Esse lance foi também um prémio que o Sporting não mereceu. Tal como há uma semana, assistiu-se a um Sporting muito abaixo do esperado. Muito abaixo do que já fez no passado e com bem menos soluções. Novamente, houve problemas de exibições individuais catastróficas, mas, desta vez, encontro outros factores com mais relevância para a incapacidade leonina. Começando pelo golo madrugador e o seu efeito imediato. Passando por uma abordagem táctica estranha e errada de Paulo Bento no primeiro tempo. Terminando com as dificuldades que o Twente causou no segundo tempo, fechando-se bem e sendo mais do que suficiente para uma equipa sem inspiração nem capacidade para, nesta altura, derrubar muralhas defensivas como aquela que o Twente apresentou.
O golo madrugador
O Sporting voltou a entrar de forma catastrófica. A primeira jogada do jogo voltou a contar com erros leoninos e por pouco não teve efeitos vinculativos ao próprio destino da eliminatória. Teve no jogo. Na sua totalidade, mas especialmente nos minutos em que se seguiram, onde o Twente conseguiu aproximar-se da baliza com grande regularidade. Sobre o golo em si, destaco 2 aspectos. Primeiro, na origem da jogada do canto, Veloso perde uma primeira bola aérea por falhar, sozinho, o tempo de salto e ver passar a bola para trás de si. Depois, no canto, fica-me a pergunta sobre para que serve marcar individualmente se não se usa o contacto físico para impedir que o adversário ataque a bola à vontade. Perder o lance é admissível. Fazê-lo sem, sequer, perturbar o adversário é que não...
4-3-3?!
O desnorte da equipa nos últimos jogos parece ter passado para o próprio treinador. Pelo menos é isso que se retira da opção táctica no primeiro tempo. A utilização de Djaló teve um carácter estratégico, que provavelmente pretendia dar maior agressividade ao lado esquerdo do seu ataque. Para isso o jovem avançado foi colocado numa posição de extremo, com uma missão diferente de um médio interior do losango, quer a atacar, quer a defender. Um dos objectivos aparentes era subir a linha de pressão naquela zona, por onde o Twente recorrentemente tentava sair. Obviamente, não resultou. A pressão foi desorganizada, e várias vezes ineficaz. A consequência foi um trabalho redobrado para Veloso e Moutinho. Este último, aliás, foi enorme na capacidade que teve para corrigir todos os problemas provocados por esta situação.
Espanta-me que Paulo Bento tenha optado por uma opção tão especifica e que tenha abdicado daquela que foi, afinal, a identidade ele próprio soube construir no Sporting. Pena que ninguém tenha questionado o treinador sobre qual o propósito desta opção. Se de carácter específico ou algo que tenha a ver com alguma ideia para o futuro...
Matías Fernandez e a posição 10... de novo!
O chileno executou bem. Decidiu bem. Com o tempo certo. E, no entanto, não conseguiu ter uma actuação positiva. Pode parecer paradoxal, mas tem a ver com a pouquíssima influencia que o chileno teve no jogo. De novo. É um problema que já me parece evidente desde o primeiro teste de pré época e que se tem prolongado no tempo, com grande prejuízo para o Sporting. Repito, de novo. Não me parece, pelo passado, que Paulo Bento consiga mexer nas rotinas de forma a integrar melhor Matias. E não me parece que o próprio se vá adaptar facilmente, sendo para já mais um problema do que uma solução. A única solução (prática) que vejo é tentar Matias como interior. E, diga-se, o chileno tem uma qualidade individual rara, como talvez não haja no futebol português...
O presente e o futuro
Pego nas palavras de Paulo Bento no final. Referiu que, por vezes, é preciso ser capaz de “ganhar com o coração”. É verdade. Mais, é bom quando o “coração” chega para garantir resultados nos maus momentos. O que é mais fundamental ainda e deve ser a preocupação do treinador do Sporting é devolver à equipa organização e qualidade colectiva. Porque, obviamente, não haverá “coração” que chegue para o nível que o futebol do Sporting vem apresentando.
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