28.11.13

Anderlecht - Benfica: Opinião e estatística

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Desta vez, melhor o resultado - Não que tenha sido uma má exibição, mas não foi seguramente uma vitória construída ao lado de uma imagem de controlo e superioridade sobre o adversário. Sem entrar muito nos pormenores, parece-me que o Benfica foi penalizado pelo desaproveitamento de 3 pontos essenciais no seu jogo: 1) a facilidade com que sofreu o primeiro golo, bastando ao Anderlecht chegar praticamente 1 vez à área do Benfica para que se pusesse em vantagem; 2) a dificuldade que a equipa teve, no momento de organização ofensiva, em traduzir a sua posse de bola em proximidade real com o golo, destacando-se o pouco uso dos corredores laterais; 3) a má gestão do jogo em situação de vantagem, numa fase em que o Anderlecht arriscava muito e em que para além de ser rigoroso defensivamente era essencial ser também contundente no aproveitamento dos espaços que eram oferecidos pela exposição do adversário, coisa que o Benfica teve muita dificuldade em conseguir.

O sistema, 4-4-2 ou 4-3-3? Um bocado dos dois!- Confesso que ainda não percebi bem porque é que as pessoas querem tanto o 4-3-3. Isto é, se é pelo que a equipa faz com bola, ou se é pelo que a equipa faz sem ela? Assim, não fiquei a perceber se Jesus fez, ou não, o que dele tanto pedem, porque desta vez o treinador apresentou uma versão que incluiu, durante a esmagadora maioria do tempo, uma parte do 4-4-2, e outra do 4-3-3. Ou seja, sem bola o Benfica apresentou uma estrutura idêntica à habitual, 4-4-2, com Enzo e Markovic a trocarem de posição da primeira para a segunda parte. Com bola, porém, o Benfica recuperou a mesma ideia apresentada frente a Olympiakos e Sporting, mantendo Markovic próximo do avançado, e incluindo Enzo Perez no corredor central, à frente de Fejsa e ao lado de Matic. A meu ver, parece-me que faz algum sentido esta opção defensiva, mantendo uma estrutura em que a equipa se apresenta muito mais rotinada. Em particular, é complicado para o Benfica manter a intenção de pressionar alto - uma ideia fundamental do modelo de Jesus - com apenas 1 jogador na primeira linha de pressão.

Individualidades (Benfica)
Artur - Algumas boas intervenções, é certo, nomeadamente uma defesa vistosa na primeira parte e uma boa saída a um cruzamento, na segunda. No entanto, foram também dois golos concedidos sem que o adversário tivesse de criar muito para o conseguir, e sobretudo um erro comprometedor numa saída a um pontapé-de-canto, e que só por felicidade não resultou em golo.

Maxi - Fez um jogo regular - apesar de se deixar levar com facilidade pelas movimentações do extremo do seu lado - com boa capacidade de intervenção defensiva, mas também sem capacidade de envolvimento no último terço ofensivo, algo que seria importante ter conseguido porque a equipa jogou praticamente sempre sem extremo no seu corredor.

André Almeida - Exibição de utilidade semelhante à de Maxi, embora sejam jogadores de perfil bem diferente.

Luisão - Defensivamente, esteve bem melhor na segunda do que na primeira parte, onde havia sentido algumas dificuldades para definir o seu timing de intervenção. No aspecto defensivo, aliás, não foi dos seus melhores jogos muito devido a esse problema. No entanto, conseguiu ser também um protagonista em termos ofensivos, ganhando alguns duelos na área adversária, um deles culminando numa boa ocasião para marcar.

Garay - Comparativamente com Luisão, esteve muito mais capaz do ponto de vista defensivo, realizando um jogo muito bom em termos de capacidade de intervenção e domínio da sua zona de acção. Com bola, cometeu 1 erro potencialmente comprometedor e não teve também a mesma capacidade de envolvimento ofensivo do seu parceiro de sector.

Fejsa - Regressou para deixar a mesma imagem, ou seja, que o Benfica tem nele, e ao que tudo indica, um valor muito seguro. Voltei a gostar da sua percepção posicional - nomeadamente na relação com a última linha - também da sua capacidade de intervenção defensiva e ainda do critério em posse, que me parece bem mais ajustado à posição do que, por exemplo, o de Matic. Ainda assim, creio que teve mais dificuldades na segunda parte.

