O relvado como condicionante
Campo duro, com características próximas de pelado. Mais difícil colocar a bola no chão, mais difícil jogar em apoio. As duas equipas respeitaram essa condicionante desde o primeiro segundo, percebendo a ameaça do pressing nestas condições. 2 diferenças fundamentais na primeira parte. A primeira, a referência de passe. A Fiorentina buscando sempre o “pivot” Gilardino para depois sair a jogar. Raramente o conseguiu. O Sporting alternando mais, mas com os olhos sempre colocados na profundidade. A segunda diferença foi a que mais favoreceu o Sporting. Tem a ver com o espaço e com o posicionamento das equipas em campo. Mais baixo o Sporting e, por estranho que pareça, isso... foi favorável. Teve mais espaço para o estilo de jogo praticado por ambas as equipas e, por isso, apesar do jogo ser equilibrado, foi sempre o Sporting quem mais ameaçou. A eficácia não foi a ideal para um jogo tão exigente, mas foi, pelo menos, suficiente para sair a ganhar ao intervalo.
Vantagem perdida
Volto a referir este aspecto. As equipas italianas são aquelas que melhor reagem mentalmente às incidências do jogo e aquelas que mais jogam em função do resultado. E isto nada tem a ver com jogo defensivo, como se teima em confundir. A reacção da Fiorentina era, por isso, óbvia. Prandelli juntou a esta característica a irreverência e talento de Jovetic e a capacidade do Sporting foi verdadeiramente posta á prova. Sem possibilidade para se impor pela posse, seria necessário ser forte no último reduto, ser capaz de sofrer. A Fiorentina entrou forte, com 2 ou 3 jogadas de qualidade e ameaçou. O Sporting deixou de controlar o adversário, mesmo tendo tido também as suas chegadas perigosas onde, novamente, não teve a eficácia necessária. O preço pagou-se no talento de Jovetic, na sequência da má leitura de Carriço que saltou algo fora de tempo e transformou um corte, num desvio prejudicial. Ainda havia tempo, mas não houve capacidade para furar um bloco agora mais baixo, nem com um jogo mais apoiado (o campo não o permitia), nem mais físico (onde os italianos levavam vantagem). Foi fundamental para a Fiorentina ter baixado o bloco logo após o golo, ao contrário do que havia sucedido no primeiro tempo.
A crise
Fosse este um jogo descontextualizado do cenário actual e não viria mal ao mundo. Na situação que se vive, no entanto, tudo se complica pelo peso de mais um resultado adverso. A minha visão, no entanto, mantém-se simples e distante de dramatismos circunstanciais, típicos destas fases. Ou seja, o Sporting tem reais possibilidades de ser mais competente do que no ano anterior e um sério candidato a vencer qualquer competição interna. Não o é ainda, mas está bem mais próximo de o ser do que no final da eliminatória com o Twente. Aliás, dá a ideia de que o Sporting está a pagar o preço de evoluir em competição.
Os problemas já os identifiquei e repito-os. A evolução deverá passar por tentar recuperar níveis de organização e eficácia defensivos (em organização e bolas paradas), de acordo com o que foi apanágio durante os últimos anos. Se o conseguir, o Sporting voltará a ser competente. Este é, nesta altura, o aspecto essencial. Depois, há uma oportunidade clara de ser mais forte do que no passado. Veloso está num momento absolutamente fantástico e Matías Fernandez é uma injecção de qualidade inegável. São mais valias claras em termos individuais em relação ao ano anterior. Em termos colectivos, há o aspecto da organização ofensiva que deve ser, na minha opinião, trabalhado. Tudo isto, claro, só será possível dependendo dos índices de estabilidade e confiança existentes. Para isso, as vitórias são absolutamente fundamentais...
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