6.4.10

Naval - Benfica: Valha-nos a emoção...

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Não há melhor motivação para a memória. A emoção. É por isso que esta, entre todas, será das vitórias mais fáceis de recordar pelos adeptos encarnados quando tiverem de olhar para trás, para a liga 09/10. Não pelo elevado número de golos e muito menos por um brilhantismo que, do ponto de vista técnico, não existiu. Será sempre pela sensação vivida e pela libertação de um receio que subitamente se agigantou com aquela entrada alucinante e inesperada. A emoção é o que marcará a lembrança deste jogo. Ainda bem, porque pouco mais trouxe de recomendável...

Os deuses devem estar loucos!
A primeira parte é digna de um filme. Um Benfica a entrar mal em todos os momentos do jogo, punido severamente por um inspiradíssimo avançado peitudo. Fábio Júnior. Mais um pára-quedista que nos vem provar a infinidade do potencial do futebol brasileiro. Não foi só pelos lances dos golos, mas bater David Luiz em potência e fazer Maxi parecer um veterano a pedir a reforma, no mesmo jogo... não é para todos.

Naval: O “autocarro”... afinal o que é isso?
A película não acaba aqui. É fácil elogiar a reacção encarnada, mas, do meu ponto de vista, há bem mais demérito da Naval no que se assistiu. Inácio deixou transparecer alguma satisfação por não se poder identificar na Naval a famosa estratégia do “autocarro”. Eu pergunto, o que é afinal isso do “autocarro”?! Será que uma equipa que encaixa 4 ou 5 golos deve ser elogiada em relação a uma outra bem mais eficaz defensivamente?! É de mim, ou isto não faz sentido nenhum?!

A Naval baixou, encostou-se à sua área e não pressionou a primeira fase de construção do Benfica. Utilizando um verbo que se adequa e, no caso, encaixa especialmente com o nome: a Naval afundou. Tacticamente, isto é. Mas esse não foi o problema. O problema é que, mesmo perante um Benfica bem mais errático que o costume, a defesa figueirense foi um autêntico passador. Quando tinha tudo para conseguir um resultado épico, a equipa errou de forma sucessiva e primária, abrindo o caminho à reviravolta.

Em suma, não há nada de errado em perder com uma equipa amplamente superior. Muito menos, em escolher-se o caminho que se acha mais adequado para levar os seus objectivos a bom fim. O mesmo já não se pode dizer, porém, da forma quase amadora como se deitou fora uma vantagem tão preciosa como improvável. Quanto à reacção de satisfação posterior pela suposta ausência de “autocarro”, errado é uma classificação que me parece simpática. E prefiro não me alongar na escolha de um melhor adjectivo...

Benfica: A reviravolta e... quase nada
Os elogios ao futebol do Benfica, da minha parte, começaram cedo e foram-se alongando pela época fora. A qualidade não se perdeu, ainda que tenha caído com mais frequência nos últimos tempos. Neste jogo, no entanto, encontro mesmo poucos motivos para elogios. Talvez mesmo, o pior da época. O modelo táctico é excelente, claro, e não mudou. A qualidade individual existe, mas, salvo raras excepções, não se sentiu. De resto... quase nada.

A entrada foi horrível. Quase todos os jogadores falharam passes, muitos deles na primeira fase de construção e nem a defender estiveram dentro dos parâmetros normais. Mesmo depois do empate, a Naval voltou a conseguir ter lances de enorme perigo. Na altura do 2-3, aliás, era a Naval quem parecia mais perto. Valeu um momento de inspiração (notável!) de David Luiz e a intervenção do melhor do Benfica, Di Maria, para um golo muito importante . Foi a partir daí, e em particular na segunda parte, que o Benfica, conseguiu, finalmente, controlar o destino do jogo. Isto, apesar das facilidades que, como já referi, lhe foram concedidas.

Parece preocupante...
Para o jogo de Liverpool: Parece preocupante alguma sobranceria da equipa nas entradas dos jogos, levando a um número atípico de erros. Parece preocupante não ter Saviola. Parece preocupante ter um Aimar num momento de forma muitíssimo distante do que se lhe viu fazer em grande parte da época. Parece (sobretudo!) preocupante que Jesus tenha utilizado o final do jogo para antecipar uma desculpabilização de um mau jogo que, afinal, ainda nem sequer aconteceu.



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