16.11.13
Portugal - Suécia (I): Aspectos Colectivos
O melhor de Portugal - Concentração, controlo e a abordagem estratégica defensiva. Não que a Suécia tivesse ficado completamente em branco em termos de oportunidades para marcar, mas mesmo considerando essas excepções foi muito boa a resposta portuguesa no controlo do adversário. Em particular, sublinhar o enfoque estratégico no controlo do jogo directo, com a preocupação de aproximar os laterais dos centrais nas reposições longas e de manter o pivot (Veloso) mais próximo dos centrais, relativamente ao que é costume. Naturalmente, o sucesso do desempenho português neste particular tem muito a ver com a eficácia dos jogadores, e aí há que destacar a forma como mantiveram os níveis de concentração ao longo dos 90', e também a qualidade de jogadores como Pepe e Bruno Alves na resposta aos duelos aéreos. Também nota para o controlo da transição defensiva, onde o bom desempenho português já é mais habitual e não necessitou de uma abordagem estratégica tão específica. Sem sofrer, também fica mais fácil ganhar.
O pior de Portugal - Falta de lucidez no último terço. Paulo Bento lamentou-se - e vem-se lamentando - da falta de eficácia face ao domínio territorial que a equipa exerce. O facto é que a esse domínio não vem correspondendo um grande volume de ocasiões claras de golo. Sobretudo, e a meu ver, há que reflectir sobre a forma como a equipa decidiu no último terço. Portugal encontrou com grande facilidade espaço para progredir no corredor direito, aproveitando a projecção de João Pereira nas costas do extremo sueco. O problema é que, depois, se limitou a embater contra o muro sueco, que é como quem diz, a cruzar para uma zona onde os suecos estavam invariavelmente bem posicionados. E aqui, há que realçar também o mérito do adversário, que de facto se posicionou quase sempre bem para a resposta a este tipo de lance. Do lado português, a minha critica vai para a pouca tendência para trabalhar mais o jogo ofensivo, optando por tentar entrar através de combinações interiores, ou tentando desfazer o posicionamento da defesa antes do cruzamento. João Pereira e João Moutinho serão os principais visados aqui, já que foram os jogadores que mais forçaram cruzamentos em situações menos favoráveis, para mais qualquer dos dois esteve pouco feliz no desempenho técnico dos cruzamentos, o que também ajuda ao insucesso. Outra nota critica para o jogo ofensivo português vai para as movimentações de Meireles, Nani e Ronaldo. Meireles por não ter integrado a habitual dinâmica ao longo do corredor esquerdo, isolando em demasia Coentrão. Nani por ter andado sempre distante da direita, acabando por contribuir muito pouco para a capacidade criativa da equipa. Ronaldo por alguma ansiedade em intervir no jogo, acabando por forçar alguns movimentos pouco coerentes para ordem colectiva e, sobretudo, que o distanciavam excessivamente da zona de finalização. Nesse sentido, acabou por ser positiva a entrada de Hugo Almeida, já que foi com Almeida à esquerda e Ronaldo no centro que Portugal conseguiu as suas melhores ocasiões e, inclusivamente, o golo.
E agora? - A vitória foi muito importante, 1-0 é um bom resultado, mas tudo está, obviamente, longe de estar resolvido. A questão que coloco é que diferenças poderá acrescentar a Suécia no segundo jogo? Não conhecendo bem a equipa nórdica, é-me difícil responder convictamente a essa questão. Se repetir a insistência quase exclusiva no jogo directo, as hipóteses portuguesas são boas, já que a equipa parece muito bem preparada para responder a essa solução. Também é certo que a equipa sueca acabará por assumir outros riscos no jogo, o que trará a Portugal mais ameaças mas também a possibilidade de ter o espaço que lhe faltou nesta primeira mão. Apesar de tudo, e por aquilo que conheço da mentalidade nórdica, não me parece provável que assuma grande exposição desde o primeiro minuto, talvez esperando pela segunda parte para o fazer. No meio de todas estas incertezas, há pelo menos uma coisa que para mim é muito clara e tem a ver com a abordagem mental da equipa sueca, jogando perante o seu público. No passado recente, tivemos jogos muito complicados em terras nórdicas, nomeadamente na Noruega e na Dinamarca, onde nos demos muito mal com a intensidade do jogo adversário e onde o factor casa acabou por ter um peso muito relevante no desempenho das equipas. Não tenho dúvidas de que essas condições se vão repetir, mas esperemos que desta vez possamos ter também outra resposta da equipa portuguesa.