Matic - Voltou a uma posição diferente, sobretudo com bola, sendo-lhe dada mais liberdade ofensiva, mas também exigindo-se-lhe outro tipo de movimentação para aparecer no jogo. Matic tem atributos extraordinários, nomeadamente a sua capacidade de intervenção defensiva e também a sua capacidade de passe. No entanto, continua a ser o principal protagonista em termos de perdas potencialmente perigosas (e a equipa já sofreu alguns golos por isso), mantendo um critério que parece mais ajustado a um criativo do que a um jogador de primeira fase de construção. Para além disso, está a meu ver ligado aos dois golos sofridos, saindo precipitadamente da linha defensiva no 1º golo, e demorando demasiado tempo a posicionar-se para fazer cobertura a Sulejmani, no 2º. Apesar destes pontos negativos, é claro, marcou um golo, e foi também dos jogadores mais influentes, quer em posse, quer em termos de intervenção defensiva.

Enzo Perez - Tal como Markovic, teve uma função diferente com e sem bola. Com bola, porém, apresentou-se sempre com grande liberdade, o que aproveitou para garantir um grande envolvimento no jogo ofensivo da equipa, tal como Fejsa e Matic. A sua entrega e presença nos diferentes momentos do jogo são já uma imagem forte da equipa e com o envolvimento nos dois primeiros golos acaba por justificar, a meu ver, o principal destaque entre todas as exibições individuais da equipa.

Gaitan - Teve uma acção decisiva no segundo golo e obviamente que a sua qualidade não passou despercebida também noutras ocasiões do jogo. No entanto, não me parece ter sido das exibições mais conseguidas nos últimos tempos, primeiro porque tardou em conseguir entrar no jogo, mas sobretudo pela forma como perdeu concentração e critério assim que a equipa ganhou vantagem no marcador. Creio mesmo que terá sido por essa perda intensidade e lucidez decisional que Jesus terá optado pela sua substituição. Mesmo reconhecendo esta fragilidade do jogador, tenho dúvidas sobre essa decisão.

Markovic - Em Nápoles, e na sequência de uma grande pré-época que vinha fazendo, espantou-me a forma como subitamente teve tantas dificuldades em entrar no jogo, parecendo uma peça quase aparte da restante equipa. Por isso, o que sucedeu desta vez não foi para mim tão surpreendente, e mostra como apesar de todo o talento, Markovic é ainda um jogador em formação. Ganhou muito quando na segunda parte Jesus o encostou à direita, não que isso tivesse implicado um grande protagonismo no jogo, mas simplesmente porque a partir dessa posição conseguiu uma integração colectiva lógica e não apenas correndo quase sempre sem sentido.

Lima - Teve uma actuação díspar em termos de zona de intervenção. Conseguiu utilidade e eficácia quando se ofereceu como apoio em fases mais atrasadas do jogo ofensivo, e perdeu inspiração e lucidez quando o teve de fazer mais próximo da área adversária. O problema é que é neste segundo capítulo que a equipa verdadeiramente precisa dele. Têm sido muitas as criticas à sua falta de golos (a meu ver precipitadas, como venho escrevendo, até porque ignoram o contributo que já deu em termos de assistências) e isso pode estar a afectar a sua confiança. Apesar dessa presença modesta no último terço, acabou por ter uma participação decisiva no golo de Rodrigo, sendo a sua antecipação no jogo aéreo que cria o desequilíbrio na defesa belga.

Sulejmani - Teve um impacto decisivo no jogo, com a assistência para o último golo, e já antes havia proporcionado a Luisão uma finalização em zona privilegiada. No entanto, e à margem deste "totobola de 2ªfeira", acho muito questionável que se opte por Sulejmani em vez de Gaitan num jogo desta importância. No segundo golo do Anderlecht, poderia ter tido outra resposta defensiva, mas acho excessivo que seja responsabilidade numa situação onde foi deixado bastante isolado perante o lateral direito belga.

Rodrigo - Depois do golo na Madeira (1ªjornada), desperdiçou 7 ocasiões claras de golo, o que como sempre é fatal em termos de crítica para um avançado. À oitava foi de vez e Rodrigo voltou a marcar. Parece-me importante - e repito esta ideia - que seja capaz de ser protagonista com tanta frequência neste tipo de ocasiões, porque a eficácia acabará mais tarde ou mais cedo também por favorecê-lo e quando isso acontecer, Rodrigo voltará a ser uma figura importante na capacidade concretizadora da equipa.

Ivan - Pouco tempo em campo.

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