O fosso qualitativo é, por isso, crescente e surje sobretudo porque os recursos são cada vez menores no fundo da tabela. O lado positivo está nos treinadores. O futebol português tem evoluído muito neste campo e o insucesso dos estrangeiros que cá têm trabalhado é o reflexo desse upgrade nos líderes de equipas. O facto de não haver estrangeiros a orientar alguma das equipas neste inicio de época é, no fundo, o reflexo desta evolução.
Aqui fica um breve comentário, em antevisão, de cada um dos concorrentes em 09/10:
O título
Porto – Novo ano e, de novo, perdas importantes. De novo, a responsabilidade é enorme sobre Jesualdo Ferreira. As expectativas são sempre elevadas, quer a nível interno, quer europeu e para o treinador as “baixas” individuais não servirão de atenuante depois do que foi conseguido em anos anteriores. Repetindo uma ideia que já defendi, a competência não está em causa, apenas a excelência. E é esse o desafio que, mais uma vez, Jesualdo tem de percorrer para chegar aos níveis de sucesso pretendidos.
Sporting – É um caso estranho no arranque. Tem tudo para ser um candidato dificil de bater. Porque mantém a estrutura, porque fez um bom registo pontual no anterior e com muitos problemas internos e, finalmente, porque acrescentou qualidade individual à sua primeira linha. O ponto negativo, no entanto, são os péssimo indícios dados na pré época. Se o Sporting recuperar a sua identidade será, sem dúvida, um forte candidato. Se não, terá graves problemas.
Benfica – Não há muito para acrescentar depois de todas as análises que já foram feitas. Essencialmente, é seguro que vamos ter um Benfica colectivamente mais interessante e melhor. O sucesso é outra questão. Porque não depende só da performance encarnada e porque não há só uma competição.
O 4º lugar
Nacional – Dificil será fazer melhor ou mesmo igual. Manuel Machado não deverá deixar de compor uma equipa “chata” para os grandes e capaz de pontuar com muita regularidade, quer fora, quer dentro. Nesta perspectiva, o Nacional manter-se-á previsivelmente como um candidato sério à Europa. O problema, no entanto, é substituir elementos com o peso de Nené e Alonso no onze base...
Braga – A nível de campeonato, o Braga tem todas as possibilidades de fazer melhor. Tanto mais agora estando fora da Europa. Domingos parece-me uma boa aposta, mas dificilmente terá capacidade de reproduzir a qualidade do modelo de Jesus. Talvez possamos ter um Braga em crescendo, devendo-se salientar, de novo, a capacidade que os arsenalistas têm de compor planteis mais fortes de ano para ano.
Marítimo – Carvalhal é um dos treinadores a quem reconheço mais potencial para atingir o patamar dos grandes num futuro próximo. No entanto, não tem sido capaz de convencer com regularidade ao nível dos resultados. Este ano tem tudo para o fazer e será mesmo decisivo que o faça. Dele espero um bom modelo, inteligente, perspicaz e, consequentemente, competente. Tudo o que não seja lutar pelo 4º lugar é de menos.
Guimarães – A equipa está individualmente mais forte, Isso parece-me claro. O que se viu na pré época, no entanto, reserva algumas dúvidas sobre a qualidade colectiva. É possível que seja um Guimarães próximo ao da época anterior. Talvez sem tantos momentos maus...
Em fuga
Leixões – Não penso que possa ser um Leixões fraco. Mas dificilmente contará com um período tão forte como os primeiros meses da época passada. Na altura referi que o sucesso se devia, em grande parte, ao peso técnico e táctico de Wesley, não sendo possível o impacto desta “peça” por um 9 clássico. A ideia confirmou-se e, este ano, mesmo tendo em conta que há algumas individualidades que podem constituir sensação, a época Leixonense dificilmente poderá voltar a fazer sonhar com a Europa.
Setúbal – A grande aposta foi no treinador, Azenha. E, na verdade, só ganhando essa aposta o Setúbal pode fazer uma boa época porque o plantel, apesar de uma ou outra mais valia individual, foi construído com muitas dificuldades. Ainda assim, acredito na competência do ex-adjunto de Jesualdo e, sobretudo, acho muito difícil que o Setúbal possa jogar tão mal como no ano anterior...
Belenenses – Difícil é não fazer melhor. O Belém parte com a aposta em João Carlos Pereira, bem melhor do que os equívocos óbvios da época passada. De resto, há mais valor individual suficiente para, dentro do nível da liga, montar uma boa equipa.
Académica – Pode ser uma das maiores quedas qualitativas do campeonato, mesmo que tal não aconteça no imediato. A saída de Domingos deverá ter um peso assinalável e não vejo muito acerto na aposta em Rogério Gonçalves.
Rio Ave – Não será tão difícil como o inicio de época em 08/09 mas também é muito improvável que seja tão simples como o final. O crescimento no anterior deveu-se, em grande medida, ao impacto de Yazalde e Coentrão. Sem eles novas dificuldades virão...
Naval – Se Ulisses repetisse o ano anterior seria excelente. Não será fácil. Muito dependerá, aliás, da qualidade dos incógnitos reforços que os figueirenses garantiram. De resto, parece-me um candidato claro a uma época sofrida...
Paços Ferreira – A Mata Real é um ponto a favor. Mas, sendo uma equipa sempre candidata a sofrer, e mesmo tendo perdido Rui Miguel, o Paços pode ter como ponto a favor a adaptação que já existe às ideias do treinador. E sabe-se como a equipa cresceu no ano passado à medida que essa integração se foi consolidando...
Olhanense – O primeiro escalão pode ser um choque para esta equipa. Jogava muito aberta na II Liga e isso é normalmente inviável no patamar de acima. Da capacidade se adaptar a esta nova realidade dependerá o sucesso desta equipa que tem, diga-se, alguns elementos de grande qualidade para o nível desta liga.
Leiria – “Engatar” numa fase final no segundo escalão é uma coisa. Outra, completamente diferente, é ser capaz de responder à altura durante toda a “maratona” da I Liga. Honestamente, duvido muito que Manuel Fernandes consiga ter uma época tranquila e isto leva-me ao pensamento inevitável de que o Leiria é um dos candidatos ao sofrimento. Evitar este cenário só será possível com um super rendimento de algumas individualidades até agora desconhecidas.
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