Empates e poucos golos
Não é propriamente novidade numa liga com uma das médias de golos mais baixas do mundo e, logicamente também, com um elevado número de empates. Mesmo tendo em conta esta tendência de há muito, e faltando ainda um jogo para terminar a ronda, porém, dá para dizer que esta primeira amostra de 09/10 foi tudo menos promissora. 6 empates em 7 jogos, com uma média inferior a 1,3 golos/jogo (nenhum teve mais do que 2). Tenho uma explicação que entendo ser lógica para esta situação. Talvez mais tarde a debata com maior detalhe, mas para já fica a nota que, mesmo em Portugal, vai ser difícil de bater este registo da jornada inaugural.
Nacional – Sporting: desilusão... mutua
Na Choupana confirmou-se a fase de mutação táctica leonina, evidenciada na primeira parte do jogo frente ao Twente. Tenho dificuldade em perceber esta mudança, nesta altura, e não tenho dúvidas que isso está a retirar qualidade a este Sporting que, afinal, não é tão estável como parecia. Mas falarei deste particular mais tarde.
Sobre o jogo, e mais concretamente, importa destacar a desilusão que representaram as prestações de ambos os conjuntos. Qualquer 1 sentirá que a equipa do ano anterior teria vencido o jogo sem problemas.
Começando pelo Sporting. No 4-3-3 (mais precisamente 4-2-3-1) já referido a equipa assumiu um domínio que lhe foi, em boa parte, consentido. É verdade que muito raramente sentiu dificuldades em controlar o espaço nas suas costas, mas denotou uma dificuldade aflitiva nos lances de bola parada. É verdade que não foi uma equipa incisiva no último terço – de novo – mas dificilmente não teria vencido o jogo com outra capacidade neste aspecto defensivo. De positivo, fica a reacção da segunda parte, onde, em boa verdade, facilmente poderia ter chegado ao 1-2 na recta final da partida.
Se o Sporting está uns bons furos abaixo do que se viu no passado, o que dizer do Nacional? A estratégia do costume, os mesmo métodos, com referências homem e ajustes tácticos ao adversário (notório nas substituições reactivas de M.Machado). O Nacional tinha tudo para vencer o jogo, uma vez conseguida a vantagem. O Sporting estava mal e expunha-se. Mas não. A equipa nunca foi capaz de explorar a profundidade e, à margem dos tais lances de bola parada, apenas conseguiu aproveitar um lapso de Polga/André Marques. Defensivamente, o problema de sempre. Bloco muito baixo, mas com dificuldade em ter eficácia quando o adversário se movimenta e faz aparecer elementos surpresa no ataque. O problema de quem joga demasiado centrado num “encaixe” individual. Os madeirenses estão ainda longe do que fizeram no ano anterior e, para já, fazem muita falta Alonso, Nené e, também, Mateus.
Paços – Porto: dificuldades esperadas e...potenciadas
Depois da Supertaça ficava fácil prever um jogo muito complicado para o Porto na Mata Real. O Paços seria o mesmo, sim, mas o problema em controlar o espaço seria agora muito menor. Tudo se confirmou e, pior para os portistas, ficou ainda mais difícil com as incidências do jogo. A eficácia nas bolas paradas neste campo é, mais do que em qualquer outro da liga, fundamental e foi o Paços quem dela beneficiou. Mais tarde, a expulsão de Hulk. No fim, tudo junto, pode dizer-se que o empate foi, de facto um mal menor para o Porto.
Sobre os campeões nacionais, é até escusado reforçar o que já venho dizendo desde o primeiro jogo. Esta é uma equipa em formação, que tem ainda vários aspectos que a distanciam do rendimento ideal. Consequências do defeso. Dificilmente os ‘dragões’ terão jogos potencialmente tão complicados como o da Mata Real (será uma dos campos mais difíceis este ano), mas têm no tempo um risco evidente. Quanto mais demorar a afinação, mais pontos estarão em causa na maratona da Liga. Nota para Falcao. O golo que marcou, revelando grande capacidade no jogo aéreo, é uma imagem de marca do colombiano. Esperem por mais deste tipo...
Benfica – Marítimo: a diferença da competição
Tenho pouco a dizer sobre um jogo do qual vi pouco. Já o disse, espero muito deste Marítimo, onde Carvalhal tem tudo para triunfar. Por isso, e apesar do Benfica 09/10 não me oferecer quaisquer dúvidas, este era um jogo particularmente interessante e potencialmente complicado para os encarnados – não haverá visitantes muito mais dificeis neste campeonato.
Sobre os 25 minutos finais, único período que acompanhei, posso apenas referir o que foi óbvio para todos. Domínio avassalador do Benfica, muito dinâmico e imaginativo, tendo feito muito e bem, se tivermos em conta que jogava perante um bloco muito denso e fechado. Não deu para vencer mas, por esse período, foi apenas por falta de felicidade.
Não sei se foi por estar ainda pouco afinado, faltando ainda ver a equipa com peças que se pensam ser preponderantes, mas foi para mim evidente que o Marítimo se encolheu em demasia neste período, permitindo que o Benfica fizesse o primeiro passe sem pressão, e numa zona demasiado alta. Diria que jogou uns 20 metros atrás do que deveria ter acontecido.
Para o Benfica, nada de particularmente preocupante por um primeiro resultado menos conseguido. Ainda assim, para quem tinha dúvidas, fica bem claro. Mesmo sendo os adversários menos fortes, em competição, há outra resistência e, logicamente, outra dificuldade.
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