20.4.10

Académica - Benfica: estatística individual

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O exercicio – laborioso – a que me propus foi fazer um levantamento estatistico individual do jogo de Coimbra. Os resultados são interessantes e, sobretudo, elucidativos em vários aspectos.


Estatísticas colectivas
Para começar, em termos colectivos, fica clara a qualidade invulgar do futebol da Académica. Sem ter tido o domínio territorial durante grande parte do jogo, mesmo assim, é assinalável que tenham sido os ‘estudantes’ quem mais passes realizou (340 contra 311) e, mais ainda, quem melhor % de sucesso conseguiu (76% contra 72%). Isto, contra uma equipa altamente pressionante e bem mais dotada tecnicamente, como é o caso do Benfica. Esta é uma marca clara do invulgar trabalho de André Villas Boas na Briosa.

Se o jogo não parece ter sido resolvido pela qualidade da posse, parece claro que foi resolvido pela capacidade de desequilíbrio. Entre os desequilíbrios ofensivos, contam-se 7 do lado encarnado para apenas 1 da Académica. Isto, apesar das tentativas de remate terem sido idênticas de ambos os lados (11). Fica claro, portanto, o impacto da componente individual na definição do jogo.


O radical Di Maria
Em vários aspectos foi o pior do jogo. Incomparável nas perdas e nos passes errados. Pouquissimas intercepções (4). O outro lado da moeda foi, claramente, a sua capacidade de decisão. 2 desequilíbrios ofensivos que resultaram em 2 assistências para golo. Não fora este pequeno pormenor, teria sido o pior estatisticamente. Sendo assim... foi um dos melhores. É assim o futebol.


Aimar vs Martins
Curioso o impacto do número 10 que, julgo, foi determinante no balanceamento do jogo, antes e depois do minuto 56, em que entrou Carlos Martins. Até aí, Aimar era o jogador mais influente do jogo, com 31 passes completados, apenas 4 errados e ainda 13 intercepções. A partir daí, Martins baixou enormemente a percentagem de passe (16 em 25 tentados), mas destaca-se também a sua muito menor participação em termos de trabalho, com 1 só intercepção. Para além disto, acumulou ainda 2 perdas, enquanto que Aimar não havia concedido nenhuma nos 56 minutos a 10. Em cima de tudo

isto, e a favor de Martins, está o seu pontapé ao poste, constituindo um desequilíbrio ofensivo que Aimar não conseguiu no tempo que esteve na posição. Ainda assim, fica claro em termos estatísticos como é diferente ter Aimar ou Martins na posição mais influente do modelo.


David Luiz vs Sidnei
Outra diferença muito grande entre as estatísticas individuais por posição é na zona central da defesa encarnada. David Luiz foi avassalador em termos de intercepções, mas se é normal ver um central liderar esta estatística, mais estranho é a diferença que consegue em relação a Sidnei. Mais do dobro (28 contra 13). O único ponto onde David Luiz ficou a perder em relação a Sidnei foi nas perdas de bola, acumulando 3 contra 1 do seu parceiro. No que respeita à percentagem de passe, a diferença é também sintomática e que reveladora das discrepâncias entre os dois jogadores neste plano. 75% para David Luiz e 59% para Sidnei.

Nuno Coelho, o relógio
A eficácia é o que se pede a um “pivot” defensivo e, nesse aspecto, Villas Boas não pode estar mais satisfeito com Nuno Coelho. 97% de aproveitamento no passe (apenas 1 perdido em 35), 20 intercepções e nenhuma perda de bola. Do outro lado, já agora, referência para Javi Garcia. Beneficiou de alguma dificuldade da Académica em pressionar a sua zona e conseguiu também números muito interessantes, com 89% de sucesso no passe, 21 recuperações e 2 perdas. Ainda assim, não deixa de ser notável que Nuno Coelho tenha tido melhor aproveitamento do que Javi.


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