12.4.10

Real Madrid - Barcelona: Um "clásico"... pouco "super"

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Desilusão talvez seja um termo forte para tanta qualidade. Ainda assim, para mim, faltou-lhe sal. Todos projectavam o domínio da componente ofensiva do jogo. De parte a parte. Era óbvio, tão óbvio... que não se confirmou. A verdade é que o jogo se decidiu nas duas únicas oportunidades da primeira hora. Uma surpresa. Levou a melhor o Barcelona porque foi mais concentrado e eficaz nesse período e porque foi, aí sim, bem melhor depois. Tudo somado, e parece estranho, era do Barcelona que esperava mais.

Pressing, a força dominante
Não se pode falar em modelos idênticos, mas há algumas coisas que aproximam as 2 equipas do ponto de vista táctico. Sem bola, ambas fazem do pressing e da defesa alta um meio para a ambicionada recuperação. Ora, esse foi o elemento dominante na primeira parte. Intensidade, pouco tempo e pouco espaço. Ambas responderam com as armas que tinham. Ou seja, trabalhando a posse de lado do Barça, e esticando mais o jogo do lado do Real. Nenhuma esteve brilhante e nenhuma conseguiu, realmente, vencer o pressing.

O jogo táctico
Houve algumas nuances interessantes no jogo. Pellegrini pareceu preocupado com Alves e com a largura à direita. Tão preocupado que colocou Marcelo colado à linha, com ordem para não fechar por dentro. Um posicionamento estranho, que ofereceu mais espaço na zona central e que se tornou especialmente inútil quando Guardiola optou por começar com Puyol na lateral.

Mais à frente, Ronaldo apareceu sistematicamente sobre a esquerda. Outra condicionante importante. É certo que o português rende mais a partir desse lado, mas também é um facto que era aí que o Barça contava com as suas mais fortes individualidades. Se em vez de Piqué, Ronaldo tivesse encontrado mais vezes Milito em duelos individuais, talvez o Real tivesse um pouco mais de hipóteses...

Barça quase bloqueado
Um dos aspectos que mais espantou foram as dificuldades do Barça em ter a bola na primeira parte. Mérito do Real, que conseguiu uma primeira parte de grande intensidade táctica e que, diga-se, se viu a perder de forma algo cruel. Mas, também, fica a sensação de que algo não correu bem no Barcelona. Talvez demasiadas ausências e demasiadas mexidas sejam a justificação para uma perda de velocidade na circulação. Uma ideia que ganha força com o enorme crescimento verificado com Iniesta em campo. Isto, mesmo contando que a cabeça do Real já não era a mesma nesse período.

Bola nas costas
Chegamos ao vídeo e às jogadas do jogo. Praticamente todos os desequilíbrios resultaram de bolas colocadas nas costas das defesas. Uma consequência normal da forma como as equipas defendem e, também, um tipo de jogada que já várias vezes aqui tenho abordado.

Antes de mais, convém referir que é muito complicado defender tão longe da baliza e que poucas são as defesas que mantêm uma performance elevada nesse comportamento. Sobretudo contra equipas destas. O fora de jogo pode ser uma arma táctica fantástica, mas é também difícil de operacionalizar com qualidade. Já agora, convém não confundir o que é jogar em linha com meio campo nas costas e jogar em linha em cima da grande área. São coisas completamente diferentes.

Entre as jogadas em análise, há alguns aspectos que quero destacar:
- Falta de concentração no primeiro golo. O desequilíbrio acontece à frente da defesa, com Xabi Alonso a ficar perante Messi e Xavi. A origem está no posicionamento demasiado largo do bloco do Real, mas, principalmente, na reacção que ambas as equipas têm a uma falta assinalada. O Barcelona marca rápido e parte para uma combinação que está perfeitamente sistematizada. O Real, por outro lado, fica a protestar e perde o tempo de pressing. Um exemplo da importância de estar sempre ligado durante o jogo.

- Liberdade sobre Xavi. Todos os lances do Barcelona resultam de passes de Xavi. Para jogar alto é preciso uma linha defensiva muito organizada e concentrada. Certo. Mas não basta. É preciso também condicionar o passe. Se o jogador que vai fazer o passe tiver espaço para definir o tempo da jogada, dificilmente deixará de ter sucesso. Naturalmente, com um jogador como Xavi esse tempo torna-se bem reduzido, mas isso não invalida alguma aparente falta de preparação da parte do Real.



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