5.4.10

As emoções de Carvalhal

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Começa por revelar a sua humildade e gratidão para com o clube. Depressa, porém, entra num outro patamar sentimental. Para sarar algumas feridas no orgulho, puxa pelos galões do seu trabalho, ao mesmo tempo que recorda as dificuldades do mesmo. O próximo passo leva-o um pouco mais além em terrenos de amargura, ao confessar-se consciente de que tem o grupo do seu lado. O último degrau desta viagem sentimental dá-se com a repetição da profecia de um título para breve e... de preferência em Portugal.

Da gratidão a uma espécie de vingança, em poucos minutos, na mesma conversa. Um rodízio emocional que, bem vistas as coisas, é tudo menos surpreendente.



Carvalhal: Afinal quem sai por cima?
Para o resto do mundo, Carvalhal era um treinador sem créditos, demasiado marcado pelos falhanços recentes. Mas Carvalhal era, claro, bem mais do que isso e quem o reconhecia tinha motivos para acreditar num bom percurso. A começar pelo próprio. Carvalhal terá feito do Sporting um objectivo pessoal, e empenhou-se em mudar um destino que lhe parecia traçado desde a primeira hora. Sabe-se agora que não o conseguiu. Que as adversidades acabaram por ser mais fortes em momentos marcantes do seu percurso e que isso se revelou, afinal, decisivo.

É de tudo isto que resulta o misto sentimental de Carvalhal. Ou seja, da gratidão pela oportunidade, passando pela frustração do desfecho, até à necessidade de provar a injustiça do destino que lhe foi traçado. Compreensível.

Na verdade, há pouco de factual que sustente com firmeza o trabalho do treinador. Resultados, isto é. Com Carvalhal, o Sporting não fez um grande percurso no campeonato, foi eliminado com a expressividade que se sabe das taças internas e, na Europa, não foi também capaz de corrigir a época com uma grande campanha. Para quem acompanhou o processo, porém, fica claro que havia pouco mais que Carvalhal pudesse fazer. As melhorias no futebol praticado, a recuperação do entusiasmo e empatia com a bancada são, desde logo, méritos que não eram óbvios perante tantas adversidades. O seu trabalho não está concluído, falta a sempre importante última impressão, mas Carvalhal tem tudo para sair reforçado de Alvalade. Será mesmo quem mais poderá ficar a ganhar com esta inesperada relação.


Sporting: O bom sinal de Bettencourt
O Sporting decidiu bem. Carvalhal foi, como destaquei na altura, uma opção surpreendentemente positiva. Esta pouco óbvia e sagaz escolha é, aliás, a grande fonte de esperança que dá a liderança de Bettencourt. Escolher bem é, e foi sempre, o grande segredo do sucesso para qualquer direcção. Ora, se o Presidente leonino tem vacilado noutras áreas, nesta, tão importante, deu indicações surpreendentemente positivas.

Se prescindir de Carvalhal é a opção correcta? Bom, como sempre afirmei, uma substituição só se completa com a entrada de alguém. Neste sentido, a avaliação da decisão só pode ser feita depois de se saber que solução terá Bettencourt para apresentar. Ficamos, portanto, à espera do que está para lá dos rumores.



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