9.7.08

Liga 08/09: menos competitividade... provavelmente!

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Ainda é cedo para grandes análises ou mesmo pré análises a cada uma das equipas. No entanto, mesmo sendo certo que há um conjunto importante de definições ao nível dos planteis da generalidade das equipas que ainda estão por fazer, há uma ideia que me assalta desde o final da Liga 2007/2008: o nível qualitativo médio das equipas só muito dificilmente não descerá em 08/09.
07/08 melhor do que 06/07
07/08 melhor do que 06/07
Neste aspecto, aliás, creio que 07/08, terá sido um ano excepcional numa tendência que promete continuar a ditar leis na evolução do futebol português. Não entrando com uma análise aos grandes porque estes, queira-se ou não, estão sempre num patamar elevado em relação aos demais, creio que 07/08 teve alguns fenómenos que contribuíram para uma subida do nível médio das equipas em relação ao ano anterior. As prestações surpreendentes dos 2 Vitórias e a manutenção de Jorge Jesus no Belenenses terão sido os factores mais decisivos para este nivelamento um pouco mais por cima, onde há ainda que contar com os investimentos sempre elevados dos madeirenses Nacional e Marítimo e com o claro estatuto de quarta potência ao nível de recursos que é o Sp.Braga. Aliás, só um ano atípico pode explicar um Benfica em 4º e um Sp.Braga em 8ª (se contarmos apenas com a prestação desportiva), tal é o desnível no que respeita a orçamentos e qualidade de planteis. Quanto ao fundo da tabela, o destaque vai obviamente para o péssimo campeonato de uma equipa com tão bons recursos quanto a União de Leiria. Não desfazendo o paupérrimo campeonato feito no Lis, porém, acredito que nunca teria descido se em 07/08 estivessem equipas tão más como o Aves, Beira Mar ou V.Setúbal de 06/07.
Tendência negativa
Na transição para 08/09, a revisão de alguns planteis e a saída de alguns treinadores importantes deverão, no meu ponto de vista, fazer regressar um campeonato dominado pelos 3 grandes, apenas “beliscados” pelo Sp.Braga, este ano mais claramente um candidato ao quarto lugar. De resto, esta ideia é confirmada pela quantidade reduzida de equipas que declaram como objectivo prioritário chegar à Europa? Mas vamos a alguns casos que destaco como mais evidentes (excluo aqui o Boavista, que não se sabe se participará):

V.Guimarães: Para já as saídas de Geromel e Alan (pelo menos para já) são os pontos de realce na equipa de Cajuda. Se é muito provável que possam chegar reforços importantes no que resta do defeso, dificilmente o Vitória terá uma equipa muito mais forte do que em 07/08, sendo a aposta voltada para um crescimento sustentado. Esta é uma visão correcta e realista, assim como a ideia de que em 07/08 será muito difícil repetir o campeonato do ano anterior. A provável quebra do Vitória face a 07/08 resulta, portanto, não de uma quebra qualitativa, mas de um indesmentível aumento de exigência e jogos, que deverá dificultar uma repetição da consistência revelada ao nível do campeonato.

V.Setúbal: Faquirá pode ser uma boa aposta, mas só por milagre repetirá o que fez Carvalhal, ainda mais com saídas de jogadores como Eduardo, Bruno Gama e Pitbull. Mateus, Saleiro e Laionel são, para já, reforços importantes, mas o destino do Vitória deverá ser um lugar bem mais modesto do que o 6º de 07/08. Afinal, isso nem quer dizer que faça um mau campeonato, tendo em conta os objectivos.

Belenenses: Outra equipa que disputou nos últimos anos os primeiros lugares e que, em 08/09, deverá cair de qualidade. Como se não bastasse a saída do treinador que comandou o Belém a 2 excelentes épocas, houve ainda um número considerável de saídas da equipa base do último ano. Na defesa, 3 em 4: Hugo Alcantara, Rolando e Rodrigo Alvim. No meio campo, Ruben Amorim e, na frente, o goleador Weldon. Repetir o mesmo nível das duas últimas épocas é, na minha opinião, um objectivo muito complicado de atingir para o Belém.

Estrela da Amadora: É daquelas equipas que, ano após ano, aparece como candidata à despromoção. A estabilidade que a direcção dá aos treinadores – nomeadamente no inicio da era Faquirá – tem sido muito importante, mas este ano, salvo reforços de peso ou uma surpresa de Vidigal, as coisas serão ainda mais difíceis (é bom não esquecer as recentes dificuldades financeiras). Da equipa base saíram: Rui Duarte, Wagnão, Maurício, Hélder Cabral, Fernando, Tiago Gomes e Mateus. Só!
As melhorias prováveis...
Como excepções a esta tendência, destaco 2 equipas que, na minha perspectiva, poderão fazer um carreira mais positiva em 08/09.

Braga: Uma das vantagens de se fazer uma época aquém das expectativas é que não há grande assédio aos jogadores. Com o Braga ocorreu esta vantagem desportiva, juntando-se uma aposta que me parece totalmente acertada em Jorge Jesus. Como se não bastasse, os bracarenses ainda têm o privilegio de ver reforçada a sua equipa com alguns jogadores que poderão ser importantes, casos de Moises, Paulo Cesar ou Luis Aguiar.

Académica: Há muito que se espera uma época verdadeiramente tranquila da Briosa. A aposta em Manuel Machado foi um fracasso e agora é Domingos quem tem a oportunidade e o desafio de colocar, finalmente, a Briosa longe dos lugares de despromoção. Tenho Domingos como um dos melhores técnicos desta primeira divisão nacional e, apesar da saída de nomes importantes como Kaka e Luis Aguiar, o ex-avançado portista possa atingir o seu objectivo. Sougou e Hélder Barbosa prometem fazer uma dupla de respeito no aproveitamento das transições.
Mais um ano, mais uma debandada de qualidade
Debandada de qualidade... mais uma vez!
A qualidade dos reforços vindos de fora está por confirmar mas, este ano, mais uma vez, teremos uma série de nomes, que davam alguma qualidade às segundas linhas do campeonato, a dar o salto, mas para lá para fora. Esta é uma tendência que tem surgido nos últimos anos com o mercado de leste a ser muitas vezes o destino de jogadores que se destacam por cá. A saber: Marcelão, Zé Kalanga, Rodrigo Alvim, Hugo Alcantara, Weldon, Juliano Spadacio, Marcio Mossoró, Patacas, Fellype Gabriel, Kaká, Paulo Machado, Vieirinha, Mario Sérgio, Geromel, Maurício ou Tiago Gomes seriam nomes titulares na maioria das equipas da Liga mas que saem para destinos muitas vezes questionáveis do ponto de vista desportivo. O factor financeiro está a moer, claramente, a qualidade do futebol português, e por isso continuo a bater com mais insistência nesta tecla: se queremos 16 ou mais equipas no campeonato, temos de estar preparados para continuar a ver o nosso campeonato cair em qualidade. Se não, refaçam-se, finalmente, os modelos competitivos!

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