dicotomia enorme entre a tipologia de apostas. As contratações feitas por antecipação e em nomes de grande potencial (Lucho, Lisandro e Anderson são os exemplos) contrastam com alguns casos estranhos de contratações de jogadores sem qualidade para se afirmarem nos próprios clubes de onde são contratados (casos de Mareque, Renteria ou Nelson Benitez). No mercado nacional, igualmente, uma postura dividida. Por um lado, há jogadores evidentemente contratados “a dedo”, normalmente definidos antes da época terminar (Rolando entra nesta categoria). Por outro, há os que são, simplesmente, o resultado de uma obsessão portista pelo controlo do mercado, nomeadamente impedindo os seus adversários de se reforçarem (Rodriguez entra aqui, mas o seu enquadramento é bem mais aplicável do que casos passados como Edgar, Kaz ou Rossato).
Neste defeso já tivemos um pouco de tudo e poderemos vir a ter ainda mais. No caso do Porto parece haver alguma estratégia e capacidade para identificar cirurgicamente reforços, mas também bastante dependência do que propõem determinados empresários.

Sporting
Com Carlos Freitas, goste-se ou não, o Sporting tinha uma capacidade de aquisição bastante diversificada, adquirindo jogadores em mercados nem sempre conhecidos e quase sempre acessíveis financeiramente. Esta era, no entanto, a carteira de Carlos Freitas e não do Sporting. Com a saída do ex-admnistrador, o Sporting voltou-se para o mercado mais evidente e que, por isso, é muitas vezes mais inacessível por ser mais concorrido. Ainda assim, o Sporting teve o mérito da antecipação, contratando cedo nomes de inegável qualidade como Rochemback ou Caneira. No caso de Grimi (um jogador também ele referenciado por Freitas), no entanto, percebeu-se como os leões não tinham muitas alternativas para contornar uma eventual impossibilidade do jogador permanecer.
Sem contratações brilhantes, o Sporting foi inteligente no seu posicionamento no mercado apostando desde cedo em nomes seguros, mas poderá ainda sentir alguns problemas no caso de ter de substituir nomes como Veloso ou Moutinho.

Benfica
Quando o Benfica contratou Quique Flores, já se sabia que não seria pelo treinador que o clube iria encontrar “achados” neste mercado. Em Espanha e no Valência, o dinheiro é suficiente para que se possa contratar nos melhores campeonatos do mundo. Se numa primeira fase o Benfica pareceu ter alguns nomes previamente “estudados” em carteira, nas últimas semanas essa ideia desvaneceu-se. Tentar reforçar-se no principal mercado espanhol não me parece ser a melhor das estratégias numa perspectiva de se conseguir uma boa relação preço-qualidade e, seguramente, não me parece nada aconselhável para um clube português.
A pergunta que me fica é se o resultado das prospecções do futebol encarnado ao longo do ano apontou para nomes como Carlos Martins, Aimar, Pongolle e Luis Garcia? Não está em causa a qualidade dos jogadores, apenas o valor acrescentado do trabalho realizado, dada a projecção e custo que estes já têm. Talvez a principal conclusão de Rui Costa, após tantas novelas em torno dos reforços pretendidos, seja precisamente a necessidade de melhorar a prospecção de jogadores para a próxima época...

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