14.4.10

Benfica - Sporting: Um jogo de 2 andamentos

ver comentários...
A diferença entre as 2 metades. Talvez seja este o dilema do jogo. Aimar? É a explicação mais fácil e, como não podia deixar de ser, aquela que mais adeptos colheu. Mas alguém contou o número de vezes que o argentino tocou na bola até ao primeiro golo? Provavelmente não. Jesus retirou importância ao impacto da substituição. Eu concordo. Aliás, como concordo com Carvalhal quando focou a eficácia como elemento chave. Certo. Tudo somado, porém, ganhou quem mereceu, porque se o Sporting mostrou qualidades, também ficou claro que continua a léguas do Benfica. Vamos ao resto...

A minha explicação
Então o que explicou a óbvia diferença de rendimento entre as duas partes? Na minha opinião, apenas uma diferença de rendimento naquilo que cada equipa se propôs fazer. Tão simples quanto isto. Enquanto que na primeira parte, o Benfica quis jogar mas acumulou erros técnicos e perdas, na segunda, esteve mais confiante e certo na primeira fase de construção. O mesmo se pode dizer do Sporting. Ou seja, a intensidade com que pressionou na primeira parte não apareceu no período em que mais precisava. Confiança, concentração e inspiração. Pode-se falar de táctica, estratégia ou opções, mas sem estes ingredientes... nada feito. Quanto a Aimar, a sua entrada representou um acréscimo de qualidade. Óbvio. Mas Aimar entrou para jogar ao lado de Cardozo e não teve uma participação muito intensa até ao primeiro golo, pelo que me parece francamente exagerado apontar a sua entrada como a chave da diferença entre as duas metades.

O pressing e o risco: semelhanças e diferenças
Uma semelhança no jogo: ambas as equipas alicerçaram grande parte da sua estratégia num pressing que impossibilitasse o adversário de jogar. E ambas o fizeram bem.

Uma diferença no jogo: enquanto que o Sporting lidou com o pressing, evitando o risco da perda e jogando longo, o Benfica tentou forçar a saída. E neste risco se definiu o tal balanceamento do jogo, tão diferente de uma parte para a outra. Quando o Benfica tremeu, não conseguiu jogar e permitiu que o Sporting actuasse repetidamente em transição. Quando se saiu bem, conseguiu o domínio territorial que tanto ambiciona, asfixiando o Sporting. Há um pormenor que não evito focar. Na primeira parte, o Benfica recorreu diversas vezes a Javi e o Sporting encontrou nesse ponto uma referência para o pressing. Na segunda, abusou de David Luiz e este abusou do risco. Abusou, podia ter-lhe saído mal... mas não saiu. Não saiu porque é um jogador absolutamente fantástico, que assume por vezes riscos exagerados – é verdade – mas que também tem capacidade para assumir mais riscos do que os outros. E, provavelmente, se não os tivesse assumido, se os tivesse delegado de novo em Javi, o domínio não tinha sido tanto e a segunda parte tinha sido menos diferente da primeira.

A justiça e a eficácia
O Benfica ganhou bem. Pelo domínio que conseguiu na segunda parte e pela diferença que mostrou em termos qualitativos. Particularmente com bola, é uma equipa com outras rotinas e outra confiança para jogar. O Sporting, tendo crescido de forma assinalável em várias vertentes, não tem ainda a capacidade do seu rival para rapidamente criar soluções de passe e desafiar as zonas de pressão que lhe são colocadas. E isto fez toda a diferença no jogo.

Sem prejuízo do que afirmo no parágrafo anterior, há que dar também razão a Carvalhal e à sua valorização da eficácia. A verdade é que, sendo melhor, o Benfica não usufruiu de grandes oportunidades, construindo a sua vantagem nas suas primeiras ocasiões da segunda parte. No futebol, como em quase tudo, o factor sorte é decisivo para o sucesso, e, neste caso, o Sporting poderia ter tido sucesso com um pouco de sorte. Bastaria, por exemplo, um pouco – pouquinho – da sorte que o mesmo Carvalhal teve com o Marítimo neste mesmo estádio...



Ler tudo»

AddThis